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Einstein descreve em diários visões de racismo e xenofobia

publicado: 17/06/2018 00h05, última modificação: 17/06/2018 17h35
Einstein

O físico alemão Albert Einstein embarcou para a viagem que registra nos diários junto com a sua mulher Elsa - Foto: Getty Images

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Da BBC News

Diários de viagens recentemente publicados revelam visões racistas e xenofóbicas do físico alemão Albert Einstein, cientista mais famoso do mundo e “pai” da Teoria da Relatividade - que chegou a se engajar, contraditoriamente ou não, na luta contra o racismo que enxergava, no século 20, nos Estados Unidos.

Escritos entre outubro de 1922 e março de 1923, os diários registram as viagens que fez com a mulher Elsa, por países da Ásia e do Oriente Médio, mostrando generalizações negativas que usava para descrever povos e áreas que encontraram nessas regiões, com particular crueldade quando se refere aos chineses.

“São pessoas industriosas, imundas e obtusas”, escreveu sobre eles em um dos trechos.

Einstein defenderia mais tarde os direitos civis nos Estados Unidos, chamando o racismo de “doença de pessoas brancas”.

Esta é a primeira vez que os diários são publicados como um volume independente em inglês.

Publicado pela Princeton University Press, The Travel Diaries of Albert Einstein: The Far East, Palestine, and Spain, 1922-1923 (Os Diários de Viagem de Albert Einstein: O Extremo Oriente, Palestina e Espanha, 1922-1923, em tradução livre) foi editado por Ze’ev Rosenkranz, diretor assistente do Projeto Einstein Papers, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Einstein viajou da Espanha para o Oriente Médio, passando depois pelo Sri Lanka - na época chamado de Ceilão - a caminho de China e Japão.

O físico descreve a chegada a Port Said, no Egito, dizendo ter deparado com “levantinos de todas as tonalidades ...”, se referindo a pessoas de uma grande área do Oriente Médio chamada Levante, “como se fossem vomitados do inferno” e entrassem em seu navio para vender mercadorias.

Também descreve seu tempo em Colombo, no Ceilão, afirmando que o povo “vive com uma grande imundície e considerável fedor no chão” e “faz pouco e precisa de pouco”.

Seus comentários mais ferozes têm como alvos, porém, o povo chinês.

De acordo com uma reportagem do jornal britânico The Guardian sobre os diários, Einstein descreve crianças chinesas como “sem espírito e obtusas”, e diz que seria “uma pena se os chineses suplantassem todas as outras raças”.

Em outros registros, ele chama a China de “nação peculiar, com cara de rebanho” e “(com a população) mais parecida com autômatos do que com gente”, antes de afirmar que há “pouca diferença” entre homens e mulheres chineses e questionar como os homens são “incapazes de se defender” da “atração fatal” feminina.

Reconhecido por seu brilhantismo científico e seu humanismo, Einstein emigrou para os EUA em 1933, após a ascensão de Adolf Hitler e do partido nazista na Alemanha.

O cientista judeu descreveu o racismo como “uma doença de brancos” em um discurso que fez em 1946 na Universidade Lincoln, na Pensilvânia.