Há exatos 150 anos, no dia 20 de julho de 1873, nascia Alberto Santos Dumont, nasceu na Fazenda Cabangu, antigo município de João Gomes, rebatizado como Santos Dumont, Minas Gerais. Era o sexto filho de Henrique Dumont, um engenheiro francês e importante plantador de café, com fazendas em São Paulo, e Francisca Santos Dumont, filha do comendador e industrial Francisco de Paula Santos.
O “Pai da Aviação”, muito antes de se tornar conhecido mundialmente após o famoso voo com o 14-Bis, já demonstrava desde pequeno a curiosidade, criatividade, a inteligência e força de vontade características dos grandes inventores. Ainda criança já nutria o sonho de construir um aparelho que permitisse ao homem voar.
Em busca de soluções práticas para tornar realidade o que só existia na literatura de Júlio Verne e nos experimentos de muitos homens em diversos períodos da história, Santos Dumont lia muitos livros de engenharia e mecânica, praticando com o conserto de equipamentos agrícolas das fazendas do pai e também projetando novos aparelhos.
No ano de 1891, Santos Dumont visitou pela primeira vez a França, na companhia da sua família. É lá que, no ano seguinte, passou a residir após o seu pai, já doente, adiantar parte da herança aos filhos.
Na capital francesa, o jovem Alberto Santos Dumont manteve contato com as novas tecnologias. Ele tomou conhecimento do motor a gasolina durante a Exposição de Paris e ficou fascinado com a nova invenção. Era fim do século 19 e o mundo aspirava o desenvolvimento tecnológico.
Em busca de levar adiante o projeto de voar, Santos Dumont conheceu vários baloeiros. Um deles, Albert Chapin, que viria a se tornar o mecânico dos inventos projetados pelo brasileiro.
- Mineiro Santos Dumont tornou-se celebridade mundial com o seu invento
Santos Dumont começou a desenvolver os próprios projetos. Ele constrói o seu primeiro balão, que denominou de Brasil, em 1898. Era no formato cilíndrico inflado a hidrogênio. O equipamento tinha apenas 15 quilos e levantou voo no dia 4 de julho daquele ano.
O brasileiro continuou perseguindo o sonho de controlar o voo. Ele criou um segundo balão que batizou de “Amérique”. Com ele, disputou e venceu uma competição permanecendo mais de 23 horas no ar.
A cada novo voo, Santos Dumont ia aprendendo, encontrando novas soluções e testando materiais para a construção dos seus novos objetos voadores. O desafio que ele mais perseguia era a dirigibilidade dos seus inventos.
Santos Dumont testou os seus inventos inúmeras vezes nos céus de Paris. Já era conhecido da população. Em várias ocasiões, contou com a sorte para sobreviver aos pousos forçados e mesmo às quedas. Contudo, o brasileiro era obstinado. A cada sucesso ou fracasso, ele se debruçava sobre os problemas encontrados em busca de solução. Aperfeiçoou os estudos, sobretudo em mecânica e no motor de combustão. Neste equipamento, ele via o caminho para conquistar os céus.
Tanto, que no seu terceiro balão, ele instalou um motor a gasolina com o objetivo de resolver a questão da dirigibilidade. No balão número quatro, concluído em agosto de 1900, Santos Dumont realizou diversos voos, mas persistia, sem possuir o controle do equipamento.
Com o dirigível número cinco, o brasileiro teve um grande susto. O equipamento sofreu um acidente em que quase Santos Dumont morreu. O percalço não o fez esmorecer. Ao contrário, prosseguiu as pesquisas.
Foi com o sexto balão que Santos Dumont virou celebridade mundial. Em 19 de outubro de 1901, o equipamento com um motor de 16 HP, iniciou a jornada de 11 quilômetros, percorridos com uma velocidade média de 22 quilômetros por hora e a 300 metros de altura. Ele fez o trajeto e retornou ao ponto de partida em 29 minutos e 30 segundos, tendo como testemunhas cerca de 30 mil pessoas, entre elas os membros da comissão do Aeroclube de Paris.
Com o voo, ele ganhou o cobiçado prêmio de 100 mil francos do Prêmio Deutsch. O inventor doou o dinheiro. Parte da recompensa deu à sua equipe e o restante aos pobres de Paris.
Voo histórico do 14 Bis no ano de 1906 marca a conquista dos céus pelo homem
Após o feito, Alberto Santos Dumont prosseguiu as pesquisas e a construir novos balões e melhorar as condições dos voos. A invenção do avião veio em 1906, com a construção do 14 Bis. O equipamento foi construído para vencer um novo desafio lançado por filantropos: criar um aparelho capaz de voar decolando por meios próprios com uma “aeronave mais pesada que o ar”. O aparelho deveria voar ao menos 100 metros, sem acidentes e pouso deveria ocorrer em terreno horizontal sem recorrer ao auxílio do vento para plantar ou utilizar dispositivos externo.
Foi com a aeronave 14 Bis que o brasileiro conseguiu decolar por meios próprios (sem a ajuda da velocidade dos ventos, como ocorria com os balões, e sem a ajuda de mecanismos externos, a exemplo das catapultas, como ocorreu com os norte-americanos, os irmãos Wright). Para ser considerado, o voo precisa ser observado por uma comissão formada por especialistas previamente convocados pelo Aeroclube da França.
Santos Dumont encarou o desafio. Construiu o 14 Bis utilizando como material madeira, bambu e seda japonesa nas asas. Com essa matéria-prima, o avião pesava cerca de 260 quilos. Ele dotou o avião com um motor de 50 cavalos de potência.
O primeiro voo do 14 Bis de Santos Dumont foi no campo de Bagatelle, no centro de Paris, na tarde de 26 de outubro. Porém, foi no dia 12 de novembro de 1906, às 16h45m, que o brasileiro colocou o seu nome, definitivamente, na história. Diante de cerca de 30 mil pessoas e de uma comissão formada por especialistas, Santos Dumont fez voar o 14 Bis decolando no mesmo local, o Parque das Bagatell. O primeiro voo controlado de um avião ocorreu com uma altura de seis metros e percorreu uma distância de 220 metros.
Em 1907, Santos Dumont aperfeiçoou o seu invento, quando construiu o “Demoiselle”. Todo o aparelho foi construiu pelo brasileiro, inclusive o motor. O desenho do aparelho era revolucionário e serviria de modelo a todos os projetistas que se seguiram.
Em 2010, Santos Dumont encerrou sua carreira de aviador. Em seguida, doente, retornou ao Brasil.
No dia 23 de julho de 1932, três dias depois de completar 59 anos de idade, sofrendo de esclerose múltipla e depressão, o inventor Santos Dumont , em um hotel no Guarujá, em São Paulo, cometeu suicídio enforcando-se.
- Saiba mais:
Para saber mais sobre o inventor brasileiro, existem vários livros sobre a sua vida e obra. Um deles é “As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont”, de Fernando Jorge. Na internet também existe vários sites com vasto material sobre o aeronauta. Exemplos: eBiografia:
www.ebiografia.com/santos_dumont/ e da Força Aérea Brasileira: www.fab.mil.br/santosdumont150anos/
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de julho de 2023.