Surgida na França, no ano de 1826, a fotografia encantou gerações pela capacidade de “congelar” o tempo e eternizar memórias. Porém, apenas em um passado recente o acesso às câmeras foi democratizado. Com os smartphones, o ato de fotografar e ser fotografado, antes exclusivo de ocasiões especiais ou restrito a pessoas de maior poder aquisitivo, tornou-se algo corriqueiro. As inovações conquistaram até mesmo os fotógrafos profissionais, que não negam a praticidade que elas trazem, mas que, por outro lado, não abandonam as técnicas tradicionais de fotografia.
Memória
Cleper Dantas foi professor de Fotojornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, por mais de 30 anos e pôde experimentar os dois mundos da fotografia: o analógico e o digital. “Meu pai sempre gostou de fotografia, tirava fotos minhas quando eu ainda era recém-nascido. E eu peguei esse gosto também, usava as câmeras dele e montei um laboratório de revelação embaixo da escada da nossa casa. Depois, comecei a fazer uns postais com as fotos que tirava e a vendê-los. Não demorou muito para eu começar a pegar alguns eventos como assistente de Machado Bittencourt”, recorda o fotógrafo.
Apesar de ter fotografado algumas vezes para o Diário da Borborema, Cleper se tornou referência na fotografia de eventos, chegando a registrar imagens do jogador Pelé e do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Hoje, aposentado, o professor guarda um acervo de fotografias e máquinas que marcaram seu trabalho. “Tenho uma Hasselblad 6x7, uma Leica M3, uma Pentax 120mm, câmera que J.R Duran usava para fazer as capas da revista Playboy”, cita. “Mas tudo tem o seu tempo. Quando o digital começou a surgir, eu fiquei relutante. Íamos fotografar eventos e a minha equipe usava câmeras digitais, só eu continuava usando o filme. Porém, hoje vejo que há época para tudo. Hoje, eu mesmo uso mais o celular para fazer fotos do que as câmeras. É mais prático e os celulares estão vindo com ótimas configurações, então não sou mais relutante quanto a isso”, garante.
Adaptação
Xico Morais, um dos pupilos de Cleper, foi um dos fotógrafos que não temeram o digital. “Faz um tempo que a revelação de fotos diminuiu muito, eu tenho o laboratório aqui para impressão, mas só quem procura mesmo são profissionais da área. Dos clientes comuns, 80% optam só pelo arquivo digital e isso até facilita nosso trabalho. Terminou o evento, é só mandar as miniaturas, eles escolhem as que mais gostaram, nós editamos e enviamos digitalmente. Além da facilidade que é fotografar um evento com a câmera digital, porque se errarmos é só fazer de novo, ajustar o ISO, a velocidade, enfim. Com o analógico, tínhamos cinco filmes de 36 poses para o evento, não podíamos errar”, conta Xico.
Nova geração
Apesar da praticidade do uso dos celulares para fazer fotos, os métodos tradicionais ainda fazem os olhos de muitas pessoas brilharem. A jovem Altaline Oliveira, 23 anos, faz questão de investir em uma boa câmera para capturar cenas do cotidiano. “Sempre fiz fotos com celular, mas a câmera era um sonho por motivos de melhor nitidez e desfoque e também para, genuinamente, ser chamada de fotógrafa. Quem ama fotografia sabe que essa prática se torna mais emocionante com uma câmera. Fiz boas fotos no celular e continuarei fazendo, mas nada se compara ao resultado que uma câmera pode trazer”, afirmou.
Saiba Mais
Na última segunda-feira (19), celebrou-se o Dia Mundial da Fotografia. A escolha da data homenageia a invenção do daguerreótipo, o antecessor das câmeras fotográficas. O equipamento foi desenvolvido pelo frânces Louis Daguerre. No mesmo ano, também foi registrada a criação do calótipo, outro sistema de captura de imagens, de autoria de William Fox Talbot.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa no dia 22 de agosto de 2024.