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Câncer acomete 50% das cadelas

publicado: 28/08/2024 09h30, última modificação: 28/08/2024 09h30
Doença é mais comum nas raças shih tzu, poodle e boxer e pode estar associada à obesidade e à castração tardia
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Veterinário Natanael Filho explica que os tumores podem provocar, entre outros sintomas, vermelhidão na área afetada | Foto: Natanael Filho/Arquivo pessoal

por Sara Gomes*

Os nódulos malignos atingem fêmeas de cães e gatos com uma frequência maior do que muita gente pensa. Segundo especialistas, o câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns em cadelas, afetando cerca de 50% delas; e o terceiro mais frequente em gatas, com uma incidência de 30%. A informação é do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). No entanto, os animais de estimação do gênero masculino também podem desenvolver a doença. Portanto, os tutores devem ficar atentos aos sintomas, pois o diagnóstico precoce e tratamento adequado aumentam as chances de cura.

Alguns fatores podem desencadear a doença nos animais de estimação, como predisposição da raça, idade do animal, obesidade e castração tardia (no caso das fêmeas), além de aplicação de anticoncepcional. O médico veterinário e especialista em Nefrologia Natanael Filho detalha as raças de cães e gatos com mais predisposição a desenvolver o câncer de mama. “As raças de cães com mais predisposição são shih tzu, poodle e boxer. Em gatos, a maior prevalência é observada em animais sem raça definida e siameses”, explica.

O especialista alerta sobre os principais sinais de tumores mamários. “É muito comum a aparição de nodulações de formato irregular, que podem apresentar características diversas, como aumento da mama, consistência firme, calor na região e vermelhidão”, cita.

A principal forma de prevenção do câncer de mama, segundo Natanael Filho, é a castração antes do primeiro cio ou até os três anos de idade do animal. Além desse procedimento, é importante fazer exames de imagem associados aos de rotina. “A redução do hormônio feminino no organismo diminui as chances de neoplasia de mama nas cadelas”, justifica.

A estudante de Medicina Veterinária Raíssa Rezende acredita que o acesso à informação sobre o câncer de mama em bichos de estimação precisa ser tema de políticas públicas voltadas ao bem-estar animal. “O diagnóstico de câncer de mama é muito comum na rotina veterinária. A falta de políticas públicas que orientem sobre a importância da castração e alertem sobre a venda irregular de bloqueadores de cio agravam o cenário dessa doença”, afirma.

Nódulos malignos também podem surgir em gatas, especialmente nas siamesas e nas que não possuem raça definida

Incidência

Dentre os tipos de câncer mais comuns na Medicina Veterinária, o carcinoma de células escamosas, conhecido como câncer de pele, lidera as estatísticas. Em seguida, está a mastocitoma, neoplasia maligna que se manifesta em decorrência da proliferação exagerada e anormal dos mastócitos — células que estão presentes no tecido epitelial, no trato respiratório, no trato gastrointestinal, no baço, no fígado e nos linfonodos.

Tratamento

Apesar de o índice de mortalidade do câncer de mama em cães e gatos ser considerado alto, é possível tratar a doença com radioterapia, quimioterapia, eletroquimioterapia e cirurgia para remoção do tumor. “Temos várias alternativas de tratamento, a fim de matar as células cancerígenas, fazendo com que aumente o tempo de vida do animal”, ressalta o médico Natanael Filho. Porém, conforme pondera o médico veterinário, as neoplasias mamárias têm alto potencial metastático.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de agosto de 2024.