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Amor e justiça motivam os protetores de animais na PB

publicado: 20/01/2020 11h11, última modificação: 20/01/2020 11h13
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Michelle Cristina é fotógrafa, mas encontra felicidade em se doar num projeto de vida maior: dar amor e carinho a animais abandonados e maltratados - Foto: Foto: Evandro Pereira

tags: protetores de animais , direito animal , sara gomes

De diferentes classes sociais, profissões, idades, muitas pessoas dedicam seu tempo para salvar vida de bichinhos 

*por Sara Gomes

A todo instante presenciamos animais negligenciados que se alegram em qualquer demonstração de afeto ou se esquivam pelo medo de sofrer maus-tratos. O excesso de animais abandonados nas ruas é uma realidade cada vez mais presente nos espaços públicos fez com que surgissem verdadeiros guardiões, que abraçam a causa e lutam pelos direitos dos bichinhos. O que leva essas pessoas a dedicarem horas e horas de seus dias? Amor, sensibilidade e senso de justiça são algumas das respostas.

A fotógrafa Michelle Cristina é um desses ‘anjos da guarda’ dos bichinhos. Ela estava saindo da academia, quando presenciou um animal ser atropelado em sua frente. O motorista não prestou socorro ao animal e as pessoas não se mostraram solidárias ao ocorrido.

“Foi aí que percebi que nem todo mundo se importa com os animais. Contei com a ajuda do Amor de Bicho, fizemos campanha no facebook para ajudar a pagar as despesas do veterinário. Essa história aconteceu em 2010 e o cachorro está vivo até hoje”, relembrou.

Mas Michelle tornou-se de fato protetora de animais quando ajudou a resgatar mais de 49 animais ao saber que uma mulher tinha morrido de Leucemia e nenhum familiar queria continuar com os animais. “Eu me envolvi totalmente nesse resgate. Os familiares queriam colocar todos os animais no [Centro] de Zoonose mas a proprietária da casa foi solidária e prorrogou a entrega da casa por um mês. Muita gente se envolveu nesse caso e, aos poucos tudo deu certo”, disse.

Michelle cuida de 80 animais, entre cães e gatos, e os abriga em três locais: sua residência , um terreno no Cristo Redentor e uma casa alugada em Mangabeira. Assim, ela tem gastos elevados, em torno de R$ 3 mil reais.

Aisha: de cachorra de rua a blogueirinha

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A cadela Aisha e autando como blogueira foi encontrada pela estudante de Medicina e protetora dos animais, Alick Farias (abaixo), que também coordena a organização Adota João Pesssoa. Atualmente, a estudante cuida de 80 animais de diversas espécies
A vira-lata Aisha Maria vivia na rua, era desnutrida, tinha anemia severa, carrapato, sarna e outras enfermidades. Foi através de uma foto que a protetora de animais Alick Farias viajou para Pitimbu, litoral sul da Paraíba, para resgatar a cadela debilitada, com 45 dias de vida.

Alick resolveu criar um instagram para divulgar as despesas do resgate e para ajudá-la a encontrar um novo lar. No entanto, a ligação entre elas foi tão forte que Alick resolveu adotá-la. “Ela me olhava com olhinhos de amor e gratidão. Ela foi muito guerreira. Sempre resgato animais, mas a sintonia com ela foi diferente, desde a primeira vez que a vi. Um encontro de almas’, revelou emocionada.

Atualmente, Aisha é uma blogueira canina. Isso mesmo! E possui 12.300 seguidores. A cuidadora Alick começou a registrar o cotidiano da serelepe cadela em uma rede social de forma descontraída para diminuir o preconceito com adoção de viras-latas. Alick Farias é estudante de Medicina Veterinária e também faz parte da ONG Adota João Pessoa que há oito anos resgata animais na Paraíba. Atualmente, tem 80 animais sob sua tutela (jumentos, cães e gatos) e presta assistência a outros animais que vivem em lares temporários. Em 2017, recebeu o prêmio da Organização das Nações Unidas na categoria - instituição que realiza ações sociais na Paraíba.

Lady: uma conquista

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A elefanta Lady, que comoveu a população e é um exemplo de que a luta pelos animais rende grandes vitórias e conquistas

A rede de solidariedade de protetores de animais mobiliza grandes ações. O maior exemplo desse poder de na Paraíba foi o caso da elefanta Lady que, vivendo nas instalações do Parque Arruda Câmara, foi transferida em novembro de 2019 para o Santuário Elefantes do Brasil (SEB), no Mato Grosso, depois de muita batalha.

Hoje, é possível ver a evolução da elefanta que enfrentava sérios problemas de saúde no local onde estava em João Pessoa. O grupo Harpias teve bastante envolvimento nesta causa. A ONG atua em três pilares: a jurídica, educação ambiental e assistência com foco em veganismo. A presidente Ismally Gonzaga, enfatiza que se não houvesse uma instituição com foco na questão jurídica, a elefanta Lady ainda estaria na Bica. “A audiência judicial da Lady engajou muitas pessoas. Os advogados de defesa da Lady são renomados no Direito Animal e vieram de outros estados e isso fez toda a diferença. Hoje, ela está super bem, em um ambiente bem acolhedor e sendo cuidada por uma equipe altamente capacitada”, disse.

Avanços no Direito Animal

  • Criação de cursos de pós-graduação e disciplinas de direito animal nas universidades.
  • Em 2020, a disciplina de direito animal será incluída no curso de Direito da UFPB ministrada pelo professor Francisco Garcia.
  • O Instituto Abolicionismo Animal promove anualmente o Congresso de Direito Animal e o Congresso Latino Americano Instituto Abolicionismo Animal promove anualmente o Congresso de Direito Animal e o Congresso Latino-Americano de Bioética e Direitos dos Animais
  • A Lei 11140/18 corresponde ao Código de Direito e Bem-Estar Animal do Estado da Paraíba é considerada a legislação mais avançada no Brasil e no mundo. Assim, é a primeira lei brasileira a catalogar, expressamente, os direitos fundamentais de animais não-humanos. Legislação
  • A Lei 9605/98 - lei de crimes ambientais, em seu art 32, prevê a pena de maus-tratos a animais de três meses a 1 ano.

 

*publicada originalmente na edição impressa de 19 de janeiro de 2020