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HISTÓRIA

Joana d’Arc foi de herege a santa

publicado: 18/04/2024 09h33, última modificação: 18/04/2024 09h33
Há 115 anos, quase cinco séculos depois de sua morte, o Vaticano canonizou o símbolo nacional francês

por Audaci Junior*

Até os 19 anos – quando foi queimada viva, em 30 de maio de 1431, na manhã de uma segunda-feira, na Praça do Velho Mercado, em Ruão, na França – Joana d’Arc já tinha ouvido vozes divinas e participou elevando o moral das tropas (mas não pegando em armas, como muitos acreditam) em campanhas militares como a Guerra dos Cem Anos (que também não durou exatamente um século), garantindo sua fama que perdura até hoje, chagando a ser declarada como um símbolo nacional da França pelo imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821).

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Joana d’Arc (1412-1431) na fogueira em famosa pintura assinada por Jules Lenepveu (1819-1898) | Foto: Reprodução

A filha de camponeses foi julgada por homens que se diziam fiéis a Deus, mas que eram aliados dos ingleses (um dos objetivos era político: desacreditar Carlos VII), ela foi condenada por heresia. Hoje, faz 115 anos que a mesma Igreja Católica que condenou-a, tornou a francesa uma santa, canonizando-a quase cinco séculos depois de sua morte.

Porém, o caminho da beatificação foi longo, igual aos meses de julgamento pelas mais de 70 acusações por conta de manobras políticas.

O revisionosmo começou ainda no século 14 – mais precisamente em 1456, 25 anos depois de sua morte –, quando foi considerada inocente pelo Papa Calisto III. O processo que a condenou foi desconsiderado, porém, foi apenas no dia 17 de abril de 1909 que a Igreja Católica autoriza a beatificação de Joana d’Arc, que realmente aconteceu um ano depois, em 1920, pelo Papa Bento XV.

No universo histórico da figura francesa, há diversas curiosidades que são exploradas pelos pesquisadores. Como exemplo são as roupas masculinas como mecanismo de defesa. Historiadores defendem a tese que ela tomou tal decisão para desencorajar que fosse estuprada nos acampamentos. Já o pesquisador medieval Adrien Harmand afirma que a escolha teria ligação com seu desejo de castidade.

Muitos pensam, também, que Joana d’Arc foi condenada por “bruxaria”. A pesar de constar na lista de acusações, não foi essa a razão efetiva para ser condenada à morte. Alguns historiadores dizem que as dezenas de acusações seriam retiradas ou reduzidas para uma pena mais simples. Porém, por conta de retomar as vestes masculinas perante os juízes e confirmar que ouvia vozes, ela foi condenada à fogueira como uma “herege reincidente”.

Independente de qualquer julgamento “demoníaco”, Joana d’Arc foi conhecida por diferentes nomes. Na sua cidade natal, Domrémy, era Jehanette. Em registros da época, o nome Jehanne estava junto de vários sobrenomes: d’Arc, Tarc, Romée e Vouthon. Antes do julgamento, ela chegou a assinar documentos como “Jehanne la Pucelle” (“Joana, a empregada”, em tradução livre).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de abril de 2024.