O contrabaixista Xisto Medeiros vai apresentar hoje o seu terceiro disco solo: Baile do Pandeiro. A apresentação gratuita será na Sala Vladimir Carvalho da Usina Energisa, em João Pessoa, a partir das 20h. Haverá a participação especial do Quinteto da Paraíba, grupo no qual o músico paraibano é membro. A realização é do Sindifisco-PB.
Já nas plataformas digitais de música, o trabalho reúne cinco canções, sendo quatro inéditas, compostas em parceria com o escritor e poeta piauiense Acilino Madeira, além do clássico ‘Acauã’, de Zé Dantas (1921-1962), em homenagem ao centenário de nascimento do compositor parceiro de Luiz Gonzaga (1912-1989). A música já estava gravada pelo Quinteto da Paraíba e o violonista Nicolas Krassik, com arranjos do contrabaixista, desde agosto o ano passado, e foi incluída no novo álbum.
“Para incluir essa música no disco, dei uma incrementada na sonoridade, para manter a unidade com as demais quatro músicas, e, além das cordas do Quinteto e do solo do violinista Krassik, chamei o pianista Helinho Medeiros para tocar sintetizador, toquei o baixo com jeito funkeado e convidei a cantora pernambucana Flaira Ferro e Guegué Medeiros, com sua panelinha percussiva”, comentou o músico.
Na sua carreira, Xisto já vinha fazendo parcerias com poetas desde o final dos anos 1990 até culminar com o seu primeiro disco, Prana (2010). “Desde 2005, eu venho desenvolvendo esse trabalho de parceria com Acilino Madeira”, disse ele. “A poesia de Acilino tem uma rítmica muito forte. Sempre me cativa muito o que ele escreve, pois já se tem a cadência rítmica, uma pulsação. Isso pode ser um baião, uma ciranda, um funk, enfim: tem algo ali, no que ele escreve”. Além dessas características, há a afinidade com a amizade. “Você vai entendendo mais o outro”, resume Medeiros.
Uma das “provocações artísticas” proporcionadas pelo amigo piauiense que Xisto frisou foi a realização de ‘A Flor do Gol’, uma alusão ao livro homônimo de outro poeta: Sergio de Castor Pinto, canção que Acilino Madeira insistiu para ser um samba.
Para ‘O Vestido de Jemima’, que é uma ciranda no qual Medeiros canta com o maestro Spok (como é mais conhecido o pernambucano Inaldo Cavalcante de Albuquerque), partiu do livro A Ilusória Geometria da Insanidade, cuja uma cópia foi deixada na casa do músico. “Da metade para o final estava lá esse poema, ‘O Vestido de Jemima’. Quando cheguei no momento desse poema, li de cima a baixo, só fiz pegar o violão e já veio a ciranda”, relembrou ele. A canção também é outra homenagem, nesse caso à amiga deles, a professora da UFPB Jemima Marques de Oliveira, uma figura festiva que organizava projetos como o bloco Violão da Madrugada, do Bar do Baiano, que morreu em 2014, aos 49 anos.
Também no tom de celebração, a canção ‘Oh! Salve a Rainha’, que no disco tem as participações especiais da cantora paulista Vanessa Moreno e do pianista paraibano Salomão Soares, e é uma homenagem para a capital paraibana, “mas sem precisar mencionar o nome de João Pessoa”, explicou Xisto Medeiros.
Já a música que batiza o álbum é uma homenagem a Jackson do Pandeiro (1919-1982), que nasceu para concorrer, em 2019, ano do centenário de nascimento do “Rei do Ritmo”, no Festival de Música da Paraíba, no qual chegou até a final. “Acho que era isto: o propósito dela não era de ganhar o festival, mas sim de existir para o que acabou provocando, que era o coroamento dessa parceria”, finaliza o músico paraibano.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de junho de 2022.