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Valores altos para envio de mercadorias têm feito clientes desistirem de comprar

Custo do frete afeta vendas on-line e setor prevê queda

publicado: 04/07/2022 09h07, última modificação: 04/07/2022 09h07
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Foto: Freepik

por Thadeu Rodrigues*

O custo do frete, impactado pela alta dos combustíveis, pode ser responsável pela desaceleração ou até mesmo crise do comércio eletrônico neste ano, conforme projeção da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O anuário da CX Trends 2022, realizado pela Octadesk em parceria com a Opinion Box, aponta que, em 2021, 62% dos consumidores desistiram de uma compra on-line por causa do valor do transporte de produtos que, em alguns casos, chega a ser maior que o preço da própria mercadoria.

A pesquisa, que informa tendências de “experiência do consumidor” (CX, na sigla em inglês), mostra que a desistência também ocorreu por causa dos altos preços das mercadorias e da falta de credibilidade da loja. A próxima data importante para o varejo, o Dia dos Pais, já deve sentir o impacto dos contínuos reajustes de combustíveis, conforme a ABComm. Mas, a situação deve se agravar no último trimestre, quando ocorrem o Dia das Crianças, a Black Friday e o Natal.

A secretária Denise Noronha comenta que já desistiu de uma compra em uma grande plataforma de e-commerce porque o preço do frete era maior do que o do produto, que, no caso, era uma blusa para a filha dela. “Nos grandes magazines, ocorre de a gente comprar alguns itens e, quando vai fechar a compra, percebe que cada um é vendido por uma loja parceira diferente e cada uma tem seu frete, o que encarece a compra. Aí a gente desiste”, explica.

Atualmente, ela afirma que prefere comprar pela internet por conta da facilidade de pesquisa de preços, mas escolhe retirar o pedido na loja, o que geralmente é grátis, em vez de pagar o frete. “Com esse método, a gente recebe a mercadoria mais rápido e sem frete. Aqui em casa tentamos comprar sempre assim, desde um aparelho de telefone celular até produtos de cama, mesa e banho”.

Impacto no delivery

Se o aumento do preço do diesel aumenta o valor do frete, impactando o comércio de mercadorias, o aumento da gasolina também produz efeito no serviço de entrega de comidas e bebidas. O empresário Alyson Tomaz gosta comprar comida por aplicativos, com entrega em casa. Mas, considerando a inflação dos serviços e o frete, faz uma busca antes de escolher o restaurante. “A gente sempre tem aquele estabelecimento que gosta mais. Porém, quando os preços do cardápio são mantidos, o frete aumenta. Ou vice-versa. Neste caso, vale procurar outros locais com qualidade parecida, mas com preço final mais em conta”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 4 de julho de 2022.