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Microalgas cultivadas em resíduos descartados geram matéria-prima para biocombustível

publicado: 04/03/2017 00h05, última modificação: 04/03/2017 10h54
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As microalgas são organismos unicelulares que se reproduzem muito rapidamente, proporcionando grandes quantidades de óleo e de biomassa - Foto: Arquivo/Embrapa

tags: microalgas , embrapa , estudo , biocombustível , resíduos líquidos

 

Microalgas cultivadas em resíduos líquidos descartados por agroindústrias geram matéria-prima para biocombustíveis, rações e cosméticos. A descoberta faz parte de um estudo da Embrapa Agroenergia. Os resíduos utilizados nos estudos foram a vinhaça, formada na produção de açúcar e etanol de cana, e o pome, gerado no processamento de dendê, aproveitado na fertirrigação das plantações. Utilizá-los como meio para produzir microalgas deverá agregar valor às cadeias produtivas da cana e do dendê, produzindo mais biomassa e óleo para obter energia e bioprodutos.

As microalgas são organismos unicelulares e microscópicos que vivem em meios aquáticos e têm uma característica curiosa: não são plantas, mas são capazes de realizar fotossíntese e de se desenvolver utilizando luz do sol e gás carbônico. Se reproduzem muito rapidamente, proporcionando grande quantidade de óleo e de biomassa. A produtividade pode ser de dez a 100 vezes maior do que de cultivos agrícolas tradicionais. Isso chamou a atenção de setores que necessitam de grandes quantidades de matéria-prima, como biocombustíveis.

Óleos produzidos por algumas espécies quase sempre contêm compostos muito valiosos como, por exemplo, Ômega 3 e carotenóides. Por isso, elas também encontram espaço em indústrias que atendem nichos de mercado e pagam mais caro por matérias-primas com propriedades raras. É o caso dos cosméticos e dos suplementos alimentares.

Já existem, pelo menos, quatro empresas no Brasil produzindo microalgas: duas no Nordeste, com foco em nutrição humana e animal, e outras duas no interior de São Paulo, atendendo indústrias de cosméticos e também de rações, além de projetos para tratamento de efluentes. A equipe da Embrapa e instituições parceiras estão empenhadas em construir ferramentas que permitam modificação genética das espécies selecionadas para crescimento na vinhaça e no pome, com o objetivo de potencializar o rendimento. O investimento na engenharia genética tem motivo: toda a produção de commodities agrícolas está baseada em espécies que passaram por domesticação e melhoramento genético. Além disso, estudo sobre microalgas do governo dos Estados Unidos mostrou que o uso de linhagens modificadas geneticamente chega a reduzir em 85% o custo de produção.