A Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) divulgou, ontem, o edital do Concurso Arte e Grafite, que, nesta edição, homenageia o cantor, compositor e escritor paraibano Zé do Norte, com a música “Lua Bonita”. O concurso selecionará um trabalho artístico que retrate a canção.
O projeto vencedor, além de ganhar o direito de grafitar o desenho no muro da sede da Rádio Tabajara, em João Pessoa, também receberá o prêmio de R$ 6 mil. A inscrição é gratuita e seguirá aberta até o dia 28 de abril, podendo ser feita de forma presencial ou on-line.
A iniciativa busca a divulgação e a valorização da grafitagem, a preservação do patrimônio histórico e cultural e a promoção da manifestação artística. Para a jornalista e diretora-presidente da EPC, Naná Garcez, o concurso – que já é uma marca da empresa e, em 2023, chega à quinta edição – é uma forma de valorizar ainda mais a arte, a história e a memória do artista homenageado, que contribuiu, ao longo da sua trajetória, para a cultura da Paraíba”.
“Será uma galeria ao ar livre, já que o muro a ser grafitado tem cerca de 18 metros de extensão e ficará à mostra para milhares de pessoas que circulam diariamente pela Avenida Pedro II, onde está localizada a Rádio Tabajara”, destacou Naná, ressaltando que Zé do Norte ficou mundialmente conhecido pela música “Mulher Rendeira”, um dos seus maiores sucessos.
A comissão julgadora do concurso Arte e Grafite – Muro Zé do Norte será formada por três jurados, sendo um representante da EPC, um representante da Fundação Espaço Cultural (Funesc) e um representante da área de design. Se necessário, a EPC poderá, ainda, convidar para o júri profissionais reconhecidos no campo das artes plásticas, especificamente da pintura ou do grafite.
Inscrições
De acordo com o edital, publicado na edição de ontem do Diário Oficial do Estado (DOE), a inscrição presencial deverá ser feita na sede do Jornal A União, que fica na Avenida Chesf, nº 451, Distrito Industrial (Br 101 - Km 03), no período de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 13h às 15h30.
No ato da inscrição, além do projeto artístico com desenho colorido, em folha de papel A4, o candidato deverá entregar ficha de inscrição devidamente preenchida, cópias autenticadas do RG, CPF, comprovante de residência, além de certidões municipal e federal.
Quem optar pela inscrição on-line, deverá enviar a mesma documentação para o e-mail cpl@epc.pb.gov.br . Os documentos originais, no entanto, a pedido da própria EPC, também deverão ser apresentados. Além disso, cada candidato só poderá realizar uma única inscrição e submeter um só desenho.
Etapas
Os projetos inscritos passarão por uma análise técnica entre os dias 1 e 2 de junho. A divulgação do projeto vencedor, conforme cronograma do item quatro do edital, está prevista para o dia 5 de junho, com a publicação do resultado no DOE, no Jornal A União e no site da Rádio Tabajara (www.radiotabajara.pb.gov.br).
Já a pintura do desenho deverá ser realizada no período de 12 de junho a 3 de julho de 2023.
Zé do Norte
Ele nasceu Alfredo Ricardo do Nascimento em Cajazeiras no dia 18 de dezembro de 1908 e morreu no Rio de Janeiro no dia 2 de outubro de 1992. O Zé do Norte, como ficou conhecido, era órfão de pai e de mãe. Viveu uma infância pobre. Trabalhou na enxada, catou algodão e foi tropeiro.
O gosto pelas cantorias veio ainda na infância, sem nunca imaginar que isso pudesse um dia lhe trazer algum sucesso na vida.
Em 1921, seguiu para Fortaleza onde alistou-se no Exército, indo servir no Rio de Janeiro.
Convidado para cantar, atuou em programa de rádio e aí começou o seu grande sucesso com uma embolada de sua autoria. Depois foi levado para a Rádio Tupi onde cantou adotando o pseudônimo de Zé do Norte, em 1940.
“Em 1941 ele foi para a Rádio Transmissora Brasileira (atual Rádio Globo) e participou de programas, como “Desligue, Faz Favor “ e “Hora Sertaneja”. Passou depois para as rádios Fluminense, Clube do Brasil, Guanabara, atuando como animador, organizador, cantor e declamador. Nesse tempo, Zé do Norte lançou em programa de rádio o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga, o futuro Rei do Baião.
Zé do Norte publicou o livro “Brasil Sertanejo” em 1948 e cinco anos depois atuou como consultor do linguajar nortista e compositor no filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto (1953). Sua música “Mulher Rendeira” (sobre motivo atribuído a Virgulino Ferreira, o Lampião) ficou mundialmente conhecida após ser incluída no referido filme.
Entre suas mais de 100 composições, a segunda mais famosa é “Sodade Meu Bem, Sodade” (1953), regravada por vários intérpretes, como Nana Caymmi, Pena Branca e Xavantinho, Socorro Lira, Marcus Lucenna, Xangai e Maria Bethânia.
Suas músicas foram interpretadas por uma gama variada de artistas, incluindo Raul Seixas (ele gravou uma bela versão de Lua Bonita, no disco A Pedra do Gênesis, de 1988), Caetano Veloso (ele inseriu a música Sodade, Meu Bem, Sodade, no disco Transa, de 1972, ao longo da execução de sua música It’s a Long Way, muito embora não tenha dado os devidos créditos ao autor), Geraldo Azevedo (Meu Pião) e Joan Baez”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de abril de 2023.