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Consumidor precisou se adequar às tarifas mais caras para usar o serviço

Em 12 meses custo do transporte por aplicativo sobe quase 40%

publicado: 23/11/2022 10h09, última modificação: 29/12/2022 16h13
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Preços de corridas passaram a subir no final do ano passado, elevando as despesas dos clientes - Foto: Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

por Thadeu Rodrigues*

 

O custo para utilizar os serviços de transporte por aplicativo aumentou 39,79%, no período de outubro de 2021 a setembro de 2022, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e que mede a inflação do país. Por outro lado, itens como combustíveis, que têm um grande peso na formulação do IPCA, reduziram 17%. Para continuar andando de carro, os consumidores têm de se adequar às tarifas mais caras.

O IPCA de setembro deste ano (considerando os 12 meses anteriores) foi de 7,17% e apontou um aumento de 13,89% na inflação do automóvel novo, considerando indicadores como emplacamento e licenciamento (16,73%), seguro voluntário de veículo (41,25%), óleo lubrificante (14,82%), acessórios e peças (9,64%), pneus (14,42%) e conserto de automóvel (12,37%).
No segmento dos combustíveis, o valor da gasolina diminuiu 18,65% e o do etanol, 24,39%. Já o diesel subiu 45,19% e o gás natural veicular, 20,85%. Apesar das reduções, andar de Uber ou 99 Pop, entre outros aplicativos, ficou bem mais caro.

A estudante Monaliza de Farias, residente em João Pessoa, vai de carro todo dia para o estágio, desde 2020, para evitar o contágio de Covid-19. Mas, desde o final do ano passado, ela constatou que os valores ficaram muito mais caros.

“Eu percebi que, desde o final do ano passado, o preço da corrida de casa para o estágio dobrou. No começo, eu pagava uma média de R$ 5 no deslocamento da Torre para o Centro. Depois, os valores foram aumentando para R$ 7, R$ 9, R$ 12 e até R$ 15. Daí, eu troquei para outro aplicativo que manteve o valor acessível”, conta.

Dificuldades
Monaliza de Farias destaca que utilizar aplicativo de transporte ficou insustentável. “Mesmo mantendo a tarifa mínima, se eu pego uma corrida em outro horário diferente do habitual, percebo que ficou mais caro. Nos últimos tempos, está complicado pedir viagem. A quantidade de motoristas reduziu, há muitos cancelamentos e muitos carros velhos”, reclama a usuária.

O estudante Matias Araújo utiliza os serviços de transporte por aplicativo aos finais de semana, quando sai para bares e boates. Ele também apresenta queixas sobre os valores, sobretudo, com relação à tarifa dinâmica. “Moro no bairro de Expedicionários e a corrida para Tambaú dava aproximadamente R$ 10, há pouco mais de um ano. Mas, em junho, eu ia a uma festa por volta das 23h e o valor chegou a quase R$ 40. Acabei saindo de carro mesmo”, diz.

Empresas alegam equilíbrio de mercado

A reportagem entrou em contato com as duas maiores empresas do setor. A assessoria da Uber respondeu que “como o IPCA/IBGE se refere aos ‘aplicativos de transporte’ no geral, faz mais sentido que a associação que representa o setor responda”. A assessoria da 99 Pop não respondeu o e-mail.

De acordo com a associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), as empresas associadas buscam equilibrar as demandas dos motoristas e a situação econômica dos usuários.
“Em relação à política de preços das corridas, cada plataforma tem políticas e estratégias próprias, já que se trata de um setor dinâmico e competitivo. Porém, é possível considerar que o preço é influenciado majoritariamente por fatores como o tempo e distância dos deslocamentos, categoria do veículo escolhido, nível de demanda por corridas no horário e local específicos, entre outros”, afirma a associação, em nota.

Motoristas reclamam
Rodrigo Henrique é motorista de aplicativos há seis anos e afirma que, mesmo com as corridas mais caras, quem dirige não está lucrando mais. “Os custos de manter um carro rodando não são baixos. O que eu vou ganhar com uma corrida de R$ 7, quando tirar o gasto com gasolina e a porcentagem da empresa, que é mais de 20%?”, indaga o motorista.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de novembro de 2022.