A convite do Governador de Minas Gerais, a Empresa Paraibana de Comunicação – EPC (Jornal A União e Rádio Tabajara), participou de uma press trip para o Circuito dos Diamantes/Espinhaço, dentro do projeto “Cozinha de Inverno”, que combina a gastronomia com o aconchego do frio. No período de 27 a 30 de junho último, 40 jornalistas de todas as regiões do Brasil vivenciaram a experiência em cinco roteiros preparados para esse período, iniciando a programação em Belo Horizonte, com um jantar de boas-vindas, no Palácio da Liberdade, comandado pelo chef Leonardo Paixão, expoente da cozinha mineira contemporânea.
Os jornalistas foram recebidos pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira. “O inverno em Minas significa mostrar para o Brasil e para o mundo a potência desse período no estado como um todo. De Monte Verde a Tiradentes, passando pela região da Mantiqueira e outras regiões, as cidades estão realmente preparadas para acolher quem quer vir”, afirma o secretário. O belíssimo Palácio da Liberdade, uma construção de 1897, no estilo neoclássico, muito bem conservado, é um verdadeiro convite ao passado, pois o seu estilo arquitetônico vai desde o Luís XV ao mourisco. O palácio ainda mantém a linda escadaria fundida na Alemanha, no estilo art nouveau, que chegou ao local desmontada. Além da bela escada, o visitante também vai poder conhecer os aposentos da rainha que ainda mantém o mobiliário original muito bem conservado.
Roteiros
Os jornalistas foram divididos em cinco roteiros do projeto, envolvendo belezas naturais, patrimônio histórico, tranquilidade, aventura e as delícias da cozinha mineira. O roteiro Território dos Vinhos passou por Três Pontas, Caldas, Andradas e São Gonçalo do Sapucaí; o roteiro Território Sul de Minas passou por Extrema, Gonçalves e Monte Verde; já o roteiro Território Serra da Canastra/Mar de Minas é composto por São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita; enquanto o roteiro Território Espinhaço/Diamantes envolve Diamantina, São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde, Serro e Lapinha da Serra; e o quinto roteiro, o Território Estrada Real com Santuário do Caraça, envolve Catas Altas, Santana do Montes e Tiradentes no percurso.
A jornalista paraibana Teresa Duarte ficou no roteiro da Serra da Canastra/Mar de Minas e foi conhecer queijarias nos municípios de São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita. O turismo de vivência e experiência na rota do queijo mineiro é uma atividade extremante saborosa que requer muito amor, dedicação e conhecimento. Vale destacar que o Queijo Minas Artesanal, até dezembro próximo, deve se tornar Patrimônio Mundial da Unesco. Na última semana, esse e outros tipos de produto foram apresentados em uma ação cultural do Governo de Minas na Embaixada do Brasil em Paris. Participar de um roteiro que te leva à experiência da fabricação do queijo mineiro, bem como à degustação dessa delícia é realmente uma expediência incrível.
Famílias tradicionais dão o tom na gastronomia mineira
A vida dos produtores do queijo mineiro tem muita simplicidade. São famílias que residem em pequenas fazendas leiteiras e se dedicam a essa cultura. Eles recebem os turistas com um lanche regado a café, bolo, iogurte, doce e, é claro, o queijo mineiro. Em São João Batista do Glória, nós fomos conduzidos pela Mônica Ferreira de Araújo, Secretária de Turismo, Esportes e Lazer, e a primeira visita foi à Queijaria Tradição Vilela, que é uma das mais tradicionais na Serra da Canastra. E foi lá que encontramos Laís Vilela, uma jovem determinada e apaixonada pela fabricação do queijo artesanal. Ela juntamente com os seus pais comandam não somente a produção do queijo, bem como uma variedade de produtos artesanais, incluindo doces de leite, de frutas, geleias e licores, todos criados de forma orgânica na fazenda.
- Turistas são sempre recebidos com um saboroso lanche regado a café, bolo, iogurte, doce e outras iguarias da região
Eles são a quinta geração da Queijaria Tradição Vilela, na produção do Queijo Canastra Casca Florida, que é um dos mais cobiçados, devido ao mofo natural causado pela temperatura e pela umidade da fazenda, dando um sabor inigualável ao produto. Os turistas são recebidos em um pequeno espaço com uma linda decoração, em meio a flores e vegetação típica da região. “Aos pouquinhos, nós fomos crescendo e abrindo as portas para o turismo. Hoje nós produzimos cerca de 10 peças do queijo ao dia, a ordenha é feita toda natural com o bezerro ao pé, ou seja, o processo do queijo Canastra é feito da seguinte maneira: nós ordenhamos as vacas, e, após a ordenha, já colocamos o coalho, é hora de colocar o pingo, que é um fermento natural, levando 15 dias de maturação”, explicou.
Outra queijaria visitada, que é um ponto de parada obrigatória para o turista, foi a Queijaria Quintal da Glória, pois é lá que o turista vai ter uma experiência incrível, conhecendo a rotina de uma propriedade leiteira e uma queijaria. A proprietária Nilseia Vilela conta que o queijo mudou a vida da sua família, pois ela e o seu esposo Renato, saíram do comércio de material de construção para produção do queijo. “Para aprender a fazer o queijo, eu busquei ajuda e consegui entender como produzir um produto de qualidade. O queijo representa, para nós, recomeço de vida. Logo que fechamos nosso comércio de material de construção, o queijo veio para nós como um presente de Deus. Nunca imaginei fazer queijo e hoje não imagino a minha vida e do meu esposo sem ele, até meus filhos não nos veem mais fazendo outra coisa”, afirma.
Em São Roque de Minas/Vargem Bonita, a equipe foi recebida pelo secretário de turismo Ney Martins, e a nossa primeira visitação foi à Queijaria Roça da Cidade.
Queijo da Canastra, indicação de procedência e qualidade
Você já se imaginou em um mirante com bela contemplação, degustando um queijo que possui o selo de Indicação de Procedência da Aprocan (Associação dos Produtores de Queijo da Canastra), que atesta sua autenticidade, isso é possível na queijaria do Adriano. Eu estou falando do Empório Velho Chico, um queijo que já recebeu premiações importantes e é elaborado com leite cru de gado criado livre no pasto, sal de forma moderada a acentuar o sabor, pingo e coalho. A casca é amarelo-ouro, um pouco lisa, com o interior branco, a textura fica macia e cremosa quando no estado de meia-cura e, quanto mais curado, mais o sabor se acentua e a massa vai ficando mais firme. O sabor é suave com leve acidez típica dos queijos produzidos na região da Canastra. Por se tratar de um produto natural, o mesmo tem variação de cor, podendo apresentar casca rústica conforme a época do ano.
Produto é elaborado com leite cru de gado criado livre no pasto
Reinaldo de Farias Costa, proprietário da Queijaria do Reinaldo, já nasceu no ambiente da produção do queijo mineiro. Ele já recebeu diversas premiações nacionais e também internacionais. “Eu não troco a tranquilidade que eu tenho com o meu trabalho na queijaria por nada nesse mundo, pois aqui eu trabalho juntamente com a minha família e é isso que importa”, revela. A Queijaria do Reinaldo tem uma produção de 40 a 50 peças por dia. Ele conta que iniciou o seu comercio vendendo o queijo na porta de casa, depois construiu um ponto comercial ao lado da sua residência onde vende os produtos até os dias atuais. A qualidade do Queijo do Reinaldo é fruto do trato com o gado, da raça girolando, tratada a pasto e com o cuidado e respeito necessários. Assim, com dedicação genuína e muito cuidado, Reinaldo produz seus queijos, seguindo a receita tradicional do Meia Cura Artesanal da Canastra: Leite, Sal, Pingo e Coalho. Ele já recebeu os seguintes prêmios: Campeão do Concurso Estadual Queijo Minas Artesanal de 2020; Medalha de Prata no Concurso Estadual Queijo Minas Artesanal de 2018; Medalha de Prata no Concurso Queijo Brasil de 2018; Medalha de Prata no Mondial Du Fromage 2017 na França; e a Medalha de Prata no Concurso Queijo Brasil 2017.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 04 de julho de 2024.