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Na Paraíba

Árvores nativas e suas utilidades

publicado: 16/01/2023 11h35, última modificação: 16/01/2023 11h35
Viveiro Florestal colabora para plantio em áreas públicas e privadas, reforçando o verde e o meio ambiente sadio
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Os ipês amarelos tornam a paisagem mais bela durante o período de floração, além de proporcionarem sombras e atrair pássaros; essas árvores são uma marca da cidade de João Pessoa - Foto: Foto: Evandro Pereira

 

por Nalim Tavares*

No imaginário paraibano, existem árvores que evocam sensações. O sereno fascínio durante o período de floração dos ipês que colorem as cidades; o afeto pelo cajueiro repleto de frutos, ilustrados em tantas pinturas e xilogravuras, e a imponência e resiliência das paineiras — conhecidas como “barrigudas” — que armazenam água nos troncos inchados para resistir às secas. Essas árvores não apenas fazem parte da vivência dos paraibanos. São espécies nativas, que sempre tiveram um papel fundamental e fizeram parte da Paraíba.

De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), os principais biomas paraibanos são a Caatinga, que se estende por quase todo o estado, e a Mata Atlântica, em regiões mais próximas ao litoral. Assim, a vegetação natural do estado é composta por árvores baixas com troncos sinuosos, espinhos e folhas, e árvores de grande porte, com copas frondosas e troncos impressionantes. Ao todo, entre árvores, arbustos, palmeiras, cactos, lianas e ervas, existem 262 espécies nativas no estado. Considerando apenas árvores e palmeiras, são 198 espécies arbóreas naturais da Paraíba.

Cada uma dessas árvores tem uma importância ambiental, cultural e socioeconômica, entretanto, algumas se destacam. Ainda segundo o SFB, o marmeleiro, a jurema, a jurema-preta, a catingueira, aroeira, angico, pereiro, cajueiro, cumaru e mororó são de extrema relevância no meio rural, que se utiliza dos troncos, galhos, folhas, frutos, sementes, cascas e raízes dessas plantas para a obtenção de produtos florestais, madeireiros ou não.

“O cajueiro é a espécie nativa com maior importância para produção de frutos. Da aroeira, destaca-se a utilização da casca para fins de fitoterapia”, relata o SFB na edição paraibana do Inventário Florestal Nacional, custeado pelo Fundo Mundial para o Ambiente, a fim de levantar dados sobre a qualidade e situação das florestas ao redor do globo. Já o marmeleiro, a jurema-preta e a catingueira são importantes, principalmente, para obtenção de produtos florestais madeireiros, por meio do uso de seus troncos e galhos.

Especificamente na capital do estado, as árvores mais comuns são as típicas de Mata Atlântica, como ipês, sibipirunas, cupiúbas, paus-formiga, paus-ferro, jucás, angicos e aroeiras da praia. As barrigudas, caraibeiras, cedros, patas de vaca, trapiás, imbaúbas, ingás, jenipapos, sucupiras e abricós-de-macaco também são comuns na flora de João Pessoa.

Segundo o chefe da Divisão de de Arborização e Reflorestamento (Divar) da Secretaria do Meio Ambiente (Semam), Martinho Queiroga, proteger essas áreas de vegetação nativa é fundamental para “manter o bioma da Mata Atlântica e um equilíbrio e ordenamento das espécies.” Além de contribuir para a manutenção das florestas e áreas verdes da cidade, essas árvores também servem de lar para pássaros e outros animais.

Na Paraíba, estão catalogadas 34 espécies em risco de extinção, de acordo com a classificação do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). Destas, três aparecem, também, na Lista Nacional Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção, definida pelo Ministério do Meio Ambiente: a guarda-orvalho, em perigo de extinção, e a jitai e o cedro, como espécies vulneráveis.
Martinho explica que, para prevenir a extinção das árvores nativas, a Semam trabalha através do Viveiro Florestal, produzindo mudas de diversas espécies. “Com isso, ajudamos a diminuir o risco de extinção”, diz o chefe da Divar.

No ano passado, o Viveiro Florestal produziu 6.463 novas mudas, e plantou e distribuiu 17 mil árvores nativas. Segundo informações da assessoria da secretaria, “o plantio foi feito em áreas públicas, como praças, canteiros e rotatórias das ruas e avenidas; áreas verdes, como o entorno das nascentes de rios; Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas municipais; na recuperação de áreas degradadas e nos condomínios residenciais entregues à população pela prefeitura.”

As mudas também são oferecidas à população interessada, que pode ir até o Viveiro e pegar duas plantas por pessoa. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, na Rua Embaixador Sérgio Vieira de Melo, no Valentina Figueiredo. Além de ser um berçário para a produção de novas árvores, o Viveiro também é composto por um espaço para ações de educação ambiental e formação profissional, em que a população recebe orientações sobre o transporte, plantio, cultivo e manutenção de cada árvore.

A produção das mudas de árvores nativas é feita a partir de sementes selecionadas pelos técnicos do Viveiro Florestal. A coleta das sementes é feita em árvores consideradas matrizes, em várias cidades da Paraíba. As sementes são colhidas, selecionadas e nutridas, até se transformarem em pequenas mudas que, um dia, serão árvores grandes. As maiores, segundo Martinho, são “os ipês amarelo e roxo, a caraibeira, cupiúba, barriguda, cedro e pau-ferro,” que podem alcançar até 30 ou 35 metros.

Por se localizar em João Pessoa, o Viveiro trabalha especialmente com plantas naturais da Mata Atlântica, que é o principal bioma da cidade. As principais árvores produzidas são sibipiruna, pau-brasil, pau-formiga, jacarandá, castanheira do maranhão, castanha do pará, ipezinho-de-jardim, guapuruvu, barriguda, craibeira e chichá, além das variedades de ipê rosa, roxo, amarelo e branco. Atualmente o Viveiro também produz mudas de frutíferas como cajueiro, jaqueira e cajá.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 15 de janeiro de 2023.