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IPC paraibano é o 3º do País a ter laboratório de Entomologia Forense

publicado: 12/05/2016 00h05, última modificação: 12/05/2016 07h44
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A entomologia forense é o estudo que permite identificar causas de morte de seres humanos por meio de insetos que colonizam o cadáver - Foto: Secom-PB

tags: Instituto de Polícia Científica da Paraíba , Paraíba , segurança pública


O Instituto de Polícia Científica da Paraíba é um dos poucos do País a ter um laboratório de Entomologia Forense. O laboratório funciona no próprio prédio do IPC, no bairro do Cristo, em João Pessoa, o que torna a Paraíba o terceiro Estado a ter um equipamento dessa natureza. 

A entomologia forense é o estudo que permite identificar causas de morte de seres humanos por meio de insetos que colonizam o cadáver. “Os insetos podem se tornar relevantes do ponto vista jurídico em diversas situações, de modo que tudo vai depender das circunstâncias, e qualquer inseto pode ter utilidade e ser considerado de importância forense. Para isso, exemplares de larvas de insetos são colhidas no cadáver e cultivadas em laboratório até se tornarem um inseto novo, trazendo consigo elementos que podem determinar o tempo do cadáver e outros fatores relevantes para solucionar um crime”, explica o perito Rodrigo Farias, que coordena o laboratório na Paraíba.

Para Rodrigo Farias, a instalação do laboratório é um avanço considerável para o Instituto de Polícia Científica da Paraíba. “É muito importante ter um laboratório de Entomologia na Polícia Científica porque ele vai dar mais precisão e credibilidade à perícia para identificação do tempo decorrido entre a morte e o momento em que um corpo em decomposição foi encontrado”, explicou.

Além da Paraíba, apenas os estados da Bahia e Rio de Janeiro possuem laboratórios semelhantes em seus Institutos de Polícia Científica. Segundo o perito, os exames em outros estados são realizados pelos laboratórios das Universidades Federais que possuem convênios com a Polícia Científica.

Para realizar o exame, o perito vai até o local em que foi encontrado o cadáver e colhe material para exames. Após a coleta dos insetos no local onde o cadáver foi encontrado, os exemplares coletados são mantidos em um recipiente com nutrientes em um laboratório, a fim de completarem seu desenvolvimento e atingirem a fase adulta.

Quando os insetos adultos emergem, são eutanasiados por meio de refrigeração, inseridos em recipientes que contêm dados do momento da coleta e do dia de emergência. Um fator importante é a obtenção dos valores diários de temperatura, hora a hora, desde o momento da coleta dos imaturos no cadáver até a data em que os adultos emergirem. Com essa técnica, a margem de erro é quase nula e o tempo de análise dura cerca de 10 dias. Em João Pessoa, já foram submetidos a esse tipo de exame quatro corpos em decomposição, todos requisitados por autoridade policial.

“A informação mais pertinente provida pelo estudo dos insetos presentes em um corpo em decomposição é a estimativa do tempo mínimo transcorrido desde a morte da pessoa até a data em que o corpo foi encontrado, comumente denominado de IPM mínimo – Intervalo Pós-Morte mínimo. Isso equivale a estimar a data em que a pessoa morreu, com base no desenvolvimento das espécies de insetos presentes no cadáver”, explicou o perito Rodrigo Farias.

“Ao se coletar um ou mais espécimes de insetos necrófagos, deixá-los completar seu desenvolvimento até a fase adulta e depois determinar a espécie coletada, é preciso recorrer a estudos prévios a fim de saber quanto tempo foi necessário para o inseto atingir aquela “idade” sob condições controladas”, concluiu.

Técnica desvenda a causa “mortis”

Por meio de estudos mais avançados, os insetos também podem fornecer as seguintes informações, preciosas para auxiliar na elucidação de um fato delituoso:

• Insetos restritos a certa área ou tipo de ambiente, e que são encontrados num cadáver em uma área diferente, podem provar que o corpo foi movido após a morte;

• Drogas que não podem ser detectadas em tecidos de um corpo em estado avançado de decomposição ainda podem ser encontradas em larvas de insetos que se alimentaram do cadáver;

• A localização de um ferimento pode ser determinada por locais de alimentação incomuns de larvas e besouros, já que os insetos normalmente colonizam primeiro as cavidades naturais do corpo;

• Larvas de moscas encontradas em feridas ou cavidades corpóreas de pessoas vivas (idosos, crianças ou deficientes físicos, doentes ou não) indicam maus-tratos e/ou negligência no cuidado a esses indivíduos por quem tinha o deve legal de fazê-lo.