Jadson Falcão - Especial para A União
Cerca de 50 jovens do movimento GodStock, da Igreja Cidade Viva, realizaram, na manhã de ontem, uma intervenção de ‘limpeza’ na Praça da Alegria, localizada no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), apagando pinturas artísticas e retirando cartazes fixados no local, o que causou revolta e indignação a estudantes e professores frequentantes da praça.
De acordo com Ana Lia Almeida, integrante do Coletivo Cordel, formado por professores da UFPB, a intervenção do movimento no local foi prejudicial por retirar representações artísticas e expressões simbólicas de movimentos sociais da Universidade “como se fossem apenas sujeira”.
“Ontem aconteceu o dia nacional de paralisações e fomos pegos de surpresa com isso. Ouvimos falar que eles tiveram a autorização da diretora do CCHLA para fazer essa espécie de limpeza, mas aquele local é um lugar que tem uma expressão simbólica muito importante para todo mundo lá da Universidade. Era lá que ficavam os cartazes do movimento de professores, do movimento estudantil, e de vários outros movimentos sociais que têm representantes na UFPB. Eles limparam toda uma história de bandeiras e de lutas de grupos de esquerda da Universidade”, explicou.
Ana Lia Almeida destacou que muitos dos cartazes e frases artísticas que estavam nas paredes da praça datavam de décadas atrás. Para ela, a intervenção da Igreja Cidade Viva tem motivações que vão além da limpeza voltada para a parte estética.“É uma coisa que parece ser uma ação de cidadania, mas na verdade é um conflito totalmente ideológico”, afirmou.
Segundo Alyne Ramos, integrante do Movimento GodStock, a intervenção na praça foi realizada com autorização da Prefeitura da UFPB e da coordenação do CCHLA. “Nós fomos autorizados a limpar e pintar, retirando os cartazes, mas não na intenção de tirar as coisas que são contrárias ao que a gente acredita, e sim para tornar o ambiente mais bonito. Criamos também alguns muros de avisos para que essas pessoas que quiserem recolocar os cartazes possam colocá-los nesses murais já proprios para isso”, explicou.
Alyne Ramos afirmou que os integrantes do movimento realizaram ainda a limpeza dos banheiros do local, ressaltando que todo o material foi comprado e levado pelos próprios jovens da comunidade religiosa. “Estávamos lá com o coração disposto a servir e não para causar nenhum conflito nem intervir na universidade. Todos os movimentos realizados dentro do projeto são autorizados, e nós fazemos outras ações como essa durante o ano inteiro”, completou.