Lucas Silva - Especial para A União
O Urso Amigo Batucada além de ser uma brincadeira é também um grupo de percussão sócio cultural e de arte educação que envolve o som dos brincantes”, comentou o presidente do atual campeão de bloco carnavalesco da capital, categoria urso, Dal Zapata.
O bloco, que sai na Av. Duarte de Silveira no Centro de João Pessoa amanhã, promete levar brincantes do Carnaval e participantes do bloco a um tremendo frenesi cultural. O horário de início da atividade está previsto para acontecer a partir das 18h com a Batucada Nova Liberdade. Entretanto, apenas às 20h o Urso Amigo Batucada mostra seu vigor ao público.
Os preparativos para o grande dia começaram logo após as festividades de fim de ano. Com ensaios e arrastões musicais, os integrantes se preparam nas ruas do bairro do Rangel para que todos possam pegar o pique do Carnaval.
Durante o desfile do bloco, farão parte da batucada 50 integrantes na percussão e mais 20 brincantes, somando um total de 70 pessoas que passaram na avenida animando o público que estará assistindo nas arquibancadas. Entre os personagens que tem destaque na noite, fora o urso, estão inclusos os burrinhos, o estandarte principal e palhaços.
Atualmente, a segunda-feira de Carnaval por ser um dia que leva muitas pessoas as ruas da capital o Urso Amigo Batucada tem um grande destaque e causa expectativas em quem o vê e em seus integrantes. “Pra mim o importante é divulgar a cultura popular paraibana, mas claro que nas crianças cria-se uma expectativa natural”, explicou Dal Zapata.
Já os figurinos e acessórios utilizados são criados em sua grande maioria com materiais recicláveis. Dentre eles podemos destacar palha, papel, papelão, garrafas plásticas e lona.
Por ter um âmbito educacional, são disponibilizadas ao público em geral 22 atividades como, por exemplo, circo, teatro, artes marciais, capoeira, futsal, vôlei, dança de salão, percussão, violão, entre outras. O projeto e bloco chama a atenção de jovens e crianças da comunidade ao qual ele faz parte devido ao seu leque de oficinas.
“As oficinas estão tão presentes na vida de seus participantes que Vitor Cesar que cresceu conosco hoje é oficineiro. Ele mesmo que desenvolve a roupa do urso”, disse Dal.
Recentemente, o grupo ocupa o Centro de Juventude do Rangel, onde é pensado e desenvolvido o trabalho educacional. Além do envolvimento dos próprios jovens, os arte-educadores que compõem o corpo docente estão sempre fazendo acompanhamento das crianças nas escolas que elas estão matriculadas.
“Por termos muitas escolas nas redondezas, sempre estamos averiguando a situação das crianças que fazem parte do projeto para que elas não percam rendimento dentro da sala de aula. Porque além de desenvolver o lado lúdico, queremos que elas aprendam tudo que lhe é passado em sala de aula pelos professores”, comentou o organizador do grupo Dal Zapata.
Fundado em 2008, pelo atual presidente Dal Zapata, o grupo envolvido e engajado em desenvolver o trabalho artístico e cultural já possui oito anos de história que são traduzidas através de atividades educativas no bairro do Rangel. Toda brincadeira surgiu atrás da ideia de criar um ambiente em que as crianças pudessem ter envolvimento com o campo artístico.
“Por nascer e crescer na comunidade do Rangel eu sabia as carências delas e pelo urso ser uma brincadeira infantil fiquei fascinado por aquilo. Então em cima disso eu queria desenvolver uma nova roupagem para ele. Daí surgiu o Urso Amigo Batucada”, disse o presidente do bloco Dal Zapata.
Logo após sua fundação, Dal por ser percussionista executava os ensaios da batucada na quadra próximo ao Centro de Juventude fazendo de certa forma uma promoção do urso. Além disso, ele passava nas escolas convidando as crianças a participarem dessa nova empreitada.
Segundo Dal Zapata, em 2008 foi difícil haver uma disseminação de informação, porque tudo era feito por ele mesmo, mas com o passar dos anos pessoas referências do bairro começaram a associar o nome do projeto com o dele e assim a ideia se espalhou. “Hoje os jovens e crianças que fazem parte do grupo conseguem desenvolver seus próprios trabalhos”, completou.
Hoje, participam do grupo cerca de 300 jovens ativamente, entre meninos e meninas. Porém no período carnavalesco a ajuda e engajamento da comunidade chegam a reunir 800 pessoas no geral.
“Sempre existe aquele processo de transição, no qual os meninos entram e saem do projeto, mas quando se fala em Carnaval, todo mundo se ajuda”, comentou Dal Zapata.