Lucas Silva - Especial para A União
"Sem sombra de dúvidas, os jornais paraibanos circulantes nos anos 70 foram essenciais para fomentar o movimento cultural de histórias em quadrinhos. Sem eles, jamais os quadrinhos da Paraíba teriam conseguido se popularizar e ganhar fama pelo Brasil”. Afirmou o quadrinista Emir Ribeiro em entrevista ao jornal A União que está lançando sua coletânea com 43 anos da personagem Velta e mais uma revista chamada ‘Dois Super Heróis – Velta/Raio Nefro’.
Impressa em outubro do ano passado, seu mais novo trabalho intitulado de ‘Dois Super Heróis Brasucas – Velta/Raio Negro’, conta com a participação de três personagens criados pelo quadrinista no decorrer de sua carreia. Além de Velta, que é personagem principal, a revista ainda traz Raio Negro, Homem de Preto e Nova, justiceiros que combatem o crime em sua cidade.
Já a coletânea de Velta dá continuidade às republicações de antigos HQs que saíram em jornais da Paraíba. São 100 páginas com diversas histórias que fizeram sucesso entre os leitores de quadrinhos na segunda metade dos anos 70. Algumas das tirinhas que fazem parte da coletânea foram resgatadas do complemento dominical chamado de “Pirralho”, cujo fazia parte das publicações do Jornal A União escrito em 1976.
Surgida na época do governo militar - embora este não sendo o foco, era fazer um contraponto com os HQs convencionais já criados na época, inserindo uma personagem mulher para quebrar paradigmas. “O homem era o herói e dificilmente encontrávamos uma mulher como protagonista. E o fato dela estar sempre com roupas curtas era uma maneira de afrontar a censura era ferrenha”, explicou Emir Ribeiro.
Com escrita e desenhos sendo feitos a mão, até a algum tempo, Emir Ribeiro cria suas histórias seguindo seu bom senso. Na verdade, sua linha de pensamento bastante simples. “Às vezes eu planejo ou acontece de ir criando na hora”, comentou Emir.
O cartunista Emir Ribeiro disse ainda que, tentou fazer tudo ao contrário. O único aspecto que ele não manteve na personagem foi fazer com que se parecesse uma mulata tipicamente brasileira.
Com nome verdadeiro de Kátia Maria Farias Lins ou conhecida como Velta entre seus leitores, a loira é residente da cidade de Belo Horizonte. Com mais de dois metros de altura, sua profissão era detetive particular. Além de ter uma vida eletrizante, Velta tinha poderes especiais, como dispara raios bio-energéticos sob forma luminosa, corrente elétrica ou explosiva, por qualquer parte do corpo. Além de ter regeneração celular acelerada e alta imunidade às doenças. Pele resistente ao calor.
Usada como cobaia da experiência de um inescrupuloso extraterrestre de quem salvou a vida, Kátia é modificada geneticamente por uma máquina mental, que a permite, quando quiser, se transformar numa loura gigante que dispara raios pelo corpo.
“Quem entrar em seu universo vai ver que ela tem uma personalidade aventureira, forte e independente e que domina, como ninguém, as artes marciais. Amada por seus admiradores e odiada por seus inimigos, a loira vem combatendo o mal desde muito tempo”, comentou Emir Ribeiro.
Para 2016, Emir pretende ainda lançar mais revistas de sua personagem principal. “Eu tenho muitas histórias em casa, preciso apenas lançá-las afinal o vício continua”, disse o quadrinista.