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Um CD para celebrar os 90 anos do maestro soberano

publicado: 01/10/2017 00h05, última modificação: 30/09/2017 14h19
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O álbum “maestro soberano” tem a participação de Ivan Lins, um herdeiro da riqueza harmônica do homenageado - Foto: Felipe Varanda/Divulgação

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Linaldo Guedes

Se estivesse vivo, Tom Jobim, o “maestro soberano”, nas palavras de Chico Buarque, estaria completando 90 anos neste 2017. Infelizmente, quase não vimos referência a essa data tão marcante para a cultura, para a música brasileira e mundial. Uma das poucas exceções veio dos músicos Paulo Malaguti e Augusto Martins, que estão lançando o CD “Piano, voz e Jobim”, com a participação de Ivan Lins, em todas as plataformas digitais.

Augusto Martins e Paulo Malaguti são duas referências em termos de qualidade e critério musical. A ideia de fazer essa homenagem a Tom Jobim surgiu porque ambos são grande admiradores do maestro. “Achamos que é o que de mais importante existe na música brasileira. Já havíamos feito vários shows com esse duo homenageando Tom. Ao nos darmos conta dos 90 anos de seu nascimento concluímos que era a hora de levar isso pro estúdio”, conta Augusto em entrevista exclusiva ao jornal A União.

Os arranjos do disco são do Paulo Malaguti. “A cumplicidade e a estrada que temos juntos com esse e outros trabalhos determinou o resultado final. Foi tudo feito de forma muito intensa, emocional, mas com o olhar do Tom quanto ao jamais exagerar. Ele era o compositor das notas certas e do silêncio certo também”, contou.

O critério na escolha das músicas foi mais afetivo, com as canções que emocionavam mais aos artistas e que já funcionavam nos shows que eles faziam. Nos arranjos, buscaram o que seria uma linguagem deles mesmo. Inovando sem perder a essência, mas com o olhar de ser algo com assinatura própria. “Sempre privilegiando o “menos é mais”, que de certa forma é um jeito também jobiniano de fazer música”, ressaltou Augusto Martins.

Sobre a participação de Ivan Lins, Augusto lembra que ele é também um ícone da música brasileira, um herdeiro da riqueza harmônica e melódica de Tom Jobim. “Ele mesmo já tinha dedicado um CD ao mestre chamado “Jobiniando”... O Ivan já era admirador do meu trabalho e do trabalho do Malaguti. Já havia inclusive me dado de presente uma canção inédita pra gravar no meu terceiro CD”, revelou, citando a música “Carta de Adeus”, de Ivan Lins e Paulo César Pinheiro.

No disco, Augusto Martins procurou deixar se destacar o seu jeito de cantar, com seu timbre característico. “O cantor homem anda escasso na música brasileira nos dias atuais. Temos muitos cantautores. Mas o cantor, por excelência, temos poucos”, avalia. Entre as faixas do disco, duas mexem mais com Augusto: Sabiá e Estrada do sol.

Em relação à importância do legado musical de Tom Jobim, Augusto é enfático: “Acreditamos firmemente na eternidade da obra do Tom. O tempo dirá. Eu, particularmente fiquei um pouco decepcionado com o pouco que se fez pra celebrar esses 90 anos. Tom levou e leva o Rio de Janeiro e o Brasil para os quatro cantos do Planeta... Acho que o destaque deveria ter sido maior”.

O disco traz músicas como: Estrada do sol, Chovendo na roseira, Sabiá, Demais, O grande amor, Amor em paz (com Ivan Lins), O morro não tem vez, Luiza, Eu te amo, Derradeira primavera, Retrato em branco e preto, Sem você, Insensatez, Se todos fossem iguais a você e Água de beber.

Augusto Martins é cantor e compositor de música popular brasileira, nascido em 1969, no Rio de Janeiro. Em sua discografia estão: “Felizes trópicos”, “Samba Popular Brasileiro”, “No meio da banda”, entre outros. Também carioca, Paulo Malaguti (conhecido como Paulinho Pauleira) nasceu em 1959 e é compositor e arranjador. “Larga do meu pé, bossa nova”, lançado em 2011, é seu álbum mais recente. O show de lançamento do CD foi na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira, dia 28. Não há, por enquanto, previsão de apresentação na Paraíba.

Sobre Tom Jobim

Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1927, e morreu em Nova Iorque, em 8 de dezembro de 1994. Foi compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone e um dos criadores e principais forças do movimento da bossa nova.

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