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Governo inaugura área de convivência e espaço para adolescentes no Juliano Moreira

publicado: 21/12/2018 23h48, última modificação: 21/12/2018 23h48
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Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira tem cerca de 100 usuários entre adultos, adolescentes, crianças e dependentes químicos - Foto: Ricardo Puppe/Secom-PB

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“O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a alegria e a falta de preconceito”. Com base nestas palavras de Nise da Silveira, renomada médica alagoana que dedicou sua vida pela luta antimanicomial, o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira construiu o Espaço de Convivência Nise da Silveira e o Espaço Esperança para adolescentes, cujas áreas foram inauguradas pelo governador Ricardo Coutinho, nesta sexta-feira (21) à tarde. 

O evento foi cheio de surpresas. Logo na chegada, o governador foi saudado pelo paciente Tyarê Valadares, de 34 anos, que cantou “Girassol”, de Cidade Negra. O paciente Gimenes Vespertino Natalino Helmans (nome dado por ele próprio já que não tinha documentos e não lembrava do nome e a Justiça reconheceu e hoje todos os documentos são neste novo nome) é um dos pacientes que moram no Juliano Moreira e aprendeu a pintar quadros na unidade. Ele entregou flores a Ricardo Coutinho. 

Outra história surpreendente é a de Mércia da Costa, 80 anos de idade e 50 de trabalho no Juliano, até agora, porque não pensa em parar nem tão cedo. “Quando eu me aposentei caí no choro, até que o Juliano me chamou de volta e eu vim feliz da vida”, diz sorridente. 

Ela conta a diferença de quando entrou em relação aos dias atuais. “Quando cheguei aqui eu via 260 homens amontoados somente num pavilhão. Hoje, são 100 usuários em todo Complexo. Antes, os pacientes eram maltratados e levavam até choque. Agora, o que eu vejo é que todos são tratados como gente”, declarou. 

O novo espaço transformou uma área que, durante 96 anos, foi enfermaria dos homens, com isolamento e grades, em várias salas climatizadas, sendo uma delas com práticas integrativas (Reiki, Pilates e Yoga), que já eram praticadas há dois anos, mas não havia espaço adequado; dançaterapia, biodança, aeróbica e arteterapia; salão de beleza; barbearia e loja Beleza Maluca, onde serão vendidas as peças produzidas pelos próprios pacientes. A parte externa é toda gramada, com pés de ipê roxo e ainda tem uma fonte de água.

“Este novo espaço significa uma estrutura diferenciada com terapias complementares, auxiliando a diminuir o tempo de hospitalização”, explicou o diretor geral do Complexo, Valter Franco. 

O evento contou ainda com a presença do procurador da República Regional dos Direitos do Cidadão adjunto e membro do Ministério Público Federal, José Guilherme Ferraz. “O Ministério Público Federal vê nesta instituição um esforço muito grande de avançar no sentido do que a Legislação determina e a busca da humanização no atendimento que é ofertado. O MPF reconhece o esforço que está sendo feito e se mantém vigilante para apontar pontos que precisem de aperfeiçoamento”, ponderou.

A Reforma Psiquiátrica prevê a criação de espaços de convivência possibilitando a interação e integração entre pacientes, familiares e funcionários, chegando a diminuir o período de internamento num hospital psiquiátrico, voltando ao convívio familiar.

Além do Espaço Nise da Silveira, o Espaço Esperança é para 12 adolescentes. De acordo com dados do Juliano, só esse ano, já foram atendidos 165 adolescentes. No momento, o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira tem cerca de 100 usuários, entre homens, mulheres, adolescentes, crianças e dependentes químicos.

 

A obra do Espaço Esperança é de responsabilidade da Suplan. Foram investidos mais de R$ 634 mil.