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Herpes Zóster

Doença é mais comum em idosos

publicado: 27/11/2023 09h11, última modificação: 27/11/2023 09h11
Queda de imunidade, processo natural do envelhecimento e pico de estresse podem desencadear o processo viral
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Já a jornalista Babi Neves, 70 anos, teve a doença em decorrência de imunidade baixa - Foto: Arquivo Pessoal
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Maria Daura, 70 anos, desenvolveu herpes zóster no início deste mês - Foto: Arquivo Pessoal
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"É uma doença que precisa ser tratada rapidamente. Quanto mais precoce o tratamento, melhor vai ser a evolução desse paciente" Larissa Paul Toscano - Foto: Arquivo Pessoal
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por Sara Gomes*

A herpes zóster, conhecida como cobreiro, é uma doença causada pelo vírus varicela, o mesmo que causa a catapora. Uma vez adquirido, esse vírus permanece adormecido no organismo em algum nervo. A doença é mais comum nos idosos devido a queda de imunidade, processo natural do envelhecimento, mas não é restrita a este público.

Outras condições que também levam à manifestação da doença são processos virais significativos, pico de estresse, ou qualquer alteração no organismo que leve à queda de imunidade. Observou-se muitos casos de zóster após a Covid-19, pois o paciente teve uma queda significativa da imunidade.

De acordo com a dermatologista Larissa Paul Toscano, a manifestação do herpes zóster, inicialmente, se manifesta com algum desconforto, uma dor, queimação ou alguma coceira na região acometida. O zóster pode aparecer em qualquer região do corpo, sendo mais comum na região torácica, cervical, costas e face. A erupção surge com o formato de pequenas bolhas, em geral, é unilateral e segue o trajeto de um nervo. “Entre dois a três dias depois começam a aparecer erupções sobre uma pele bastante avermelhada. Essas erupções vão estourar e formar crostas, que com duas ou três semanas vão se recuperar. O grande problema do zóster é que essa dor, que a gente chama de neuralgia pós-herpética, pode permanecer por dias, semanas e até anos após a manifestação clínica da doença”, disse.

"É uma doença que precisa ser tratada rapidamente. Quanto mais precoce o tratamento, melhor vai ser a evolução desse paciente" Larissa Paul Toscano - Foto: Arquivo PessoalÉ uma doença que precisa ser tratada rapidamente. Quanto mais precoce o tratamento, melhor vai ser a evolução desse paciente - Larissa Paul Toscano

Essa é a principal complicação da zóster. Se acometer o trajeto do nervo óptico, por exemplo, pode levar à cegueira do paciente. Por isso, a dermatologista reforça a importância do diagnóstico precoce. “É uma doença que precisa ser tratada rapidamente. Quanto mais precoce o tratamento, melhor vai ser a evolução desse paciente”, alertou.

A dona de casa Maria Daura da Silva, 70 anos, desenvolveu herpes zóster no início do mês de novembro e, logo pensou que tinha sido uma picada de inseto. “Começou com uma mancha avermelhada bem pequena na testa. Mostrei a minha filha e pensamos que tinha sido picada de inseto à noite, porque só percebi a mancha pela manhã, quando acordei. Mas, depois foi ficando maior e mais avermelhada”, frisou.

Com o desenvolvimento da mancha na pele, foi agendada, às pressas, uma consulta com a dermatologista que detectou a doença. A dona de casa foi medicada com remédio oral e um creme para a lesão. “Eram seis comprimidos por dia, além da aplicação do creme pela manhã e à noite. Tive muito medo, pois minha mãe também teve essa doença há alguns anos e foi bem agressiva, fazendo com que ela perdesse a visão. Mas, a médica falou que no meu caso a doença se manifestou de forma mais amena. Depois de uma semana de tratamento fiquei boa”, contou.

A jornalista Babi Neves, 70 anos, teve herpes zóster em decorrência de imunidade baixa e transtorno de ansiedade no período da pandemia. Ela teve a doença em fevereiro de 2022, mas até hoje sofre com sequelas da doença. “Eu já estava vacinada e já tinha passado o período crítico da pandemia”, disse.

Os primeiros sintomas em Babi Neves foram dores nas costas. Na parte lateral do lado direito próximo às axilas e acima do seio começaram a aparecer coceiras e bolhas avermelhadas. “Decidi procurar uma dermatologista no outro dia pois os sintomas eram parecidos com herpes zóster, tinha noção pois minha mãe já teve a doença. A médica confirmou o diagnóstico e passou uma medicação, que tomei de sete a 10 dias”, disse.

As bolhas começaram a estourar e a doer, mas a fase crítica foi quando elas começaram a queimar e arder, deixando-a bastante incomodada. “É uma sensação tão ruim que você quer arrancar a pele. Eu fiquei de 25 a 30 dias com as bolhas no meu corpo, mas não fiquei com marcas. Como se não bastasse, tive dores intensas que chamam de neuralgia, a complicação da doença”, contou.

As dores eram tão intensas que ela chegou a tomar medicação similar à morfina. “Até hoje tenho sequelas, de vez em quando coça muito sem ter nenhuma lesão, principalmente no ombro perto das axilas. Ainda hoje tomo uma medicação para acalmar o nervo da medula. A médica adiantou que eu teria sequelas da doença por dois anos”, frisou. Babi chegou a fazer fisioterapia e acupuntura para amenizar as dores provocadas pela neuralgia.

Segundo a dermatologista Larissa Toscano, o tratamento é feito com o uso de antivirais, associado a analgésicos para o controle desse paciente, podendo também ser utilizado corticóide. Raramente é necessária a internação do paciente para uma manifestação mais grave. “Quando o paciente tem uma imunidade muito comprometida, a doença vai se manifestar de maneira mais exuberante”, afirmou.

A pessoa acometida pela doença pode transmitir catapora a pacientes que nunca tiveram a doença, mas a herpes zóster não é contagiosa, pois está relacionada com a imunidade. Atualmente, existe vacina para a zóster, cujo público alvo são pessoas acima de 50 anos ou pacientes acima de 18 anos que têm imunodeficiência. “Através da vacina, a gente evita complicações e as formas mais graves da doença”, disse.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de novembro de 2023.