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Doença é caracterizada pela perda gradual de funções cognitivas, como a memória, o raciocínio e até a comunicação

60+ Cuidados e atenção redobrados

publicado: 17/09/2022 00h00, última modificação: 19/09/2022 09h08
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O Ministério da Saúde avalia que 100 mil novos casos de Alzheimer são diagnosticados por ano no Brasil - Foto: Foto: Pixabay

tags: doença de alzheimer , cuidados com idosos , 60+

por Ana Flávia Nóbrega*

 

O Alzheimer é a demência neurodegenerativa normalmente associada ao envelhecimento, que ainda não tem uma causa definida, mais comum e mais conhecida no mundo. A doença é caracterizada pela perda gradual de funções cognitivas, como a memória, o raciocínio, a concentração e até a comunicação. Em setembro, as autoridades de saúde de todo o mundo lutam pela conscientização da doença de Alzheimer. Isto porque estima-se que a cada três segundos, uma pessoa desenvolve demência no mundo.

O Dia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer, que acontece em 21 de setembro, trazendo à tona a necessidade de uma maior percepção das pessoas frente ao tema do envelhecimento e demências.

O avanço nos números preocupa a Associação Internacional de Alzheimer (ADI), que estima que o número de pessoas com a condição deve atingir aproximadamente 75 milhões em todo o mundo até 2030 em função do envelhecimento da população, configurando uma crise global de saúde. Em 2022, a campanha tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a doença e desafiar o estigma em torno da demência, sob o slogan de ‘Conheça a demência, conheça a doença de Alzheimer’, seguindo a campanha do ano passado na busca pelo diagnóstico precoce.
O Ministério da Saúde avalia que 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano no Brasil. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas.

O desenvolvimento de Alzheimer acontece quando há uma alteração no processamento de proteínas específicas do sistema nervoso central. Dessa forma, passam a surgir fragmentos de proteínas mal cortadas e tóxicas, não apenas dentro dos neurônios, mas também nos espaços entre eles. O processo de toxicidade pode gerar a perda progressiva de neurônios em regiões do cérebro, impactando no processo da memória, além de afetar o córtex cerebral, dificultando a capacidade de raciocínio, controle da linguagem, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamentos abstratos.

“Está ficando gagá/caduco?”. A pergunta é uma constante na vida de pessoas idosas que esquecem de algo ou possuem alguma dificuldade de raciocínio durante o envelhecimento. Muitas vezes, os estigmas que marcam e até normalizam a demência acabam influenciando no não diagnóstico ou diagnóstico tardio dificultando a melhora da qualidade de vida dos pacientes afetados pelo Alzheimer.

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O Ministério da Saúde avalia que 100 mil novos casos de Alzheimer são diagnosticados por ano no Brasil
A Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD), organização que visa trabalhar a conscientização sobre doenças crônicas, criou uma nova frente de trabalho com o enfoque no envelhecimento bem-sucedido e planeja diferentes ações de suporte e desmistificação do conceito de saúde após os 60 anos em todo o país. Segundo o jornalista e coordenador do núcleo de Envelhecimento Bem-Sucedido e Demências da CDD, Fernando Aguzzoli Peres, o foco é na evolução da sociedade.

“Estamos vivendo mais, e não existe melhor indicador para a forma bem-sucedida com a qual uma sociedade evolui. Porém, precisamos abandonar a imagem de que ter sucesso na forma de envelhecer é estar associado a envelhecer sem doenças ou condições crônicas. É possível envelhecer bem mesmo com Alzheimer, e isso passa por ter uma família bem assistida para enfrentar os desafios do cotidiano”, relatou o coordenador.

Sintomas e sinais ignorados podem agravar ainda mais a saúde do paciente. Por isso, autoridades de saúde indicam que exames para detecção da doença de Alzheimer seja feito de forma rotineira e não apenas com a aparição de sintomas graves.

A progressão da doença é dividida em três estágios: leve, moderado e grave. Apesar de não ter cura, quando o Alzheimer é diagnosticado e tratado precocemente, pode ser freado com medicamentos, aumentando o tempo de vida do paciente e retardando a progressão de estágio.

“Um diagnóstico precoce tem grande impacto na forma como o Alzheimer será tratado e no tempo que a família vai ter para entender os próximos estágios, estruturar sua rede de apoio e questionar as vontades da pessoa”, relatou o médico geriatra Virgílio Olsen.

Medidas precoces podem reduzir casos da doença pela metade

O esquecimento é o sintoma mais comum do Alzheimer, mas pode não estar presente em todos os casos. O comprometimento da memória, principalmente para fatos recentes, é um dos sinais mais evidentes da doença de Alzheimer, outros sintomas avaliados são a apatia, depressão, alteração na linguagem e dificuldades para realizar atividades do dia a dia.

Em quadros com estágio mais avançado, os pacientes apresentam dificuldades para elaborar estratégias, resolver problemas simples, acompanhar conversações e até na fala. Agressividade, irritabilidade, passividade e tendência ao isolamento também são comuns.

Em muitos casos, o aparecimento da doença é uma condição geneticamente determinada, mas as causas hereditárias não são o principal fator. Hábitos pessoais, fatores ambientais e doenças prévias também são investigadas como causas da doença.

Além disso, a medicina se preocupa em tratar a doença muito antes de a população pensar e se preocupar com possíveis sintomas aparentes. Mesmo sendo uma doença ligada ao envelhecimento, a qualidade de vida durante a juventude e vida adulta podem ajudar a evitar a perda das funções cognitivas e prolongar a qualidade de vida.

Medidas precoces podem reduzir até pela metade o número de novos casos de Alzheimer. São eles: Prática regular de exercícios físicos; controle de doenças crônicas, com atenção e cuidados aos problemas de colesterol e diabetes; alimentação variada, optando por nutrientes variados e alimentos diversos, como proteínas, verduras, carboidratos e fibras e outros.

limentos e ingredientes ricos em fibras, como folhas verdes e frutas, e em ômega-3 são considerados importantes no combate ao Alzheimer; socialização e interação social podem reverter os primeiros sinais de perda cognitiva.

Outros cuidados são manter a vacinação em dia, já que os imunizantes para patologias diversas impedem que o cérebro se desgaste com infecções virais e bacterianas, evitando a morte celular, que está relacionada com as condições neurodegenerativas; evitar álcool e cigarro já que as substâncias podem provocar a perda mais agressiva e rápida das funções cognitivas; estimular a mente, na chamada reserva cognitiva, com estudos, leituras, atividades e cursos diversos; e, por fim, buscar manter boas noites de sono.

Relação com a Covid-19
Nesta semana, um estudo realizado pela Case Western Reserve University, dos Estados Unidos, e publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, revelou que idosos que contraíram Covid-19 têm um risco “substancialmente maior” de desenvolver Alzheimer. A constatação preocupa as autoridades de todo o mundo na busca pela redução nos números de casos.

Segundo a pesquisa, as chances maiores são entre idosos com mais de 65 anos, com chances entre 50% e 80% de desenvolvimento. Mulheres acima de 85 anos estão mais dispostas ao quadro da doença. Para a realização da pesquisa, foram avaliados os prontuários de mais de seis milhões de pacientes que receberam tratamento contra a Covid-19 entre fevereiro de 2020 e maio de 2021.

Os pesquisadores observaram os relatos cada dia mais constantes de pacientes que se recuperaram da Covid-19 e que, agora, apresentam sintomas de esquecimento de memória recente.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 17 de setembro de 2022.