por André Resende*
Se Moisés dividiu o Mar Vermelho na passagem bíblica, o aplicativo Moises separa as ondas, não do mar, mas as sonoras das músicas. A inspiração é de fato a história da Bíblia, como conta Vanessa Maciel, diretora de relacionamento e conteúdo da empresa. O aplicativo desenvolvido por pesquisadores da Paraíba tem se tornado o queridinho dos músicos e produtores musicais pois consegue separar as faixas de uma música, isolando instrumentos e voz em arquivos diferentes. O app é um dos 10 que concorre ao prêmio Google Play Users’Choice Awards 2021, ao lado de gigantes como Disney+ and Clubhouse.
Atualmente o aplicativo brasileiro tem aproximadamente sete milhões de usuários cadastrados e a meta dos desenvolvedores é atingir a marca de 10 milhões até o fim de 2021. O aplicativo usa inteligência artificial e machine learning no processamento das faixas para isolar a voz e o instrumental, podendo até em alguns casos isolar instrumentos em específico em uma música.
“Estamos muito felizes e honrados por termos sido selecionados pelo Google na lista dos 10 melhores aplicativos do ano, dentro de um universo de milhões de aplicativos disponíveis. Somos o único aplicativo de música selecionado, além de ser também o único aplicativo desenvolvido por brasileiros. Entre os selecionados pelo Google, um será escolhido pelo voto popular para ganhar o selo de aplicativo do ano”, comentou Vanessa Maciel, diretora de relacionamento e conteúdo do Moises.
Para votar no aplicativo é preciso ter uma conta no android. É só acessar a página no Google Play na internet por meio do link https://moises.app/VOTEforMOISES e deixar o voto no aplicativo desenvolvido na Paraíba. Geraldo Ramos, um dos desenvolvedores do aplicativo, explica que a ideia surgiu do fato dele ser músico e sentir a necessidade de isolar a bateria em algumas músicas para tocar junto.
“Sou baterista e sempre quis ter acesso a faixas sem bateria para tocar junto, mas elas são limitadas. A Deezer lançou um código aberto para isso, mas voltado para pesquisadores, não para o usuário final. Aquele foi o meu ponto de partida para o Moises. Passei um fim de semana trabalhando no desenvolvimento do protótipo inicial e acabei unindo meu conhecimento como programador e minha paixão por tocar bateria em um negócio que vem dando muito certo”, explicou Geraldo Ramos.
O Moises nasceu como algo despretensioso, mas acabou ganhando novas proporções até se tornar a empresa atual, contando com 13 pessoas na equipe. “Iniciamos com esse algoritmo e fizemos o lançamento do site onde a pessoa entrava, inseria o arquivo e a gente retornava com os elementos separados. Começou a crescer e atualmente temos alguns produtores do Brasil em contato”, detalha Geraldo Ramos.
O app Moises funciona da seguinte forma: o usuário faz upload de uma música no aplicativo ou na versão web e pode escolher entre três opções: 1) separar a voz do resto; 2) separar em quatro canais (voz, bateria, baixo e resto); 3) separar em cinco canais (voz, bateria, baixo, piano e resto). Para cada uma dessas opções foi construído um algoritmo específico, alimentado por um banco de dados com mais 10 mil músicas multitrack e que estão constantemente evoluindo, com o uso de machine learning.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de novembro de 2021