O aumento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de origem viral em crianças levou o Governo do Estado a decretar situação de emergência em saúde pública em todo o território paraibano. A medida está em vigor desde ontem, quando foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), e é válida por um período de três meses. Com o decreto, o Executivo fica autorizado a adotar todas as medidas administrativas necessárias para combater a situação emergencial. A Paraíba registra 688 casos.
Além disso, conforme o documento, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) ficará responsável por “instituir diretrizes gerais para a execução das medidas necessárias, podendo, para tanto, expedir normas complementares, por intermédio do Centro de Operações em Emergência de Saúde Pública — Doenças Respiratórias na área de Pediatria (COE-Pediatria)”.
De acordo com o secretário executivo de Gestão de Rede de Unidades de Saúde da SES, Ari Reis, o decreto ajudará o Estado a angariar recursos, junto ao Ministério da Saúde, para lidar com a demanda de casos e de atendimentos na rede pública. “Nos ajudará no sentido de pleitear financiamentos para manter o atual serviço e expandi-lo, caso seja necessário. É um instrumento que consolida todas as ações do Governo do Estado para o enfrentamento desse cenário”, avaliou Ari.
Ainda segundo o secretário, o aumento no número de casos de síndromes respiratórias advém, consequentemente, do desinteresse da população pela vacinação. Há dois meses, explica Ari Reis, a Paraíba estava longe da meta nacional de imunização do público alvo, fixada em 90%. “Com as ações de incentivo e promoção das campanhas de vacinação, como o ‘Dia D’, por exemplo, o estado já atingiu 86% da cobertura vacinal”, disse.
Número de casos
Um levantamento realizado pela SES mostra que, até o dia 24 de junho, foram confirmados 688 casos de síndromes respiratórias na Paraíba, sendo a maioria de Vírus Sincicial Respiratório (VRS), com 462 casos. Dos 688 casos, 355 foram em crianças menores de um ano, 180 em crianças com faixa etária de um a quatro anos de idade e 57 em crianças de cinco a nove anos.
Também lideram o ranking das notificações os casos de Influenza B, com 92 casos, e a Influenza A, com 69. Na sequência, aparecem casos de Rinovírus (44), Adenovírus (16) e Parainfluenza, com cinco casos confirmados
Mortes
Com relação aos óbitos, a Paraíba contabiliza 47 mortes decorrentes de infecção por síndrome respiratória, envolvendo crianças e adultos. A maioria foi provocada pelo vírus da Influenza, totalizando 25 óbitos. Outros 19 foram por VRS, dois por Rinovírus e um por Parainfluenza. Entre as vítimas, 24 eram crianças com idade entre zero e nove anos; sete eram adultos que estavam na faixa etária entre 33 e 58 anos; e 16 eram idosos com idade acima de 60 anos.
Cobertura vacinal
Desde o início da vacinação contra a Influenza, a Paraíba atingiu 85,88% da cobertura vacinal. Ao todo, 312.277 crianças estão aptas a receber a vacina contra o vírus – principal imunizante para prevenir síndromes respiratórias no público dessa faixa etária – nos 223 municípios do estado. Até o momento, foram aplicadas somente neste grupo 261.352 doses, conforme apontam os dados extraídos do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 29 de junho de 2023.