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Central de Libras da Funad atende 100 pessoas por mês

publicado: 15/04/2018 00h05, última modificação: 14/04/2018 07h56
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Jonatas de Araújo, com a professora Gerlane Moreira: hoje com 29 anos, ele tenta recuperar o tempo perdido para realizar o Enem - Foto: Evandro Pereira

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Sara Gomes

Promover a comunicação do surdo com instituições públicas que não possuem intérpretes é a função da Central de Interpretação de Libras (CIL), uma ação do Governo Federal em parceria com o Governo da Paraíba, implantado em quatro cidades do Estado: João Pessoa, Guarabira, Campina Grande e Patos. Em João Pessoa, este serviço funciona há cinco anos na Fundação de Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad) e atende em média 100 pessoas por mês.

A intérprete Huynara Barbosa enfatiza o papel do intérprete na inclusão social do indivíduo e menciona como esse serviço melhorou a autonomia dos surdos, “Há cinco anos, o surdo não tinha a quem recorrer quando precisava de atendimento, depois que a CIL foi instalada em João Pessoa observamos a diferença na acessibilidade desses espaços. O surdo tem direito, é um serviço gratuito oferecido pelo Governo do Estado”, ressaltou. Assim, facilita o acesso dos surdos em serviços sociais como entrevista de emprego ou rescisão de contrato, consulta médica, audiências públicas e burocracias administrativas.

O atendimento é realizado de segunda à sexta-feira, das 7h30 às 17h. O serviço pode ser solicitado pelo telefone 3244-8446 (ramal 255), por email cilpb@funad.pb.gov.br, na página do facebook ou pessoalmente na Funad ( Rua Dr. Orestes Lisboa, s/n. Conjunto Pedro Godim).

Nos finais de semana, feriados e casos de urgência podem ser atendidos pelo telefone 98802.3955. O atendimento é gratuito e qualquer pessoa pode solicitá-lo, desde que seja agendado previamente, exceto nos casos de urgência. Atualmente existem 500 pessoas cadastradas no banco de dados na Central de Interpretação de Libras.

A chefe administrativa da CIL Elisângela Medeiros explicou que o interessado à vaga precisa dominar a Língua Brasileira dos Sinais (Libra), pois, o foco do curso é trabalhar a desenvoltura do profissional nas diversas áreas que necessita de um intérprete, seja na educação, saúde pública, no âmbito administrativo ou jurídico.

Ao ser questionada sobre a motivação para aprender a língua dos sinais, Sarah Lisandra mencionou que o interesse surgiu porque em sua sala tinha surdos no Instituto Federal da Paraíba (IFPB) “Era aluna do curso técnico integrado do Ensino Médio, comecei a me interessar pela profissão e decidi que quero ser intérprete, quero fazer Licenciatura em Letras Libras”, afirmou. Já a estudante do curso de Pedagogia Emanuelle Ohana relatou que tem uma aluna surda na escola em que trabalha e decidiu estudar a língua dos sinais para ajudá-la.

De acordo com a Lei 10.436 deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Já o decreto federal nº 5626 estabelece que alunos com deficiência auditiva tenham o direito a uma educação bilíngue nas classes regulares.

O Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e Atendimento a Pessoas com Surdez (CAS) é um projeto do Ministério da Educação ( MEC) que visa melhorar e ampliar o nível de qualidade de ensino dos surdos na Paraíba por meio da capacitação dos profissionais e atendimento das necessidades específicas do aluno, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado e Funad. Neste serviço, existem atendimentos especializados de crianças com três anos de idade até adultos com 60 anos.

Os principais objetivos são incentivar o aprendizado da Língua Portuguesa ( segunda língua para os surdos) e disseminar a importância de tornar conhecida e utilizada a Lingua Brasileira de Sinais (Libras).

A professora Gerlane Moreira menciona que a principal dificuldade dos surdos é o aprendizado do português. “É como um estrangeiro que vem pro nosso país. O maior desafio é entender estrutura gramatical, significados e interpretação, aprendem, principalmente, por associação de imagens. Nosso papel é estabelecer a relação com a Libras para minimizar as dificuldades”, explicou.

Jonatas de Araújo é ex-usuário da Funad. Hoje, com 29 anos tenta recuperar o tempo perdido para realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano. Aprender o português tem sido a maior obstáculo, pois a maioria dos materiais didáticos são em português. “Tenho tido aulas particulares de português com uma intérprete, vejo vídeos no youtube, mas ainda assim não é o suficiente”, traduziu a professora Gerlane que leciona a disciplina de Laboratório de Leitura e Escrita, oferecido pelo CAS, no atendimento pedagógico especializado.
Quando Jonatas era criança não tinha intérprete em sua escola, só a partir dos 14 anos que começou a aprender a Libras, sua comunicação antes era mais gestual, aprendeu bastante interagindo com outros surdos.

Além do atendimento pedagógico, o CAS oferece três capacitações na Funad. O curso gratuito de Língua Brasileira de Sinais (Libras), com duração de dois anos (240 horas) com 400 vagas ofertadas. O curso de formação de intérprete de libras possui 60 vagas (metade em cada turno) com duração de um ano (120 horas). E o curso de instrutor com aulas ministradas apenas na segunda a tarde (120 horas), apenas surdos podem se inscrever.

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