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CICLISTAS NO TRÂNSITO

Desafio é pedalar com segurança

publicado: 10/06/2024 09h11, última modificação: 10/06/2024 09h11
Apesar dos benefícios físicos e mentais à saúde, essa modalidade de transporte e lazer tem os seus riscos
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Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Bicicleta, ciclistas lamentam a violência no trânsito e reforçam a necessidade de mais segurança | Foto: Ortilo Antônio

por Anderson Lima (Especial para A União)*

Seja na ciclovia ou ciclofaixa e, principalmente, na pista junto com os condutores de veículos convencionais, a população pessoense utiliza a bicicleta como meio de tráfego para o trabalho, faculdade, escola e para o lazer. No entanto, apesar desse meio de locomoção trazer benefícios à saúde e ao meio ambiente, pedalar pela capital nem sempre é seguro, conforme ressaltam os ciclistas. Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Bicicleta, a reportagem de A União mostra o que dizem os paraibanos sobre a acessibilidade na cidade e a importância desse meio de transporte econômico e sustentável no dia a dia de cada um.

Para o estudante Felipe Borges Moreira, a bicicleta é o seu principal meio de transporte para ir à faculdade, academia, além de ser útil para praticar exercícios físicos. Ele reside no bairro dos Bancários e se queixa do trajeto para chegar à Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “O caminho é um pouco complicado, não tem ciclovias, então ando na faixa dos carros mesmo, mas sempre vou pelo canteiro da pista. É perigoso, sobretudo chegando na altura da BR-230, próximo à universidade, onde os carros transitam em alta velocidade e não há acostamento. No entanto, quando eu vou pedalar por lazer, para me exercitar, eu vejo que poucos trechos da saída dos Bancários até o bairro de Manaíra têm ciclovias ou ciclofaixas”, contou Felipe.

Em sua vivência andando pela cidade, ele percebeu que a maioria da malha cicloviária está nas regiões turísticas da capital e que pelos arredores da UFPB mal possuem faixas para o tráfego, fato que se torna perigoso. Felipe relata que já sofreu dois acidentes, um na rotatória, próximo ao Hospital Universitário Lauro Wanderley, e outro nos Bancários, próximo a sua casa. “Estava em horário de pico, uma moto mudou de faixa sem sinalizar e acabou virando por cima de mim, mas não me machuquei muito. O motorista prestou socorro e se responsabilizou pelo conserto da minha bicicleta. Para andar aqui, é preciso usar todos os equipamentos de segurança e ter um cuidado redobrado com os motoristas”.

Desrespeito de alguns motoristas às normas vigentes tem consequências

Pela experiência nas ruas de João Pessoa, o estudante acredita que os motoristas não respeitam os ciclistas na capital, corriqueiramente buzinam, passam colados nas bicicletas e, na maioria das vezes, não sinalizam com a seta, isso é o que mais incomoda Felipe. “É preciso que haja a criação de políticas públicas, projetos de ações educativas no trânsito, tanto para os motoristas como para os ciclistas, além de mais ciclovias e ciclofaixas, para que o cidadão possa circular tranquilamente pela cidade, e que isso não se concentre nas áreas turísticas”.

Já o porteiro Reginaldo Luiz, que utiliza, diariamente, a bicicleta como transporte para o seu trabalho, relata que faz o trajeto do bairro do Centro até Cabo Branco. “Eu saio de casa bem cedo, por volta das 5h da manhã e faço o percurso até o meu trabalho. A bicicleta passou a ser uma necessidade, mais do que um lazer. Depender de ônibus em João Pessoa é horrível, então eu prefiro usar esse meio para me locomover. Referente ao trânsito, acho perigoso para quem é ciclista, pois quase sempre os carros e motos não nos respeitam, além da escassez de ciclovias e ciclofaixas aqui”.

Números

João Pessoa conta com mais de 100 km de ciclovias e ciclofaixas, distribuídas pelos bairros do Aeroclube, Altiplano, Cabo Branco, Bancários, Bessa, Castelo Branco, Cidade Verde, Centro, Costa do Sol, Cuiá, Funcionários, Gramame, Ipês, Jardim Oceania, Manaíra, Mangabeira, Miramar, Paratibe, Penha, Planalto da Boa Esperança, Ponta do Seixas, Portal do Sol, Tambaú e Valentina.

Legislação prevê direitos e deveres de quem trafega nas vias públicas

As leis de trânsito, para ciclistas, orientam quantos aos direitos e deveres, visando garantir a segurança nas vias e o seu bom uso dentro da malha viária. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece um conjunto de normas sobre o tráfego de bicicletas. Uma delas é orientar o motorista a reduzir a velocidade para um nível seguro quando ultrapassar um ciclista, além de manter a distância de aproximadamente 1,5 m ao ultrapassar. Os veículos motorizados devem dar prioridades aos que não são.

“Tirar um fino”, expressão conhecida popularmente pelas ultrapassagens perigosas em relação aos ciclistas, é uma prática proibida segundo o CTB. De acordo com o código, quem estiver pedalando deve sinalizar com o braço a intenção de entrar para a esquerda ou direita. Nos locais que não têm ciclovias, ciclofaixas ou acostamento, quem está na bike tem permissão para andar nas margens da pista, seguindo o fluxo de veículos. Andar na contramão é permitido somente em ciclofaixas.

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelece as diferenças entre ciclomotores e bicicletas, cria normas de circulação, além de apresentar conceitos e diretrizes para a elaboração de projetos e discriminar a sinalização mais utilizada. A resolução define que usuários de bicicletas, patinetes, skates, hoverboards e monociclos elétricos podem circular pelas calçadas e ciclovias desde que respeitem os limites de velocidade definidos pelas prefeituras de cada município. Porém, em João Pessoa, a Lei no 14.878, de 11 de setembro de 2023, proíbe a utilização e circulação de ciclomotores elétricos e motorizados nas ciclovias e calçadas da cidade.

Saiba Mais

A ciclovia é um espaço reservado para a circulação de ciclistas, separado do tráfego de veículos, normalmente por um meio-fio ou área verde. Já a ciclofaixa é uma faixa delimitada nos canteiros das pistas, por pinturas e sinalizadores, além de placas de sinalização.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de junho de 2024