Notícias

Estátua de Jesus Cristo escondia “cápsula do tempo” com 240 anos

publicado: 09/12/2017 19h26, última modificação: 09/12/2017 19h26
09-12-2017-F-jesus.jpg

Além de identificar o escultor da estátua como Manuel Bal, o pergaminho revela informações sobre a data em que foi escondido e também indicações de como era a vida de então - Foto: Ciberia/Reprodução

tags: jesus cristo , cápsula do tempo , restauração , religião , espanha


Por Ciberia/ZAP

Especialistas de restauro descobriram uma espécie de “cápsula do tempo” dentro de uma estátua de Jesus Cristo, datada do século XVIII. Um achado surpreendente em Burgos, na Espanha. A descoberta aconteceu durante trabalhos de restauro no chamado ‘Cristo de Miserere’, uma estátua de Jesus Cristo, datada do século XVIII, que se encontrava exposta na Igreja de Santa Águeda, no município de Sotillo de la Ribera, em Burgos.

Os técnicos da empresa Da Vinci Restauro encontraram, dentro do que são as nádegas da estátua de madeira, um pergaminho escrito em 1777 com informação econômica, religiosa, política e cultural da época. A agência EFE informa que o documento, com duas páginas, está assinado pelo capelão da Catedral do Burgo de Osma, município da comunidade autônoma de Castela e Leão, Joaquín Mínguez.

“Se bem que seja comum que muitas esculturas sejam ocas, não é tão comum encontrar documentos escritos à mão no interior”, afirma o historiador Efrén Arroyo, membro da Confraria da Semana Santa de Sotillo de la Ribera que ordenou o restauro da obra, citado pelo jornal espanhol El Mundo. Arroyo classifica o documento como uma espécie de “cápsula do tempo”, realçando que teria sido escondido para ser encontrado anos mais tarde como testemunho da época em que foi escrito.

Além de identificar o escultor da estátua como Manuel Bal, o pergaminho revela informações sobre a data em que foi escondido e também indicações de como era a vida de então. Segundo Mínguez, os passatempos preferidos da população eram as “cartas” e a “bola”, entre “outros jogos pueris”.

O capelão também conta no documento o que se cultivava nos campos, mencionando “colheitas de trigo, centeio, cevada, aveia” e vinho em abundância. Ele menciona, igualmente, as doenças mais comuns, citando as “terçãs e quartãs”, isto é, “febres de paludismo de três e quatro dias”, mas também “dores nas costas” e febres tifoides.

“A Corte está em Madrid”, pode ler-se no documento que menciona, ainda, que “há Correio e Gazeta para as notícias” e que “há Inquisição, pois não deve haver erros contra a Igreja de Deus”. O pergaminho original foi enviado para preservação no arquivo do Arcebispado de Burgos, mas os restauradores manterão uma cópia do documento no interior da estátua, para que as gerações futuras tenham também oportunidade de testemunhar a peculiar “cápsula do tempo”.