por Sara Gomes
A Associação Integrada de Mães de Autistas da Paraíba (Aima) realiza um trabalho social com 30 famílias vulneráveis que possuem filhos autistas. A sede, localizada no Geisel, está com infiltração em sua estrutura, no qual tem danificado todo o patrimônio. A Aima solicita a população, empresários do segmento e poder público, a doação de materiais de construção, a fim de recuperar a estrutura e continuar prestando atendimento as crianças.
Ano passado, o Governo do Estado por meio da Secretaria de Desenvolvimento Humano (Sedh) realizou uma reforma nas paredes, trocaram portas e janelas, disponibilizando a mão de obra e material, no entanto, as chuvas intensas deste ano, danificaram a estrutura da associação e será preciso uma reforma no telhado para consertar a infiltração.
Após a repercussão de um vídeo nas redes sociais e grupos de watsapp, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedes) se comprometeu em ofertar a mão de obra mas,o material da reforma é por conta da associação.
A presidente da Aima, Elaine Araújo, solicita a doação de materiais de construção a população para que todo o patrimônio, construído ao longo destes anos, não seja destruído. “ Esperamos que a sociedade civil, poder público e empresários de material de construção se sensibilizem com a nossa situação, pois, sabemos que ser pais de autista não é fácil. A cada chuva, este espaço fica cada vez mais danificado e precisamos dele para continuar prestando atendimento as crianças”, declarou
Segundo ela, o orçamento é em torno de 2 a 3 mil reais com a mão de obra, mas estão aguardando a avaliação oficial da Prefeitura de João Pessoa. “ Consultamos pedreiros que conhecemos para ter o parâmetro e eles disseram que vai utilizar telha brasilit. Será preciso também levantar as paredes para aumentar a queda d’água”, explicou.
Apesar da doação de material de construção ser o mais urgente, a Aima solicita também a doação de alimentos e materiais de higiene pessoal pois, 70% destas mulheres são mães solteiras e sustentam seus filhos apenas com o Benefício de Prestação Continuada ( BPC), além da ajuda disponibilizada pela associação.
Apoio Estadual
A Secretaria de Desenvolvimento Humano (Sedh) ajudou na reforma ano passado e, no início da pandemia encaminhou 60 cestas básicas a Associação Integrada de Mães de Autistas da Paraíba (Aima). O secretário Tibério Limeira se solidariza com a situação da Aima e analisará a demanda, mas no momento, o foco da gestão é atender a questões emergenciais relacionadas a pandemia.
Desafios
A presidente Elaine Araújo também é mãe de um filho autista. Ela ressalta as dificuldades enfrentadas diariamente dos pais, na luta por direitos, inclusão social e falta de profissionais preparados. “ Meu filho este ano não conseguiu se matricular em uma escola. De maneira geral, os pais de crianças autistas enfrentam muitas dificuldades pois há poucos profissionais na área e nem sempre a gestão é preparada para lidar com eles. Muitas vezes, não são incluídos nas atividades lúdicas da escola, por julgarem que a criança não é capaz de socializar, no entanto, cada criança tem suas especificidades”, afirmou.
Para Ana Karla, mãe de Yan, o apoio dado pela Associação Integrada de Mães de Autistas da Paraíba tem sido fundamental, principalmente, em tempos de pandemia.
“Eles estão doando alimentos e providenciando tudo. A estrutura da Aima foi abalada devido as chuvas intensas, se ela fechar o que vai ser de nossos filhos? A associação me ajuda desde o início. Meu filho tem 8 anos e possui um grau moderado de autismo. Ele é bem assistido na escola municipal Lúcia Giovanna, em Gramame, a gestão procura integrá-lo nas atividades lúdicas da escola, ele dançou quadrilha e tudo, mas, comparado a outras mães da instituição, o meu filho é uma rara exceção”, afirmou.
Pedro, 10 anos, possui um grau severo de autismo. A sua mãe Josilene Barboza revela que ele evoluiu bastante desde que começou na Aima. No entanto, seu filho teve uma experiência negativa na última escola que frequentou. Ele ficou um ano sem estudar porque foi agredido pelo inspetor da escola. “O meu filho estava fazendo movimentos estereotipados e cuspiu no inspetor involuntariamente. O inspetor revidou com um tapa e disse que se ele cuspisse mais uma vez, bateria de novo. Ninguém me contou eu estava presente na hora. Infelizmente, existem profissionais despreparados para lidar com nossos filhos“, lamentou.
*publicada originalmente na edição impressa de 29 de abril de 2020. Esta versão digital contém uma errata.