Vivemos em uma sociedade onde 71% das crianças brasileiras citam o tablet ou celular como o brinquedo preferido, segundo uma pesquisa realizada pelo canal Gloob. O Cine Miau — Mostra Internacional Infantil de Audiovisual — surgiu como uma opção de lazer voltada à criançada para além de eletrônicos, oferecendo um momento cultural em família. João Pessoa vai ser a última cidade a sediar a sexta edição do Cine Miau, que começa no dia 5 de novembro e segue até o dia 9, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. Toda a programação é gratuita.
A sexta edição do Cine Miau já passou pelas cidades de Fortaleza, Sobral e Maracanaú, todas do estado do Ceará. Com uma programação diversificada, o evento terá sessões exclusivas para alunos de escolas públicas e projetos sociais, sessões ao ar livre abertas ao público, além de debates sobre os filmes exibidos. Ao todo, serão 10 sessões de cinema, sendo oito exclusivas para escolas públicas e duas para o público em geral.
O cinema da Usina Cultural possui capacidade para 300 lugares; o critério será a ordem de chegada.
Criado em 2019, o Cine Miau já passou por 21 cidades, 62 escolas e 35 espaços públicos, alcançando mais de 31 mil pessoas, com uma proposta educativa que vai além da tela, incentivando o pensamento crítico e a criatividade das crianças. O diretor do projeto, Osiel Gomes, explica que o objetivo do Cine Miau é democratizar o acesso ao audiovisual. “O cinema é um lazer que custa caro para as famílias, então a gente procura oportunizar conteúdos diferentes do que as crianças têm normalmente acesso”, disse.
Logo, a equipe da Mostra selecionou com muito critério 13 curtas-metragens nacionais e internacionais. A narrativa dos filmes, segundo Oziel Gomes, conta a história de personagens que contemplam uma maior diversidade de infâncias do Brasil. “Crianças negras, brancas, quilombolas ou com alguma deficiência podem se ver na tela do cinema como protagonistas da cena. Isso contribui também para a criação de novos imaginários para essas crianças”, frisou.
Além disso, todos os curtas exibidos possuem recursos de acessibilidade, como audiodescrição, legenda descritiva e intérpretes de libras, além de 10 fones abafadores para autistas disponíveis ao público.
Por fim, o diretor do Cinema Miau destaca a sensibilidade de empresas, como a concessionária de energia elétrica na capital, em apoiar projetos que oferecem a possibilidade de crianças se desligarem das telas.
Diversidade
Nesta edição, a mostra trará filmes que abordam temas como diversidade, imigração e acessibilidade, além de promover o lançamento do curta-metragem “Quilombo Encantado — A Jornada de Pilar”, produzido, integralmente, por um grupo de 10 alunos de 12 anos, da Escola Municipal Quilombola Professora Antônia do Socorro Silva Machado, de João Pessoa. Os estudantes participaram da oficina “Processos Criativos de Cinema para o Público Infantil”, em junho deste ano. Foram 40 horas de atividades conduzidas pelo cineasta Felipe Leal, com aulas de teoria, criação e prática. O curta será exibido no dia 8 de novembro, na Associação da Comunidade Negra de Paratibe, onde os jovens realizadores terão a oportunidade de conferir, pela primeira vez, a exibição no cinema do filme de sete minutos que produziram, do argumento à montagem, incluindo roteiro, figurino, sonoplastia, direção e atuação. Na ocasião, eles receberão seus certificados em uma cerimônia especial.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de outubro de 2024.