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Ecossistemas marinhos do Litoral paraibano

publicado: 27/03/2023 12h19, última modificação: 27/03/2023 12h19
Eles são ricos não só em beleza, mas em diversidade, o que contribui para mergulhos, pesquisas e desenvolvimento da vida
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Por meio de mergulho contemplativo, é possível apreciar a riqueza de várias espécies marinhas. Fotos: Renato Vasconcelos/Divulgação
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Temidos em algumas áreas litorâneas, os tubarões pertencem a essa rica vida marinha. Fotos: Renato Vasconcelos/Divulgação
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Por meio de mergulho contemplativo, é possível apreciar a riqueza de várias espécies marinhas. Fotos: Renato Vasconcelos/Divulgação
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Os peixes têm a capacidade de se desenvolver e migrar para outros lugares, sempre à deriva, mas próximo à superfície. Fotos: Renato Vasconcelos/Divulgação
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por Ítalo Arruda*

Ricos em diversidade e beleza, os ecossistemas marinhos do litoral paraibano reúnem uma grande variedade de espécies de organismos em sua fauna e flora. Da superfície ao fundo do mar, é possível encontrar dezenas de peixes, crustáceos, tartarugas, algas, recifes, entre outros indivíduos que não só habitam e colorem o ambiente aquático, mas também contribuem com o desenvolvimento do turismo na região costeira do estado.

Os recifes de corais, por exemplo, encontrados nos mares da Paraíba – como nas piscinas naturais do Seixas e de Picãozinho, e ainda, no Caribessa, em João Pessoa, bem como nas piscinas da Ilha de Areia Vermelha, na Praia de Camboinha, em Cabedelo –, são fundamentais para a vida marinha, conforme apontam estudos científicos. Além de protegerem fisicamente as praias tropicais, esse tipo de organismo serve como “casa” para muitas outras espécies de animais aquáticos que se alojam aos seus arredores.

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Temidos em algumas áreas litorâneas, os tubarões pertencem a essa rica vida marinha. Fotos: Renato Vasconcelos/Divulgação

Preservá-los, então, é fundamental para o equilíbrio e o ordenamento da biodiversidade marinha. É o que afirma o pesquisador e professor de Oceanografia do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Cláudio Natividade. Segundo ele, os organismos que habitam o ambiente subaquático estão, basicamente, divididos em três grupos: o plâncton, o nécton e o bento.

O plâncton, que compreende um compartimento pelágico (cuja região vivem os organismos que não dependem do fundo do mar), é composto, entre outros animais, por larvas, peixes, moluscos e crustáceos. “Eles se desenvolvem nesse ambiente e, depois, podem migrar para outro lugar. Normalmente, seguem à deriva (próximos à superfície da água), acompanhando o movimento das correntes marítimas”.

Entre os néctons, estão aqueles organismos que possuem uma capacidade de natação mais elevada e podem se mover para outras áreas do mar, inclusive, um pouco mais profunda, transitando entre os ambientes coralíneos ou recifais para ambientes considerados desabrigados. “Eles podem transitar também para regiões mais fundas em busca de microrganismos que lhes servem de alimento. É o caso de alguns peixes, golfinhos, bem como de lulas e até algumas aves”.

O grupo dos bentos, por sua vez, é formado por organismos que vivem diretamente em associação com o fundo do ambiente marinho. Eles tanto podem ser fixados ao fundo do mar quanto podem locomover-se sobre o fundo, “seja no sedimento consolidado, como nos recifes, seja nos sedimentos inconsolidados (na areia)”, observa.

Recifes de corais
Locais de desova e viveiro de peixes, os recifes de corais são de extrema importância para a fauna marinha e desenvolvem um papel fundamental para a cadeia alimentar aquática. De acordo com o oceanógrafo Gilberto Alves Pekala, eles funcionam como barreiras naturais, “protegendo essas comunidades de tempestades marinhas e minimizando a ação das ondas costeiras". Além disso, os corais são substratos para algas marinhas. “As algas fazem a fotossíntese liberando compostos orgânicos aproveitados pelos corais que, por sua vez, secretam os compostos úteis às algas”, frisa.

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Os peixes têm a capacidade de se desenvolver e migrar para outros lugares, sempre à deriva, mas próximo à superfície. Fotos: Renato Vasconcelos/Divulgação

Impactos
Por se tratar de ecossistemas integrados, as atividades humanas, como a pesca irregular, o turismo náutico, entre outras ações antrópicas (ações realizadas pelo ser humano) no ambiente marinho, podem causar impactos significativos para a fauna e a flora destes espaços. Para Natividade, o ecossistema é uma rede, chamada de teia trófica, e, se há alteração em uma determinada parte, as consequências atingem todos os organismos que estão nela.

“Tomemos como exemplo uma alga, que serve de alimento para algum tipo de peixe e se desenvolve em um recife. Se essa alga for destruída ou sua população diminuir, inevitavelmente, você vai causar impacto nos peixes ou nas tartarugas que comem essa alga. E isso, consequentemente, vai causar impacto nos predadores dessas espécies que trará impactos para a população desses predadores e, com isso, proporcionar um desequilíbrio”.

Com relação às atividades de turismo, o professor do IFPB ressalta que cada uma pode ter um impacto diferente. Segundo Cláudio Natividade, o mergulho contemplativo, muito comum nas piscinas naturais – inseridas em Área de Proteção Ambiental (APA) – tem impacto mínimo. “É uma atividade que não deixa resíduos. O máximo que ela vai soltar serão partículas de CO2 (bolhas de ar) da própria respiração humana. Neste caso, não se trata de uma consequência grave”.

No entanto, a embarcação que leva o mergulhador, conforme explicação do pesquisador, pode causar problemas. “Quando ele fundeia (processo de ancorar o barco), por exemplo, para sustentar a embarcação, pode atingir alguma região de recifes, corais ou naufrágio. É preciso ter cuidado”, ressalta. Natividade destaca que uma alternativa para este problema é o plano de manejo, um documento que vem sendo elaborado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) em parceria com pesquisadores, professores e colaboradores com o objetivo de regulamentar o uso do espaço. “É uma medida importante para planejar, organizar, minimizar os conflitos de uso do ambiente e potencializar os recursos positivos”, avalia Natividade ao defender “que é importante manter essas áreas saudáveis, tendo em vista que quanto mais preservado for, mais atrativo será”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 26 de março de 2023.