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Literatura

Um clássico para todos

publicado: 01/06/2023 10h16, última modificação: 01/06/2023 10h18
Programação da Semana Cultural Zé Lins terá o lançamento de uma versão em Braille de ‘Fogo Morto’, obra-prima do escritor paraibano, 80 anos depois da publicação original
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Capa da versão em Braille de ‘Fogo Morto’, produzida pela Imprensa Braille do Jornal A União, da EPC, em parceria com a Funesc - Foto: Evandro Pereira
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Museu José Lins do Rego abre, a partir de hoje, a exposição gratuita Zé Lins, a Paraíba em sua obra, baseada nas comemorações das oito décadas do lançamento original do romance - Foto: Evandro Pereira
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Foto: Evandro Pereira
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Foto: Evandro Pereira
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por Lucilene Meireles*

O livro Fogo Morto, de José Lins do Rego, será lançado numa edição especial em Braille, na próxima quarta-feira (dia 7), às 10h, numa parceria entre a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) com a Imprensa Braille do Jornal A União/Empresa Paraibana de Comunicação (EPC). A transcrição para o Braille é de Hanna Pachu e a revisão, de Otto de Sousa. A iniciativa faz parte das comemorações do 122º aniversário de nascimento do escritor, dentro da programação da 41ª Semana Cultural Zé Lins, que começa hoje, e é alusiva também aos 80 anos da primeira edição do clássico, lançado em 1943.

Imortalizado por obras como Menino de Engenho, José Lins do Rego é ainda tema da exposição Zé Lins, a Paraíba em sua obra, que será aberta hoje, às 9h, no hall do museu, no Espaço Cultural que leva o nome do homenageado, em João Pessoa. A programação é gratuita e aberta ao público, seguindo, amanhã, às 9h, com contação de história com a artista Clara Anzolin, no Teatro Santa Catarina, em Cabedelo. No próximo sábado (3), haverá visitação guiada ao Museu José Lins do Rego, que fica localizado no Espaço Cultural.

A diretora do Museu José Lins do Rego, Maria do Carmo Diniz, explica que a exposição foi organizada baseada nas comemorações dos 80 anos de Fogo Morto, considerada a obra-prima de José Lins do Rego. A mostra é toda focada nesse romance.

Para a edição especial comemorativa da obra, o revisor em Braille da EPC, Otto de Sousa, fez toda uma leitura atenta do livro. “Além de conhecer melhor a obra, é muito importante poder fazer a revisão para o lançamento da edição em Braille, tendo em vista a importância da leitura”, declara. Ele ressalta que são sete volumes somando quase 800 páginas das 350 originais, porque a escrita em Braille ocupa um espaço maior do que a escrita comum. O processo de revisão durou mais de um mês porque é preciso fazer toda a leitura e estar atento a cada detalhe.

Hanna Pachu fez a transcrição do livro para Braille. “Eu pego o livro original em tinta e faço a transcrição dele. Coloco no programa do Braille e vou fazendo os ajustes necessários para a formatação do livro sair fiel. Pelo Braille ter o relevo dos pontos, nós não conseguimos fazer um único volume porque fica muito extenso e não daria certo nem em espiral. É indicado também, pelas normas da ABNT do Braille, que um material não pode passar de 130 páginas. Por isso, o volume Fogo Morto em Braille ficou em sete volumes”, explica.

Todo o trabalho, entre transcrição e revisão, durou cerca de dois meses. Hanna Pachu ressalta que o trabalho do revisor é fundamental, corrigindo os erros como parágrafos onde não deveria haver a impressão de um caractere errado ou um a mais. “É um processo bem árduo, mas de essencial importância. Sempre frisamos a importância de trazer a consciência da necessidade de incluir e dar acesso à leitura e à escrita Braille, que é muito importante, o principal meio de leitura do deficiente visual”.

Ela acrescenta que é preciso ampliar levar esse tipo de material para as bibliotecas públicas e particulares darem mais acesso à informação de forma acessível. Os planos da EPC são de expandir esse trabalho, inclusive o próprio Fogo Morto em Braille para outras bibliotecas.

Conquista

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Museu José Lins do Rego abre, a partir de hoje, a exposição gratuita Zé Lins, a Paraíba em sua obra, baseada nas comemorações das oito décadas do lançamento original do romance - Foto: Evandro Pereira
“A edição em Braille é uma grande conquista. É o primeiro livro traduzido em Braille que vai ser lançado pela Funesc e EPC”, frisa Maria do Carmo Diniz. “Entre os convidados, focamos nos deficientes visuais e estamos muito animados com essa conquista. Espero não ficar só em Fogo Morto, que possamos traduzir outros romances em Braille. Essa fase nova que estamos vivendo da acessibilidade ajuda no crescimento do Museu. O deficiente visual chega aqui e agora vai ter acesso aos textos do livro Fogo Morto. É muito gratificante essa conquista”, aponta a diretora do Museu José Lins do Rego.

A gestora acrescenta que, no Museu, existe uma exposição permanente, que inclui o gabinete e uma mobília do Engenho Corredor, e há também mesas expositoras que não são permanentes. É nelas que estão os exemplares de Fogo Morto, desde a primeira edição. Há também uma edição escrita para teatro, por W.J. Solha, baseada em Fogo Morto, além de edições em outros idiomas.

José Lins do Rego Cavalcanti nasceu no dia 3 de junho de 1901, em Pilar (PB), e morreu em 12 de setembro de 1957, no Rio de Janeiro. Filho de João do Rego Cavalcanti e Amélia Lins Cavalcanti, ele foi criado no Engenho Corredor, de propriedade do avô materno, que o criou em razão da morte precoce de sua mãe.

O escritor consagrou-se como romancista da decadência dos senhores de engenho e como mestre do regionalismo. Em 1953, publicou seu último romance: Cangaceiros. Tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1956 e, no mesmo ano, publicou Meus Verdes Anos, seu livro de memórias. Faleceu aos 56 anos, vítima de um problema hepático.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA 41ª SEMANA CULTURAL JOSÉ LINS DO REGO

QUINTA-FEIRA (DIA 1º)

  • 9h - Abertura da exposição ‘Zé Lins, a Paraíba em sua obra’
  • Local: Hall do Museu José Lins do Rego (Espaço Cultural), em João Pessoa

 

SEXTA-FEIRA (DIA 2)

  • 9h - Contação de histórias sobre a vida de José Lins do Rego, com Clara Anzolin
  • Local: Teatro Santa Catarina, em Cabedelo

 

SÁBADO (DIA 3)

  • 9h às 17h - Visitação guiada ao Museu José Lins do Rego
  • Local: Museu José Lins do Rego (Espaço Cultural), em João Pessoa

 

QUARTA-FEIRA (DIA 7)

  • 10h - Lançamento da edição especial de ‘Fogo Morto’ em Braille, uma homenagem aos 80 anos do livro de José Lins do Rego
  • Local: Hall do Museu José Lins do Rego (Espaço Cultural), em João Pessoa

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 01 de junho de 2023.