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Evento debate uso medicinal da maconha em João Pessoa

publicado: 29/09/2017 00h05, última modificação: 29/09/2017 11h41
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“Mães que cuidam cultivando” conta com a presença da primeira mãe a cultivar a cannabis sob autorização judicial - Foto: Divulgação

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Mariana Lira
Especial para A União

Hoje, às 18h30, a Liga Canábica da Paraíba realizará a palestra “Mães que cuidam cultivando”, que aborda o uso da cannabis para fins medicinais. O evento conta com a presença de Margarete Brito, a primeira mãe brasileira a cultivar cannabis sob autorização judicial. A atividade acontecerá no Auditório do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Margarete, mãe de Sofia, é uma das personagens do documentário ‘Ilegal - A vida não espera’, no qual expressa a dor de ter, de um lado, uma filha com epilepsia retroativa, do outro um remédio que controla e trata a doença e, entre eles, uma lei que a proíbe.

A mãe, que conheceu casos de tratamento com CBD - substância extraída da cannabis - na internet, teve coragem de cultivá-la por conta própria, extrair o óleo e medicar a filha para controlar suas crises epilépticas. Ao vivenciar os resultados positivos da cannabis, Margarete iniciou a luta para ter um amparo judicial para atividade. Os detalhes dessa história, serão testemunhados por ela durante o evento da Liga Canábica.

A Liga Canábica surgiu da união de pais e mães que precisam tratar seus filhos portadores de epilepsia de difícil controle com um óleo extraído da Cannabis. A ausência do tratamento aumenta e intensifica as crises epilépticas e atrasa, consideravelmente, os ganhos motores e cognitivos dos pacientes. A luta para ter acesso legal à planta começou em 2014, mas só em setembro de 2015, formou-se a Liga Canábica da Paraíba, como resultado do amadurecimento da causa.

Conforme Júlio Américo, presidente do movimento, a Liga Canábica conta, atualmente, com a participação e o apoio de usuários da cannabis para tratamento de diversas patologias, como alzheimer, parkinson, esclerose múltipla, fibromialgia, dor crônica, câncer, pessoas no espectro autista e epilepsia. Além dos pacientes, há o apoio por parte de ativistas, de pessoas do poder público, professores, pesquisadores, médicos, comunicadores, entre outros cidadãos que acreditam na eficácia da cannabis medicinal e se interessem em integrar a luta.

O propósito central da Liga é a criação de políticas públicas que deem acesso universalizado e qualificado à planta, que preveja a formação da classe médica, pesquisas nas universidades, superação do preconceito, produção nacional à serviço da sociedade, acessibilidade a toda população e eventos culturais para desmistificar a cannabis.

A luta também busca o reconhecimento da cannabis como uma planta tradicional, que contém cerca de 100 substâncias com eficácia medicinal, e com a qual convivemos há mais de cinco mil anos. Os tópicos defendidos pelo movimento podem ser consultados na íntegra no site www.ligacanabicapb.com.br.

Júlio explica que o movimento fomenta-se em princípios, quais sejam: relacionamento, pluralidade, horizontalidade e descentralização. Ou seja, o grupo enfatiza a solidariedade através da superação de diferenças e preconceitos. Em decorrência do primeiro princípio, o segundo assegura a diversidade de apoiadores. O terceiro e o quarto afirmam que não há uma hierarquia ou um centro dentro do movimento, mas subdivide-se em grupos de diferentes especializações, unidos pela mesma causa.

A palestra “Mães que cuidam cultivando” faz parte de um processo de aproximação da sociedade com a realidade medicinal da planta.