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Prática assegura independência funcional, melhora a capacidade cardiorrespiratória e previne doenças ósseas

Diversidade 60+: Musculação é essencial na 3ª idade

publicado: 21/11/2022 10h16, última modificação: 29/12/2022 16h13
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Após começar a sentir muitas dores, José Wilson aderiu à musculação, sob a supervisão de Janyeliton Alencar - Foto: Foto: Arquivo Pessoal

tags: DIVERSIDADE 60+ , musculação , cuidados com idosos

por Sara Gomes*

 

A caminhada é uma atividade de baixo custo, fácil acesso e a mais praticada dentre os idosos, porém a transição fisiológica do envelhecimento exige algo além da caminhada. A musculação, cientificamente conhecida como treinamento de força, é um exercício recomendado a todos, mas são os mais velhos quem mais se beneficiam com esta prática. Além de propiciar qualidade de vida e independência funcional, a musculação melhora a capacidade cardiorrespiratória e muscular, prevenindo também doenças ósseas.

Com o avanço da idade ocorrem declínios fisiológicos em alguns sistemas do corpo humano. Esses sistemas tanto podem impossibilitar como limitar a mobilidade do idoso. As doenças que mais acometem o idoso são Parkinson, artrose e osteoporose, sendo preciso fortalecer a musculatura e melhorar a mobilidade. Idosos acometidos com Parkinson geralmente não praticam exercícios físicos, porém é fundamental o fortalecimento da musculatura para ter uma redução dos sintomas. A artrose é a doença das articulações (juntas), tendo como características principais a dor, o rangido, os estalidos e limitação dos movimentos articulares, sendo os joelhos, coluna, mãos, pés, punhos e quadris as regiões mais comprometidas. Já a osteoporose se caracteriza pela desmineralização óssea. Quanto menor a mobilidade do idoso maior chance de aparecer essa fragilidade óssea.

O procurador federal do INSS de João Pessoa, José Wilson de Figueiredo, passava quase oito horas digitando processos e muito tempo sentado devido à rotina do trabalho. Ele acabou desenvolvendo dores na região lombar, dores no joelho, osteopenia e uma tendinite no ombro esquerdo, chegando a fazer cirurgia. Algum tempo depois, a tendinite passou para o outro ombro.
Após consulta com reumatologista, o médico indicou pilates para reverter à inflamação e musculação para fortalecer a musculatura. “Eu passei a ir duas vezes na semana ao Pilates e estou sendo acompanhado com o educador físico duas vezes na semana”, declarou.

O doutorando em Educação Física, especialista em medicina desportiva, Janyeliton Alencar, comenta a evolução de José Wilson após a musculação. “Depois de alguns meses de tratamento, as dores na lombar, joelho e ombros desapareceram. A limitação no ombro era mais funcional, já que a tendinite impedia alguns movimentos. Ele tinha estalos no joelho e muita dor nessa região. No decorrer do tratamento, Wilson foi ganhando força na musculatura e mobilidade. Hoje em dia, faz exercícios extremamente complexos para uma pessoa de 60 anos, trabalhando suas potencialidades ao máximo”, analisou. Além de não sentir nenhum nível de dor, José Wilson tem mais disposição e melhorou sua produtividade consideravelmente. “Minha qualidade de vida melhorou bastante”, frisou.

Janyeliton Alencar explica os principais fatores que levam o indivíduo a desenvolver artrose. “Pessoas que trabalham com atividades manuais ou realizam esforço repetitivo, muitas vezes, ficam impossibilitadas de fazer movimentos como a extensão da mão”, esclareceu.

Treinamento de força gera a mineralização dos ossos  

Para amenizar os sintomas da osteoporose e evitar sua evolução recomenda-se a prática de exercício físico, principalmente a musculação. O especialista explica que o treinamento de forças vai gerar uma mineralização do osso, fortalecendo o osso, através de impactos e torções promovidos pelo exercício.

“A contração muscular em si, já é um estímulo de torção no osso, consequentemente, tornando-o mais forte. Já o sistema muscular apresenta um declínio conhecido como sarcopenia, que é a perda da massa muscular, que vai reduzindo força, flexibilidade e função motora”, destacou.

O principal benefício da musculação na velhice é que ameniza o declínio fisiológico do organismo. “Muitas pessoas afirmam que a musculação é a fonte da juventude, pois reduz a aparência cronológica do corpo. Além de melhorar a condição física, previne doenças cardiovasculares e estabiliza doenças como osteoporose, artrite, Parkinson, sarcopenia, entre outras”, diz.
Cerca de 30% dos seus alunos são idosos. Para o especialista, a pessoa idosa é um dos públicos mais interessantes para desenvolver um trabalho especializado. No início a musculação não é tão atrativa ao idoso por conta das limitações instaladas, porém em poucos meses é possível perceber a evolução e ganho da qualidade de vida.

Janyeliton Alencar releva ser gratificante ouvir de seus alunos que estão recuperando a autonomia nesta fase da vida, após os primeiros meses de acompanhamento personalizado.
“Fazia cinco anos que eu não conseguia realizar uma tarefa simples como amarrar um tênis sozinho. Ouvir isso me traz uma satisfação imensa enquanto profissional, pois o meu trabalho ajudou a recuperar a autonomia daquele idoso”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 19 de novembro de 2022.