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dia do jornaleiro

Bancas resistem ao mundo digital

publicado: 30/09/2024 09h26, última modificação: 30/09/2024 09h26
Profissionais responsáveis por distribuir notícias desempenham uma importante função cultural nas cidades
Banca © Roberto Guedes (2) .jpg

Mesmo com os avanços tecnológicos e com as novas formas de acesso à informação, parte da população ainda mantém a tradição de ler os periódicos nas versões em papel | Fotos: Roberto Guedes

por Maria Beatriz Oliveira*

Para as gerações mais novas, constantemente on-line, a ideia de uma pessoa que ande pelas ruas da cidade vendendo jornais impressos, ou até mesmo a existência de um estabelecimento destinado exclusivamente ao comércio de notícias impressas em papel, pode parecer estranha. Porém, mesmo com as mudanças tecnológicas e a migração para o mundo digital, os jornaleiros e as bancas de jornais ainda resistem.

Às vésperas do Dia do Jornaleiro, comemorado na próxima segunda-feira (30), é importante destacar o papel histórico e cultural desses profissionais, afinal são eles os responsáveis por distribuir a notícia e contribuir para tornar o acesso à informação mais democrático.

Em Campina Grande, jornaleiros e gazeteiros seguem em atuação no Centro da cidade. Orlando Dantas, que há 51 anos mantém uma banca de jornais na Praça da Bandeira, lembra da época em que era possível encontrar, na Rainha da Borborema, periódicos de todo o Brasil. “As pessoas vinham, logo pela manhã, procurar os jornais para ficar sabendo o que estava acontecendo no país. Um dos mais vendidos era a Folha de S.Paulo. Mas também vendia o Diário de Pernambuco, o Jornal do Comércio, o Tribuna da Bahia e, é claro, os daqui da Paraíba. Tínhamos o A União, o Diário da Borborema, o Correio da Paraíba e o Jornal da Paraíba”, conta o gazeteiro.

Atualmente, a Paraíba produz apenas um jornal impresso: A União, veículo que faz parte da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).

A banca de Orlando Dantas recebe exemplares de A União diariamente e sempre consegue vender todos eles, seja para estudantes que desejam utilizar o jornal para pesquisas ou para clientes assíduos, que não abandonam o bom e velho exemplar de papel. O taxista Reginaldo Amaro é um deles. Todos os dias, ele deixa a sua praça de táxi, localizada na Feira Central, e caminha até a Praça da Bandeira para comprar a edição do Jornal A União.

“Eu não consigo ler notícia pela internet, não me adaptei, não é a mesma coisa. Se amanhece e eu não venho aqui comprar meu jornal, é como se estivesse às cegas, sem saber o que está acontecendo no mundo”, diz Reginaldo.

Atualmente, apenas o Jornal A União mantém edições impressas em circulação na Paraíba

História

A data de comemoração ao Dia do Jornaleiro foi instituída para homenagear esses profissionais que, desde o surgimento da imprensa, desempenham um papel crucial na sociedade. Inicialmente, os jornaleiros eram as pessoas escravizadas. Incumbidas de vender os periódicos nas ruas, elas circulavam pelas cidades oferecendo as últimas edições aos passantes. Com a abolição da escravatura e a chegada de imigrantes italianos ao Brasil, o perfil dos gazeteiros mudou, e a atividade se expandiu. As primeiras bancas eram, na realidade, um amontoado de caixotes. Com o passar dos anos, a estrutura foi se modernizando, até chegar aos quiosques de metal, modelo de banca que persiste até os dias atuais.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de setembro.