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Sentimento de respeito familiar ultrapassa épocas e cria laços que não se desfazem com o passar do tempo

Diversidade 60+ Cuidados e afetos que unem gerações

publicado: 06/08/2022 00h00, última modificação: 08/08/2022 10h45
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tags: 60+ , Avós

por Ítalo Arruda*

 

Nascidos em uma geração completamente diferente, os avós são para os netos muito mais do que sinônimos de experiência. Além da relação de cuidado e afeto com os descendentes, o sentimento que os une à prole dos seus filhos ultrapassa épocas e cria laços que não se desfazem com o passar do tempo.

A aposentada Maria José de Souza Lima, 81 anos, tem 11 netos e 12 bisnetos, dos quais cinco netos e dois bisnetos são frutos dos filhos do relacionamento com o também aposentado Adilson Araújo Lima, 97 anos. Para ela, ser avó é mais do que ser mãe duas vezes. “Eu sou muito apegada a eles, principalmente, porque nós convivemos e somos uma família. Nós nos damos muito bem, e a idade não faz diferença”, afirma.

A estagiária Nathália Souza é uma das netas de Maria José e Adilson Lima. Ela conta que os ensinamentos repassados pelos avós, enquanto seus pais trabalhavam para manter a casa, foram basilares para a formação da sua personalidade e da pessoa que vem se tornando. Além disso, os laços afetuosos e a relação de respeito entre ela e os avós moldaram uma relação “sem tabus”.

“A gente criou uma intimidade que eu nem sequer cheguei a ter com os meus pais. Então, se eu precisar ou quiser falar qualquer coisa, eu posso conversar com os meus avós”, destaca a jovem, ressaltando que desde criança nutre esse carinho e – agora mais ainda – a vontade de retribuir todo esse cuidado para com eles.

Pandemia da Covid foi um desafio para as famílias

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Nathália Souza com seus avós Maria José e Adilson Lima

O isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19 foi um dos maiores desafios para as famílias, e a falta do contato físico em virtude do distanciamento inflamou ainda mais o sentimento de saudade entre netos e avós que, aos poucos, estão retomando os encontros, que envolvem os tradicionais almoços aos domingos, além de passeios e momentos de descontração e lazer. “Foi um período muito dolorido, porque não podíamos nos abraçar, nos afagar, dar um cheirinho. A distância tinha que prevalecer. Mas, graças a Deus, tudo passou, voltou ao normal e agora estamos juntos novamente e felizes”, comentou Maria José.

Em dezembro de 2020, ela e o marido foram infectados pelo novo coronavírus e precisaram ficar internados em um hospital. Situação semelhante tem sido vivida pela estudante de Jornalismo, Sarah Macedo Vieira. Ela conta que, antes da pandemia, era comum toda a família (incluindo 16 netos e sete bisnetos) se reunir na casa da avó, Maria José Macedo, de 86 anos, em João Pessoa. Porém, devido à idade da aposentada e à instabilidade da doença, isso tem ocorrido apenas “nas datas especiais”, como Natal, São João e Ano Novo.

“Vovó sempre foi muito apegada e calorosa. No ápice da pandemia, ela dizia que o distanciamento era tranquilo porque era necessário”, ressaltou a estudante, frisando que a comida e as histórias da matriarca da família Macedo, durante as reuniões familiares nos fins de semana, são as coisas das quais ela sente mais falta.

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Maria José Macedo com a sua neta Sarah Vieira
Troca de conhecimento é de grande importância

Manter uma relação de convivência e afeto entre avós e netos é extremamente importante não só para o fortalecimento do vínculo entre as duas gerações, mas também para o desenvolvimento da saúde, do bem-estar, da autoestima e da autoconfiança de ambas as partes. É o que afirma o mestre em Gerontologia, psicólogo e terapeuta exclusivo para idosos, Fabrício Oliveira.

“A troca de conhecimento entre avós e netos é de grande importância porque um aprende com o outro a partir da relação de respeito e carinho. Além disso, crianças que vivem com os seus avós têm menos chances de apresentar quadros de depressão e ansiedade, bem como os avós que desfrutam dessa convivência têm uma melhor qualidade de vida”, destaca o terapeuta.
Fabrício ressalta, ainda, que envolver gerações mais velhas e mais novas em brincadeiras e tarefas do dia a dia é um bônus tanto para a saúde mental quanto física dessas pessoas. “Isso é muito saudável para os dois lados. Os netos estão valorizando aquela figura dos avós que não se resume à imagem de uma pessoa idosa, mas de alguém que demonstra seu amor e o desejo de participar do cotidiano, da vida deles”, acrescenta.


Dia Mundial dos Avôs
Comemorado mundialmente em 26 de julho, o Dia dos Avós foi estabelecido em homenagem aos avós de Jesus Cristo, Ana e Joaquim, pais de Maria. Nesta data, no ano de 1584, os dois foram canonizados santos pela Igreja Católica, que os considera padroeiros de todos os avós. A data foi criada no século 20, pelo papa Paulo VI.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 6 de agosto de 2022.

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