Uma equipe formada por pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e por técnicos do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) descobriu, esta semana, a existência de, pelo menos, sete sítios arqueológicos e, aproximadamente, 30 sítios espeleológicos no Parque Nacional Serra do Teixeira, que abrange 12 municípios do Sertão paraibano, incluindo Água Branca, onde foram realizadas as descobertas. A informação é do coordenador do Museu de História Natural e do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB, professor Juvandi de Souza Santos.
Segundo ele, há grandes chances desse número crescer ainda mais, tendo em vista que a região onde o Parque está localizado (entre os municípios de Água Branca, Cacimba de Areia, Catingueira, Imaculada, Juru, Mãe D’Água, Maturéia, Olho D’Água, Santa Teresinha, Santana dos Garrotes, São José do Bonfim e Teixeira) é bastante rica e detentora de um potencial arqueológico, paleontológico e espeleológico muito grande.
Como se trata de um parque recém-criado – uma vez que sua instituição se deu em junho deste ano, por meio de decreto do Governo Federal –, Juvandi de Souza enfatizou que as pesquisas naquela área ainda estão escassas.
“Não existem grandes pesquisas desse tipo naquele lugar. Nós começamos, juntamente com o pessoal do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav) do ICMBio, a realizar as primeiras atividades de prospecção para identificar o que, de fato, existe ali”, afirmou o professor, que possui pós-doutorado em História e Arqueologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Além do professor, compõem a equipe uma aluna do doutorado em Biologia pela UEPB, Yasmim, um estudante do curso de História, Ian Cordeiro, além do espeleólogo José Iatagan e do biólogo Diego Bento, ambos técnicos do ICMBio. A expedição, acrescentou Juvandi, também contou com o auxílio do guia local, cedido pela Prefeitura de Água de Branca, uma das cidades no entorno do Parque Serra do Teixeira.
“O primeiro passo após o encerramento dessa primeira grande campanha de prospecção é fazer os devidos registros. No caso dos sítios espeleológicos (que envolvem as cavidades naturais, como grutas e abrigos sobre rochas e cavernas), a gente faz o cadastro na plataforma do Cecav e do ICMBio”, explicou o coordenador da expedição.
Já no caso dos sítios arqueológicos (que reúne vestígios positivos de ocupação humana), Juvandi de Souza afirmou que o cadastro será feito no Centro Nacional de Arqueologia (CNA), que é a plataforma de cadastro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável por catalogar e registrar as descobertas arqueológicas de todo o país.
O historiador Ian Cordeiro, fundador do grupo de turismo União Caatinga, ressaltou que os sítios arqueológicos recém-descobertos, de origem pré-colonial, “mostram que, há milhares de anos, a região era povoada pelos povos originários do Brasil, que deixaram sua arte e sua escrita” nas rochas e esculturas ali encontradas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 02 de dezembro de 2023.