por Carol Cassoli*
O ano de pandemia de Covid-19 também foi marcado por outro fenômeno, dessa vez, envolvendo a utilização da tecnologia para a prática de crimes financeiros. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o número de ataques de engenharia social ou, simplesmente, golpes, mais do que dobrou entre o fim de 2020 e o começo deste ano. Para evitar o aumento desse crime em território paraibano, a Delegacia de Defraudações de João Pessoa alerta que os cidadãos devem estar atentos.
Os chamados ‘golpes de engenharia social’ partem do enfraquecimento psicológico da vítima. A ideia dos criminosos é manipular de diferentes maneiras a pessoa até que ela compartilhe dados íntimos (tais quais códigos bancários e senhas de cartões) ficando, assim, exposta a ação dos fraudadores.
Neste contexto, a pandemia, que fragilizou muitas famílias, agravou a ocorrência de ataques de engenharia social a clientes de bancos. Segundo a Febraban, entre o último semestre do ano passado e os primeiros seis meses deste ano, houve aumento de 165% nos golpes deste gênero.
Dentre as ocorrências mais comuns, estão os golpes como o do falso motoboy, que apresentou aumento de 271%. A fraude acontece quando um golpista liga para o cliente de algum banco e informa que o cartão foi adulterado. Neste momento o golpista se passa por um falso funcionário do banco e pede para que o cliente informe a senha do cartão, solicitando que, em seguida, a pessoa corte o cartão de modo que o chip seja preservado. Ao fim da ligação, o golpista comunica que, em breve, um motoboy recolherá o cartão da vítima para levar os pedaços até o banco. Com o cartão cortado, o cliente acredita estar seguro, como o chip foi preservado, no entanto, os golpistas conseguem realizar transações e desfalcar a conta da vítima.
De acordo com a Febraban, além deste golpe, outros seis são recorrentes no cotidiano dos brasileiros e acontecem por telefone ou mesmo presencialmente. Entretanto, hoje, uma nova modalidade de aplicação de golpes tem se tornado comum entre a atividade dos fraudadores, o sistema de pagamentos eletrônicos e instantâneos Pix.
Com experiência nas áreas de cobrança e direito do consumidor, o advogado Afonso Morais explica que, assim como com outras ferramentas de gerenciamento financeiro, com o Pix, é necessário mais atenção. “Por mais que esses golpes se mostrem cada vez mais sofisticados, eles normalmente se aproveitam de falhas ou desatenção das vítimas. Assim, todo o cuidado é pouco na utilização da ferramenta, pois, se ela facilita as transações, também facilita os golpes”, alerta.
Fraudes usam métodos antigos no ambiente digital
Segundo levantamento da empresa de cibersegurança PSafe, no Brasil, ocorre um golpe financeiro a cada seis segundos. Desde o começo do ano, por hora, mais de 400 golpes foram aplicados. Além da atualização das maneiras com que os golpes podem ser feitos, os golpistas também se aproveitam de métodos antigos, como a observação de falhas de segurança nos aparelhos da vítima.
Chamando atenção para a digitalização das fraudes, o delegado de Defraudações de João Pessoa Aneilton Castro, afirma que é necessário cuidado ao navegar no ambiente digital, pois “os sites falsos, por exemplo, se apresentam de maneira bem parecida com portais oficiais”.
Analisando o aumento da ocorrência de prejuízos por golpes, a Febraban afirma que mantém aberto o diálogo com entidades a respeito do aprimoramento de estratégias de segurança que resguardem a privacidade dos clientes. Além disso, destaca que mantém ativa a campanha de prevenção a fraudes.
Na visão do delegado Aneilton Castro, este é um assunto muito complexo e, por isso, o perigo tem aumentado. “É mais confortável fazer transações, bem como compras on-line. O preço dos produtos, por exemplo, é um grande atrativo do público”, explica.
Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 59% dos internautas que compram on-line foram vítimas de fraudes financeiras entre 2020 e 2021. “O cidadão não pode compartilhar os dados de seu cartão na internet ou em qualquer outro espaço. Recomendo que, para transações em rede, utilizem o recurso de criação de um cartão virtual, válido para apenas uma compra”, aconselha o delegado.
Para o advogado Afonso Morais, “as pessoas devem sempre suspeitar de mensagens pedindo dinheiro, principalmente quando são urgentes”. Outra recomendação é a atenção do público ao fato de que nenhuma instituição financeira solicita dados pessoais por telefone ou realiza testes relacionados ao sistema Pix, por exemplo.
10 dicas antigolpe
• Ter cuidado com suas senhas;
• Ter atenção aos cartões de banco;
• Conferir seu cartão após uma compra;
• Ativar duplo fator de autenticação na internet;
• Ter atenção às ligações que recebe;
• Nunca clicar em links desconhecidos;
• Ter cuidado ao realizar compras on-line;
• Conferir o nome dos envolvidos nas transações;
• Não enviar fotos de caixa eletrônico para outras pessoas;
• Ter cuidado com o que divulga nas redes sociais.
Fonte: Febraban Antifraudes
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de dezembro de 2021