José Alves
Os cafuçus e as cafucetas não deram a mínima para a crise e caíram na folia ontem à noite comemorando os 26 anos do bloco no Centro de João Pessoa ao som de três orquestras e Djs. O brega e o chique se misturaram nas ruas com muito glamour em nome da alegria. Para a rainha do bloco, Socorro Mendes esse bloco é um dos mais tradicionais e irreverentes porque todo mundo tem um cafuçu dentro de si. “Aqui as pessoas são felizes porque podem se vestir a vontade seguindo os modelos das capas da revista Vogue atual ou a moda dos anos 70. Afinal o bloco é hiper democrático e tem muita gente rica que se veste no dia a dia como um autêntico cafuçu, mas se achando muito chique”, disse a sorridente rainha do bloco.
Mais uma vez o folião compareceu em grande número para agitar o bloco Cafuçu um dos mais irreverentes do Folia de Rua da capital paraibana. A folia do Cafuçu aconteceu simultaneamente a partir das 19h nas praças Dom Adauto, Ponto de Cem Réis e Rio Branco. Em cada uma das praças foram montados palcos onde os Djs levaram os foliões ao “delírio” com clássicos da música brega, marchinhas de carnaval, lambada, samba-rock, jovem guarda e pancadão, além de outros ritmos.
Na praça Dom Adauto, se apresentaram os grupos Brega é Você, JP Frevo e DJ Kylt. Na praça Rio Branco, se apresentaram o DJ Trapo e a orquestra PB Pop. Já no Ponto de Cem Réis, a animação dos foliões ficou por conta da orquestra Invasores do Frevo e DJ Naza.
O folião do Cafuçu, a exemplo de anos anteriores, começa a brincadeira em casa, caprichando na fantasia que ele sempre encontra no fundo do baú ou na roupa que comprou recentemente. Segundo um dos fundadores do bloco, Bertrand Lira, Para ser cafuçu basta ter estilo, colocar brilhantina no cabelo e sair de casa bem cheiroso com desodorante Mistral.
Hino e história
O hino do bloco “Cabelo com brilhantina. Duas lapadas de pinga. Pente no bolso, no corpo muita ginga. Medalhão no pescoço, cheirando a mistral. Lá vai o cafuçú brincar o carnaval”, é de autoria do cantor e compositor Kennedy Costa e Paulo Vieira. A letra não poderia ser mais irreverente e retrata bem aquele cidadão típico da classe trabalhadora sofredora, que apesar das dificuldades diárias, sai a brincar seu carnaval para superar as dificuldades da vida.
O bloco Cafuçu surgiu em 1990, como uma brincadeira entre amigos que pegavam carona nas Muriçocas de Miramar. Na época o nome do bloco era Unidos do Cafuçu. Em seguida, contou Bertrand Lira, resolvemos desfilar nas praias do Cabo Branco e Tambaú, puxada por trios elétricos. Depois o bloco trocou os trios por orquestras de frevo que saíam no chão, e em 1997, já com o nome Cafuçu, os fundadores do bloco resolveram se transferir para o Centro Histórico, a fim de resgatar o carnaval de rua da capital com ênfase na festa popular, buscando valorizar a área urbana da fundação da cidade. O nome do bloco foi inspirado na ex-foliã Adalice Costa que chamava toda pessoa que fazia alguma bobagem de cafuçu.