Felipe Gesteira
O segredo estava nos tomates. Ele mesmo plantava, orgânicos, sem qualquer interferência química. O molho era feito a partir do equilíbrio entre os mais doces, ácidos e amargos, com níveis de amadurecimento diferentes, todos saídos da mesma horta. O ponto de quantos tomates seriam usados e quais tipos era a chave para manter o mistério de que ali não havia cebolas, nem manjericão. Uma sinfonia composta apenas por tomates, e nada mais. Dos fundos daquela tímida cantina italiana ele festejava toda vez que se escondia para assistir ao final das refeições de seus visitantes. A cesta de pães sempre presente à mesa servia como sugestão para a avaliação final do molho. Ao terminar a refeição, o cliente quase que automaticamente pegava um pedaço de pão e passava em toda a área do prato onde houvesse molho, para que nenhuma gota fosse perdida.
A expressão italiana fare la scarpetta se refere ao hábito de aproveitar todo o molho com um pedaço de pão. É comum no mundo inteiro. Na maioria das vezes com quatro dedos, deixando apenas o mindinho de fora. Um gesto praticamente intuitivo de limpar o prato e levar à boca cada sensação acumulada entre molho e pão. Por que limitar esse hábito apenas aos molhos salgados? Com panetone doce esse feito é difícil, já que o chocolate costuma ser duro dentro do pão, ou, na melhor das hipóteses, pastoso. Isso, até então. Com o novo Panettone Língua de Gato Exagero, posso dizer, a Kopenhagen criou uma nova forma de se comer chocolate e pão.
Na última quarta-feira (29), a loja Kopenhagen de João Pessoa promoveu uma degustação para imprensa e convidados com sua linha de panetones para o Natal 2018.
Antes de provar, sabia da responsabilidade em avaliar um novo panetone doce lançado no mercado. Como não sou muito fã dos ‘chocotones’, o dever pesa mais, pois meu gosto pessoal não pode influenciar a experiência. De repente me vi ali, com o último pedaço do novo panetone nas mãos, limpando o chocolate que havia restado no prato, tal qual estivesse diante de molho de tomates e pão italiano. Acompanhado de café, foi uma sensação única. É tanto chocolate que sobra, escorre do panetone. Passa da conta? Não para quem ama chocolate.
O nome “Exagero” no novo produto da Kopenhagen lhe cai muito bem. É muito panetone (1,5kg), e muito, muito chocolate, como em nenhum outro concorrente, mais as tradicionais línguas de gato. Para quem é fã de panetone de chocolate, a marca acertou em cheio neste Natal. O Língua de Gato Exagero tem preço sugerido de R$ 119,90.
Outro lançamento para 2018 foi o Panettone Língua de Gato Avelã (900g; R$ 89,90), que entrou no lugar do doce de leite. Mais um acerto da marca. Não que o doce de leite fosse ruim, longe disso, mas era suave em demasia, passava longe do tradicional doce de leite que costumamos comer aqui no Nordeste. Neste com recheio sabor avelã, o ponto alto é o equilíbrio. Doce e cremoso na medida certa; sabor das avelãs presente, mas suave, até para quem não gosta de avelãs - descobri que há quem não goste de avelãs - aproveitar em família. Tão bom que cogito trocar a minha escolha tradicional do 70% Cacau (700g; R$ 79,90) por este.
Também provamos o Panettone Frutas coberto com Castanha de Caju (650g; R$ 79,90), que assim como no ano passado, não decepcionou. Em todos os panetones da marca chama atenção o sabor de pão caseiro. Difere daquele gosto residual dos conservantes, comum em panetones industrializados.