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Políticas públicas nas áreas de saúde, educação e previdência estão na “lista de presentes” que eles esperam ganhar

'Diversidade 60+' Idosos projetam desejos para 2023

publicado: 12/12/2022 10h16, última modificação: 29/12/2022 16h13
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Acessibilidade e políticas voltadas às pessoas idosas impactam no crescimento da expectativa de vida - Foto: Foto: Arquivo/Agência Brasil

por José Alves*

 

Estudos levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram que existem mais de 33 milhões de pessoas idosas no Brasil. O estudo também mostra que esse número vem crescendo por causa dos avanços da medicina, que aumentou a expectativa de vida da população. As pesquisas também indicam que, em 2050, um em cada quatro brasileiros será idoso. Para o ano de 2023, os idosos almejam mais políticas públicas no campo da saúde, da educação e da previdência. O idoso Manoel de Andrade, por exemplo, espera que no próximo ano as pessoas tenham mais respeito pelo Estatuto do Idoso.

Para o psicólogo e gerontologista presidente da Rede Social de Direitos Humanos para um Envelhecimento Ativo e Saudável (RSDHEAS no Brasil), Fabrício Oliveira, “quando falamos de respeito entre as pessoas, logo vem na mente os mais velhos, pessoas vulneráveis, vítimas de preconceitos e estereótipos. Se não damos respeito aos mais idosos, como eles terão qualidade de vida e uma longevidade feliz?”, indagou.

Ainda segundo Fabrício, para que os idosos tenham uma vida saudável é de extrema importância que em primeiro lugar tenhamos empatia pelo o outro. “Temos que exterminar nossos preconceitos sobre velhice afinal todos vamos envelhecer. Precisamos criar acessibilidade para que esses idosos se sintam seguros, precisamos movimentar o poder público para a criação de políticas públicas em prol das pessoas idosas”, refletiu.

O idoso Manoel de Andrade, afirmou que sua geração (60+), também precisa de mais apoio na pasta do turismo. “Sou idoso, gosto muito de viajar e os incentivos são poucos nesta área. Deveríamos ter a disposição passagens aéreas bem mais baratas. Afinal quando a gente viaja e conhece outras culturas a gente se renova”, argumentou.

O também idoso, Antônio Oliveira lembrou que o Estatuto do Idoso, já vai completar 20 anos em 2023, mas na prática esses direitos existentes na Lei do estatuto continuam sendo negligenciados, principalmente para as classes sociais mais vulneráveis”, denunciou ele afirmando que seu maior desejo é que o estatuto seja mais respeitado no próximo ano.

Ainda segundo Antônio Oliveira, o brasileiro tem que mudar o pensamento e a cultura do abandono e do desprezo pelo idoso. “Também precisamos de uma aposentadoria mais satisfatória para termos o direito de poder contratar uma cuidadora, entre outras coisas”, desabafou, antecipando que no próximo ano os idosos desejam mais cidadania, proteção social, saúde, Lazer e bem-estar. Enfim, a valorização e a garantia dos direitos da pessoa idosa.

Já o idoso José Valdevino, acredita que com a saída de Jair Bolsonaro e a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os idosos serão mais respeitados. “O que os 60+ mais precisam é que o Sistema Único de Saúde (SUS), atenda melhor os idosos, que destine mais medicamentos e proporcione um melhor atendimento para que nós não tenhamos de enfrentar filas enormes para fazer uma cirurgia. É o que mais desejo para o ano novo”, sentenciou Valdevino.

O evangélico João Sulino da Silva, disse não acreditar muito nos homens. “Temos mesmo é que acreditar em Deus. Porque Deus está acima de tudo. Primeiramente devemos acreditar em Deus e pedir coisas boas, porque aqui na terra os homens só prometem e não melhoram em nada nossa vida. Mas com Deus no comando, teremos um 2023 bem melhor. Afinal só Ele é solução para todos os nossos problemas”, refletiu João Sulino.

Para a aposentada Maria José, o presidente eleito Lula, vai fazer um Brasil bem melhor a partir do próximo ano. “Os idosos precisam ter uma aposentadoria digna para poder se alimentar e comprar os medicamentos necessários. Do jeito que está, ou a gente compra alimentos para casa ou compra os medicamentos. Uma concha de banana, por exemplo, está custando R$ 5, um quilo de carne R$ 40 e recebendo uma aposentadoria no valor de praticamente mil reais, não dá para pagar água, energia, botijão de gás e medicamentos. Esperamos que 2023 seja um ano em que o presidente eleito, dê mais atenção aos idosos”, prevê Maria José.

O terapeuta exclusivo de idosos, Fabrício Oliveira, lembrou que quando era criança sua mãe dizia que se ele saísse sozinho para a rua, o velho do saco ou o papa-fígado ia pegá-lo. “Por conta dessas precauções, eu morria de medo de idosos, e assim esse estereótipo me afastava das pessoas mais velhas, um desrespeito criado culturalmente pela sociedade”.

Ainda segundo Fabrício, quando temos acessibilidade e políticas voltadas a longevos, vivemos mais. E isso inclui nossa saúde física e mental. “Temos que ter um olhar para esses novos idosos que estão nas academias e nos parques cuidando do corpo, outros estudando, viajando, e também namorando ou procurando alguém para amar”, observou.

Para Fabrício, a sexualidade é um dos primeiros temas que as famílias abordam em tom de preconceito. Para a família, os idosos são assexuados, contrariando artigos científicos que traz a sexualidade como um dos fatores de uma longevidade bem vivida e plena.

“Se olharmos para o espelho com uma certa maturidade, vamos perceber que estamos a cada dia envelhecendo e que em breve podemos também ser vítimas de preconceitos que nós mesmo construímos”, pontuou.

Amor
“Contudo”, continuou o terapeuta, “os idosos esperam em 2023 mais amor ao próximo, mais cumplicidade, mais acolhimento, mais pessoas unidas lutando pela causa de um envelhecimento digno e sem preconceitos devido à idade avançada”, exaltou.

No entanto, o que 2023 irá representar para os idosos? Indagou. Podemos destacar um olhar diferenciado para esta população, se colocarmos em prática a empatia em nossas vidas, esse novo ano será diferente? Precisamos enquanto sociedade abraçar esses idosos, apoiar as entidades que lutam pelos seus direitos e protagonismo. Precisamos que o poder público desenvolva políticas de acolhimento e visibilidade para que sejam extintos os preconceitos criados. “Enfim, todos nós vamos envelhecer e precisamos ter qualidade de vida e longevidade”, concluiu.

Fabrício Oliveira também é professor de Pós Graduação; mestre em gerontologia pela Universidad Europea del Atlántico; pesquisador na área do Envelhecimento; congressista; palestrante e colaborador da revista Envelhecer – Portugal, além de vice-presidente do Conselho Municipal do idoso de João Pessoa representando a SBGG.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de dezembro de 2022.