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Uma viagem no tempo através das crônicas

publicado: 04/01/2024 09h00, última modificação: 04/01/2024 09h00
Hoje, no Centro Histórico da capital, escritor e jornalista Sérgio Botelho lança a coletânea ‘Memórias da Cidade de João Pessoa’
Sérgio Botelho - Foto Paulo Bandeira Divulgação.jpg

Nas 150 páginas da obra, cada crônica possui uma fotografia correspondente ao assunto do texto, a maioria registrada pelo próprio autor e pelo fotógrafo Paulo Bandeira; edição será a primeira de uma coleção de crônicas protagonizadas pela cidade de João Pessoa - Imagem: Ideia/Divulgação

por Guilherme Cabral*

Quarenta e três crônicas integram o livro Memórias da Cidade de João Pessoa (Ideia Editora, 150 páginas, R$ 50), que o jornalista e memorialista paraibano Sérgio Botelho lança hoje, a partir das 18h, na cafeteria Bistrô 17, localizada no Centro Histórico da capital. A obra tem o prefácio assinado pelo poeta, crítico literário e escritor Hildeberto Barbosa Filho, faz um mergulho, inclusive com fotografias coloridas, nas raízes e na evolução dessa que é considerada a terceira capital mais antiga do Brasil, fundada em 5 de agosto de 1585, com o nome de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves.

“Tenho uma queda e um interesse pela cidade de João Pessoa, onde nasci em fevereiro de 1950 e morei até os 16 anos de idade, na Rua Arthur Aquiles, que foi um jornalista e grande combatente pela liberdade de imprensa, localizada no Centro Histórico. Naquela época, cheguei a andar de bonde e essa memória afetiva me estimulou a lançar esse livro, cujo objetivo também é preservar esse registro em textos e fotos para mostrar a cidade para as novas gerações, mas que ainda seja material de pesquisa para estudantes e universitários”, disse Botelho.

O autor começou a produzir crônicas sobre a cidade no ano de 2010. “Naquela ocasião, eu passei a escrever esses textos, que publiquei em A União, com o objetivo de cobrir as férias, no jornal, do grande e querido jornalista Martinho Moreira Franco, que morreu em 2021, aos 74 anos de idade. Algumas crônicas dessa época eu selecionei e incluí nesse que é meu segundo livro, depois de atualizá-las. O resto das crônicas escrevi a partir de 2017 para cá e, mais assiduamente, praticamente todos os dias, até julho de 2023, que foram reproduzidas no site Polêmica Paraíba e em meu site, o Para Onde Ir”, afirmou o jornalista. Cada crônica tem uma fotografia correspondente ao texto, a maioria registrada por ele e outras pelo fotógrafo Paulo Bandeira.

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Entre as mais de 40 crônicas do livro, Botelho selecionou e atualizou algumas que ele publicou no Jornal A União; o escitor aborda os mais variados aspectos locais, desde a gênese cultural até as personalidades que marcaram a cidade, passando por suas construções e logradouros históricos - Foto: Paulo Bandeira/Divulgação

“Diferente de outras capitais litorâneas, a cidade de João Pessoa não começou pelo mar, mas pelo Rio Sanhauá, localizado no Bairro do Varadouro, no Centro Histórico. E a partir dali, com o tempo, a cidade foi subindo até chegar na praia, mas isso só veio a acontecer em 1920, 1930, com a abertura da Avenida Epitácio Pessoa, pois, até então, só havia colônia de pescadores, como a de Tambaú, na área litorânea. O surgimento da Epitácio Pessoa contribuiu para o aparecimento de bairros, como Miramar, na década de 1950, Tambauzinho e de outras avenidas, como a Ruy Carneiro”, explicou Sérgio Botelho.

O memorialista, que também vem publicando, nos últimos seis meses, crônicas diárias sobre a capital paraibana em seu perfil no Facebook, observou que no livro a sua abordagem começa no Rio Sanhauá, no Centro Histórico, e se estende até a Praça João Pessoa, área onde ainda fala a respeito do antigo prédio do Jornal A União, que foi demolido para ser construída, no local, a sede da Assembleia Legislativa da Paraíba, o prédio do Tribunal de Justiça do Estado, além da Igreja de São Francisco, o conjunto do Mosteiro de São Bento e a Lagoa do Parque Solon de Lucena, entre outros pontos. “Abordo, na obra, os mais variados aspectos locais, desde a gênese cultural até as personalidades que marcaram a cidade, passando por suas construções e logradouros históricos. Essas crônicas acabaram se transformando no alicerce deste livro”, comentou o autor.

“No livro, ainda registro outras áreas da cidade, como a Ladeira de São Francisco, a Rua Visconde de Pelotas, a Rua General Osório, antiga Rua Nova, e a Rua Direita, hoje Duque de Caxias. Mas na ora também há curiosidades, como a construção mais antiga da cidade, que é a Igreja da Misericórdia, que é de pedra calcária e permanece com suas mesmas feições arquitetônicas desde que foi construída, no final do século 16”, disse ele.

Já Hildeberto Barbosa, que falará a respeito do livro no lançamento, ao se referir à obra, postou em seu perfil no Facebook: “O reencontro do autor com seu chão de origem é uma espécie de revisitação histórica, de enamoramento renovado, de reverência espiritual, de possibilidade poética. Tudo, na perspectiva do olhar ecológico, cultural e artístico. Tudo, sem desviar-se aos apelos de uma economia criativa, ao valor e ao significado do patrimônio, tangível e intangível, que confere sagração a seu tempo e a seu espaço”.

Sérgio Botelho considera a obra “uma viagem no tempo, um convite para explorar as camadas de histórias que compõem essa cidade fascinante”. Esse livro é o primeiro de uma série que ele pretende publicar sobre a capital, mas ainda não sabe quantos volumes terá. “Já tenho mais de 160 crônicas escritas sobre temas variados, como bares, festas profanas e religiosas, figuras folclóricas e populares, como Mocidade e Vassoura, mas ainda vou escolher o que vou publicar”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 04 de janeiro de 2024.