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Um rapaz latino-americano

publicado: 24/05/2024 09h21, última modificação: 24/05/2024 09h21
O musical “Belchior – Ano Passado Eu Morri, mas Esse Ano Eu Não Morro” revisita vida e obra de um ícone
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Pablo Paleólogo, também cantor e compositor, interpreta Belchior no espetáculo que percorre o país desde 2019 | Foto: Divulgação

por Sheila Raposo*

O cantor e compositor Belchior visita João Pessoa mais uma vez — em forma de tributo, claro. Desta vez, em versão musical: Belchior – Ano Passado Eu Morri, mas Esse Ano Eu Não Morro, em apresentação única, no Teatro Pedra do Reino, na noite desta sexta-feira, às 21h. Ingressos custam entre R$ 35 e R$ 120.

"Acho que Belchior ressurge porque estão precisando ouvir coisas que não estão sendo ditas"
- Pablo Paleólogo

Dirigido por Pedro Cadore, o espetáculo conta com o também cantor e compositor Pablo Paleólogo, no papel de Belchior, e o ator Bruno Suzano, que dá vida ao “cidadão comum” — uma presença constante nas canções do cearense, representando, de certa forma, o seu alter ego. Ao palco, a dupla apresenta não apenas a música do ícone da MPB, mas também a sua poesia e filosofia.

“Levar ao palco a essência do Belchior, um cara de inteligência além da média, tão particular, tão sensacional, tão cheio de nuances, demanda um trabalho constante”, ressalta Paleólogo. Ele conta que até mesmo o sotaque do artista foi alvo de sua preocupação, durante a preparação para vivê-lo. “Ele era nômade, né? Viveu em vários lugares, então eu não queria de forma alguma que ficasse caricato”, diz.

A narrativa do espetáculo, construída por Pedro Cadore e Cláudia Pinto, promove uma imersão na mente do artista, a partir de trechos de entrevistas suas. Mais do que fazer uma retrospectiva da vida de Belchior, a peça é um convite para conhecer a sua filosofia e explorar as suas letras e pensamentos. A intenção, segundo Cadore, é tanto proporcionar uma experiência nostálgica aos fãs quanto apresentar a poesia única do compositor a quem ainda não a conhece.

BELCHIOR – ANO PASSADO EU MORRI, MAS ESSE ANO EU NÃO MORRO – O MUSICAL
- Texto: Cláudia Pinto e Pedro Cadore. Direção: Pedro Cadore.
- Hoje, às 21h
- No Teatro Pedra do Reino (Rod. PB-008, Km 5, s/nº, João Pessoa)
- Ingressos: R$ 120 (plateia/ inteira), R$ 60 (plateia/ meia), R$ 35 (balcão/ preço único), antecipado na plataforma Sympla.
- Classificação indicativa: Livre.

Tributos

“Acho que Belchior ressurge porque a pessoas estão precisando ouvir coisas que não estão sendo ditas. As suas canções foram escritas na década de 1970, mas até hoje são necessárias. Além disso, a obra dele é apaixonante, sabe? Ele mesmo era um cara muito apaixonante. É impossível cruzar com ele e dizer não”, avalia Paleólogo, ao discorrer sobre a onda de shows e tributos em nome do cearense.

E não somente Belchior. Ao observar uma onda em torno da música brasileira produzida entre as décadas de 1970 e 1990, o ator acredita que a ausência de uma cena musical mais abrangente, que não seja tão orientada pelo sucesso fácil, acaba levando as pessoas a uma espécie de saudosismo em relação a esse período. “Temos muitos artistas sensacionais, com trabalhos belíssimos, mas que não chegam ao grande público. Colocar o pessoal pra pensar não é do interesse dos grandes meios”, argumenta.

Mesmo assim, ele diz que fica muito emocionado ao ver tanta gente jovem na plateia do espetáculo. “Isso me dá esperança, pois a gente tem a música mais linda do mundo, extremamente respeitada no exterior, e por que não respeitá-la aqui também, por que esquecer os artistas que foram os pilares da nossa cultura? Tem espaço para tudo, não podemos apagar essa história”, defende.

Para Paléologo — que adoraria ter feito esse espetáculo com Belchior vivo —, a importância de um artista como o cantor e compositor cearense se agiganta com o passar do tempo porque ele sentia realmente o que estava cantando. “Ele dedicou a sua vida ao texto da música, ao que a letra estava dizendo, e acho que essa é uma das coisas mais sensacionais dele”, acrescenta.

Cinco anos em cartaz

Iniciada em 2019, no Teatro João Caetano (RJ), a trajetória do espetáculo já cativou mais de 40 mil espectadores, em casas de espetáculo de todo o Brasil. Agora, com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, via Lei Rouanet, e o patrocínio exclusivo da Infraero Aeroportos, a turnê percorre diversas cidades brasileiras, como Brasília, Vitória, Salvador, Belo Horizonte, Recife, João Pessoa, Maceió, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.

Para acompanhar a atuação dos artistas, o espetáculo conta com uma banda ao vivo, composta por Emília B. Rodrigues, Rico Farias, Sílvia Autuori e Thomas Lenny, que recriam sucessos marcantes como “Alucinação”, “Apenas um rapaz latino-americano” e “Coração selvagem”, entre outros clássicos da obra de Belchior.

Através do link, acesse o site de venda de ingressos

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de maio de 2024.