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O envelhecimento natural da imunidade é chamado de imunossenescência, que começa a partir dos 40 anos, mas se intensifica na terceira idade

Alimentação balanceada melhora a imunidade

publicado: 05/03/2022 00h00, última modificação: 29/08/2022 12h29
2022.02.23_alimentação saudavel idosos_maria alice © roberto guedes (402).JPG

- Foto: Foto: Roberto Guedes

por Sara Gomes*

 

À medida que as pessoas envelhecem acontece a perda progressiva no sistema imunológico, consequentemente, aumentando a suscetibilidade de infecções, principalmente respiratórias e doenças autoimunes. Para manter a imunidade do idoso controlada, uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos são essenciais.

O envelhecimento natural da imunidade é chamado de imunossenescência, que começa a partir dos 40 anos, mas se intensifica na terceira idade. A geriatra Januaria Medeiros explica que além da imunossenescência, há outros fatores que diminuem a imunidade no idoso, entre eles: dificuldade na absorção de nutrientes, uma produção de hormônios não tão eficiente quanto na juventude, a exemplo da vitamina D. “Por mais que o idoso tome um solzinho, ele não consegue absorver a vitamina D na pele com tanta facilidade, pois a resposta imunológica diminuiu”,
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Não é nenhuma novidade que a prática de exercícios físicos, um sono regulado e uma alimentação balanceada são hábitos saudáveis que elevam a imunidade, porém, pouco se pratica. “Uma alimentação rica em frutas, vegetais e proteínas é importante. É preferível também produtos integrais e naturais, evitando processados”, recomendou.

Existem alguns exames de laboratórios para analisar a baixa imunidade, mas na prática é possível identificá-la através dos sintomas, se há perda de peso, infecções respiratórias repetitivas, sem disposição, sedentarismo ou apresenta múltiplas comorbidades.

A idosa Betânia Polari, 76 anos, possui baixa imunidade pois apresenta múltiplas comorbidades e Alzheimer em estado avançado. “Ela tem imunidade baixa pois tem infecções respiratórias repetitivas, fazendo tratamento preventivo com seis meses de antibiótico”, além da infecção respiratória, a idosa se encontra com infecção urinária”, relatou Lucilene, sua cuidadora.

A geriatra Januaria Medeiros evidencia a importância de fortalecer o sistema imunológico do idoso, principalmente na pandemia. “Depois da vacinação, os idosos estão tendo sintomas leves de Covid-19, pois não estão evoluindo para a fase inflamatória. A vacinação não impede a doença, mas evita a evolução para casos graves. Por isso, o reforço imunológico é tão importante, já que uma síndrome gripal pode evoluir para uma pneumonia.

A nutricionista da instituição de longa permanência Vila Vicentina, Dacia Castro, explica que um fator que prejudica a imunidade é o consumo de medicamentos devido às patologias adquiridas ao longo da vida. “O uso de muitos medicamentos acaba atrapalhando a absorção de nutrientes fornecida pela alimentação, consequentemente diminui a imunidade da pessoa idosa”, declarou.

Para amenizar o impacto da ação medicamentosa na imunidade, uma dica da nutricionista é a alimentação em horários regulares, e que o horário do medicamento não seja próximo ao da alimentação. Outro ponto que deve ser levado em consideração é a mastigação dos alimentos.

“O ideal é ofertar frutas e alimentos molinhos para facilitar a mastigação, não esquecendo de lembrar também da hidratação”, orientou. A nutricionista do Vila Vicentina informa que a dieta dos idosos institucionalizados vem de uma alimentação bem variada, mas há pacientes que a dieta é bem específica. Deste modo, uma alimentação saudável consegue manter a imunidade controlada. “A prova disso é que esse verão a instituição não teve nenhum caso de gripe nem reincidente de gripe.

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Maria Alice

Dona de uma lucidez invejável, a bem-humorada Maria Alice, 91 anos, mora na Vila Vicentina há 14 anos. Apesar de ter problemas cardiovasculares e pressão alta, tem uma boa imunidade. Ela deve esse fato a boa alimentação pois gosta de comer de tudo um pouco, principalmente frutas, verduras, ovo cozido, peixe, papa de aveia e derivados de leite. Como ela está com um problema no joelho, a nutricionista elaborou uma dieta para perder peso. “Eu já perdi 3kg em um mês e meio. Como tenho 91 anos seria arriscado operar o joelho porque não tenho mais cartilagem, então é bom evitar exageros”, disse.

O que comer?
O consumo regular de frutas (laranja, tangerina, kiwi, acerola, seriguela, maçã, mamão, abacate), legumes (cenoura, chuchu, berinjela, abobrinha, abóbora, beterraba), folhosos verde escuros ( espinafre, brócolis e couve) pois são ricos em ácido fólico; e as leguminosas (feijão, lentilha e grão de bico). O ovo é rico em vitamina D, de preferência cozido. Outra recomendação são as fontes de cálcio (queijo, iogurte e leite), desde que observado a questão da intolerância à lactose, além de alimentos ricos em antioxidantes como castanha do pará, nozes, castanhas e amêndoas. O inhame e o cará são fontes de carboidratos que ajudam na imunidade,  principalmente no equilíbrio hormonal das mulheres idosas. Em relação às proteínas, a carne vermelha é rica em vitamina B12.

*Matéria publicada originalmente da edição impressa de 5 de março de 2022.