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Doenças da visão na terceira idade

publicado: 13/11/2023 09h01, última modificação: 13/11/2023 11h08
Público idoso está mais suscetível a ter glaucoma, catarata, vista cansada e degeneração da mácula
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A recomedação dos especialistas é que os idosos façam o exame oftalmológico anualmente para detectação de alguma doença - Foto: Pixabay

por Sara Gomes*

A partir dos 40 anos, a visão, progressivamente, começa a apresentar uma certa dificuldade em focalizar os objetos de perto. Essa condição, associada ao envelhecimento, recebe o nome de presbiopia mas também é conhecida como vista cansada. O público idoso também está suscetível a ter doenças como glaucoma, catarata, baixa de visão e degeneração da mácula.

Para o professor titular de Oftalmologia da Universidade Federal da Paraíba e membro emérito da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Oswaldo Travassos, a presbiopia é inicialmente observada na dificuldade de leitura para perto. “A pessoa percebe que ao afastar a leitura, as letras se tornam mais nítidas. Isso ocorre porque exige menos dos olhos no mecanismo de focalização”, disse. A doença é controlada através da correção óptica adequada.

O glaucoma e a catarata são as doenças oftalmológicas mais frequentes no público idoso. O glaucoma acomete o nervo óptico e, muitas vezes, está associado ao aumento da pressão intraocular. Oswaldo Travassos explica que o glaucoma é detectado através da medida da pressão intraocular por ocasião do exame. “Como o glaucoma não apresenta sintomas na fase inicial, a prevenção é através do exame oftalmológico a partir dos 40 anos”, orientou. O tratamento do glaucoma será definido dependendo do estágio da doença através de colírios, aplicação de raios laser e cirurgia.

Eu não sentia nada. No exame de vista anual, o médico identificou que o nervo óptico estava fragilizado, então solicitou exames mais específicos que confirmaram o glaucoma  —  Milton da Silva Lucena

O farmacêutico Milton da Silva Lucena, 77 anos, foi diagnosticado com glaucoma há seis anos em um exame de rotina oftalmológico. Como a origem do glaucoma é hereditário, Milton suspeita que tenha herdado de sua mãe. “Eu não sentia nada. No exame de vista anual, o médico identificou que o nervo óptico estava fragilizado, então solicitou exames mais específicos que confirmaram o glaucoma”, lembrou. O médico passou um colírio para controlar a doença. Ele também já fez cirurgia de catarata. “Fiz a cirurgia e segui todas as orientações do médico, então, tive uma recuperação tranquila”, contou. Sua esposa, Salomé Luna não possui glaucoma mas já usa colírio preventivo pois está na iminência da doença.

Antônio Tadeu Marinho, 63 anos, ficou os anos da pandemia sem fazer exame oftalmológico. Recentemente foi ao oftalmologista pois estava vendo que seu óculos estava com o grau vencido. No exame, a médica constatou que estava com um glaucoma avançado. “ Comecei a usar o colírio para controle da pressão ocular. A médica sugeriu também que eu fizesse uma pequena cirurgia para ampliar o campo de visão dos dois olhos”, disse.

A catarata é outra condição clínica frequente entre os idosos, em que a opacificação do cristalino, impede a boa nitidez das imagens, podendo se agravar para perda da visão. “A catarata, mesmo diminuindo a visão, é reversível. A retirada cirúrgica permite a normalização visual”, informou Travassos.

Maria das Graças de Medeiros, 68 anos, utilizava óculos grau 6 mas depois de um tempo começou a enxergar embaçado e marcou uma consulta com a oftalmologista, diagnosticando-a com catarata. Ela perguntou se Maria iria fazer a cirurgia pelo SUS ou particular. “Como não tinha condições de pagar a cirurgia, a médica fez o encaminhamento para o posto próximo à minha casa”, contou. A idosa deu entrada e depois de 30 dias foi chamada para apresentar documentação pessoal, fazendo a cirurgia 15 dias depois pelo SUS. “Vai fazer um ano que fiz a cirurgia dos dois olhos, um por vez. Tive uma recuperação tranquila, repouso de uma semana e segui as recomendações do médico.Ela foi muito bem assistida pela equipe médica e indica o SUS para todos que perguntam como foi sua experiência. “Uma vez por semana o médico realiza o mutirão, então agiliza muito a alta demanda. Eu fiquei muito satisfeita com a cirurgia. Hoje só utilizo óculos para leitura”, frisou.

Lubrificação dos olhos é um hábito que deve ser estendido à velhice

O oftalmologista Oswaldo Travassos revela ainda que existem outras situações que comprometem a visão da pessoa idosa, a exemplo da degeneração da mácula. “A mácula é uma região da retina (camada sensível à luz) que na idade avançada produz uma baixa visual de frente e central, ao ponto de não ver o rosto de uma pessoa”, declarou. A baixa de visão no idoso, geralmente, ocorre como consequência de doenças sistêmicas. “Sabe-se entre outras causas que a diabetes modifica muito a circulação interna do olho e compromete a visão”, alertou.

Lubrificação
A lubrificação dos olhos é um hábito que deve ser adquirido na vida adulta e estendido à velhice pois os olhos precisam da presença da lágrima. O oftalmologista explica que há casos em que mesmo com uma boa fabricação da mesma, ela é pouco distribuída pois o indivíduo não pisca o suficiente. “O ser humano deve piscar, no mínimo, 12 vezes por minuto, para manter a lubrificação natural dos olhos. Quando se pisca menos pode haver maior evaporação da lágrima, sobretudo, em ambientes com pouca umidade, ar-condicionado e ventilador. Estas circunstâncias contribuem para o ressecamento dos olhos, sensação de ardência e até vermelhidão”, disse. Algumas doenças sistêmicas contribuem para diminuição da fabricação da lágrima, como na artrite reumatoide.

Saiba Mais

Além do exame oftalmológico anualmente, Oswaldo Travassos, orienta alguns cuidados para manter a saúde dos olhos:

  • Tenha boa higiene
  • Evite contato com água contaminada
  • Não ponha os dedos nos olhos
  • Evite coçar
  • Caso alguma substância química venha a cair nos olhos
  • Lave os olhos abundantemente com água
  • Mantenha uma boa alimentação e vida saudável
  • Durma bem e mantenha controlada qualquer enfermidade sistêmica
  • Ter bons hábitos na aplicação visual
  • Não ler com a cabeça torta
  • A tela do computador deve estar um pouco abaixo da linha média e boa iluminação ambiental em torno de 200 Lux.
  • Evitar aplicação visual em telas continuamente acima de 30 minutos.
  • Não haver exposição do rosto ao sol, atenção nas praias, piscinas, em horários de maior incidência dos raios ultravioletas e infravermelhos, das 10h às 15h, dependendo da latitude.
  • Quando necessário, utilize óculos protetores filtrantes e escuros

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 11 de novembro de 2023.