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Espaço emblemático

publicado: 15/01/2024 10h14, última modificação: 15/01/2024 10h14
Projeto original da Praça Venâncio Neiva, em 1917, previa um rinque de patinação, mas, posteriormente, foi retirado para a construção de um equipamento que dá nome extraoficial ao logradouro: Pavilhão do Chá
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Inauguração da praça teve a bênção do arcebispo metropolitano da época, Dom Adauto de Miranda Henriques - Foto: Edson Matos
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Pavilhão do Chá, inaugurado em julho de 1931, foi concebido originalmente para reunir a elite da capital paraibana - Foto: Edson Matos
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Projetado pelo arquiteto italiano Pascoal Fiorillo, o coreto é decorado com elementos de estilo grego e renascentista - Foto: Edson Matos
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por Julio Silva*

A Praça Venâncio Neiva é um dos espaços mais emblemáticos e históricos do Centro da capital paraibana. A inauguração do logradouro data de 1917, durante o governo de Francisco Camilo de Holanda. Mas, durante o governo de João Pessoa, a praça começou a ganhar uma construção que acabaria dando o nome “extra-oficial” ao lugar: o Pavilhão do Chá.

No projeto original da praça tinha um rinque de patinação (posteriormente retirado para a construção do Pavilhão do Chá). Também possuía uma fonte de mármore e um coreto projetado pelo arquiteto italiano Pascoal Fiorillo, de formato circular, com 52 metros quadrados, decorado com elementos de estilo grego e renascentista.

A inauguração da Venâncio Neiva, ocorrida no dia 21 de julho de 1917, teve a bênção do arcebispo metropolitano da época, Dom Adauto de Miranda Henriques, e a presença do presidente do estado (como era chamado o governador), Camilo de Holanda, além de diversas autoridades.

Praça, inaugurada em 1917, e coreto, entregue à população em 1931, foram tombados pelo governo paraibano em 26 de agosto de 1980, por meio de um decreto assinado pelo então governador Tarcísio de Miranda Burity

Já a construção que é o ponto de referência do logradouro, o Pavilhão do Chá, concebida originalmente para reunir a elite de uma capital paraibana em franco crescimento, foi concluída na administração do sucessor de João Pessoa, Anthenor Navarro. A inauguração foi em 26 de julho de 1931, exatamente um ano após a morte trágica do presidente do estado, em Recife, capital pernambucana.

A praça e o coreto foram tombados pelo governo paraibano em 26 de agosto de 1980, por meio de um decreto assinado pelo então governador Tarcísio de Miranda Burity.

A edição do jornal A União de 22 de julho de 1917, dia seguinte à inauguração da Praça Venâncio Neiva, relatou que o evento atraiu “uma grande percentagem da população” da capital e descreveu assim o novo espaço público da cidade: “A Praça Venâncio Neiva tem dois lados corridos de balaustrada de cimento armado, construída para sanar defeitos físicos do terreno, que foram assim inteligentemente apropriados em benefício da beleza do conjunto. No ângulo que dá para a Rua da República, a oeste, levanta-se um pavilhão em estilo gótico, com a cúpula sobre colunas duplas de muito bom gosto, correndo uma faixa acima dos capitéis, toda bordada de molduras e outros motivos de arte”, diz um trecho da matéria.

Contexto social e político

A obra veio em uma época de pujança econômica para o então estado da Parahyba do Norte, que desde o início da década de 1910, com a consolidação da República e o apoio das elites, passava por um processo de modernização.

A eleição de Epitácio Pessoa como presidente da República, para comandar o país entre 1919 e 1922, garantiu ao estado mais recursos para construções de prédios e logradouros públicos, praças e avenidas.

Quase na mesma época da Praça Venâncio Neiva, foram inauguradas outras obras importantes do hoje Centro Histórico da cidade, como a Praça Aristides Lobo e a balaustrada da Rua das Trincheiras.

Conheça o jurista paraibano Venâncio Neiva

O jurista e político paraibano Venâncio Augusto de Magalhães Neiva, que dá nome à praça, nasceu em 21 de julho de 1849 e se formou em Direito pela Faculdade de Olinda, em 1873. Foi escolhido pelo marechal Deodoro da Fonseca como presidente provisório da Paraíba em 6 de dezembro de 1889. Em julho de 1891 foi eleito o primeiro presidente republicano da história do Estado, que na época era Parahyba do Norte, mas em dezembro do mesmo ano foi deposto por ordem do marechal Floriano Peixoto.

Após ser afastado, voltou a ocupar o cargo de juiz na cidade de Catolé do Rocha. Venâncio fundou, então, o Partido Autonomista, para chefiar a oposição no estado. Durante o governo do presidente Campos Sales (1898-1902), foi nomeado juiz federal na Seção da Paraíba, permanecendo no cargo até 1915.

Em 1918, apoiado por Epitácio Pessoa, se tornou senador ao assumir o lugar de João Maximiano de Figueiredo. Em 1927, foi eleito para permanecer no Senado, mas o mandato foi extinto com a dissolução do Congresso Nacional durante a Revolução de 1930. Ele morreu em 17 de fevereiro de 1939, no Rio de Janeiro.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 14 de janeiro de 2024.