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Governo apoia construção de Observatório de Energia Escura na PB

publicado: 22/11/2018 01h04, última modificação: 22/11/2018 01h04
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Projeto orçado em cerca de R$ 18 milhões tem diversas instituições de fomento à pesquisa científica como parceiras - Foto: Divulgação/Secom-PB

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Um Observatório de Energia Escura, pioneiro na América Latina, será construído na cidade de Aguiar, na Paraíba. A ação busca usar ondas de rádio para mapear e descobrir detalhes sobre a energia escura, que preenche cerca de 95% do universo. O projeto intitulado de BINGO (sigla para BAO from Integrated Neutral Gas Observations) pretende utilizar ondas de rádio produzidas pelo hidrogênio para mapear a energia e matéria escura e assim investigar fenômenos do universo.

O Observatório será construído em uma área de 600m2 na região de Aguiar. O município foi escolhido por preencher as necessidades de baixa interferência por radiofrequência e também ser um local com horizonte alto e com um terreno inclinado. O BINGO será o primeiro radiotelescópio brasileiro a detectar oscilações bariônicas acústicas de rádio, contribuindo para o estudo da energia escura.

O projeto, orçado em cerca de R$ 18 milhões, tem vários parceiros como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Campina Grande, além de cooperação internacional do Reino Unido, China e outros.

De acordo com a secretária executiva de Ciência e Tecnologia, Francilene Procópio, o Governo do Estado colabora com o projeto com recursos financeiros a partir de uma ação via Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), que é uma parceria com o CNPQ na chamada pública que viabiliza 14 novos centros de excelência no Estado, um destes é o BINGO.

Ainda segundo Francilene Procópio, será preciso que haja, na Paraíba, a implantação de uma legislação em uma área do entorno do Observatório, visando manter por alguns anos o silêncio de microondas que é uma das características importantes para que o Observatório tenha condições favoráveis de trabalhar e capturar dados.

“A Paraíba demonstra, mais uma vez, sua capacidade de articulação com cientistas mundiais. O apoio da UFCG tem sido essencial no projeto, também houve a doação do terreno pela prefeitura de Aguiar para que o BINGO pudesse ser construído. Esse projeto pressupõe que a área geográfica onde os equipamentos sejam instalados tenham menor interferência, ou seja, uma área onde as microondas silenciam e Aguiar tem esta característica. Em 2019, o Observatório deve estar pronto e iniciar suas atividades”, disse Francilene Procópio.

O projeto é coordenado pelo físico teórico Elcio Abdalla, da Universidade de São Paulo (USP). O professor esclareceu que o projeto tem algumas metas, como olhar a estrutura em larga escala do universo e com isso ter informações suficientes para definir melhor o que é a parte escura dele. “O universo tem o que vemos com nossos olhos, que são objetos que interagem com a luz, isso representa apenas 5% e o restante do universo, ou seja 95%, representa a parte escura que não conhecemos. Este instrumento é capaz de nos dar informações para que conheçamos melhor esta parte escura, além disso, o BINGO também é importante para estudar pulsos muitos rápidos que são as maiores fontes de energia do universo”, explicou.

O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), Cláudio Furtado, comentou que o Observatório é importante, porque além de pesquisar uma coisa que é fundamental para explicar a origem do universo, “ele também tem a parte de desenvolvimento, ou seja, tem toda uma infraestrutura que vai ser montada aqui na Paraíba, isso vai gerar divisas para o Estado”, disse. E reforçou: “São dois grandes espelhos metálicos de cerca de 40 metros para detectar essas microondas do universo primordial. O Governo do Estado, via secretaria e Fapesq, tem ajudado na questão da infraestrutura, com recursos financeiros e apoio nas condições de liberação do projeto. O BINGO deixará um grande legado na área científica”.