A sindicalista paraibana Margarida Maria Alves nasceu em Alagoa Grande, em 5 de agosto de 1933, e morreu assassinada há 40 anos na mesma cidade, com a idade de 50 anos, no dia 12 de agosto de 1983). Defensora dos direitos humanos, ela foi uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país. Seu nome e sua história de luta inspiraram a ‘Marcha das Margaridas’, criada em 2000.
"Da luta eu não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome"
Durante o período em que esteve à frente do sindicato local de sua cidade, foi responsável por mais de 100 ações trabalhistas na Justiça do Trabalho regional, tendo sido a primeira mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar.
Postumamente, ela recebeu o Prêmio Pax Christi Internacional, em 1988. Todos os anos, na semana que antecede o dia 12 de agosto, na cidade de Alagoa Grande, a população traz à tona a memória da sindicalista, que foi a precursora feminina na Paraíba na defesa dos direitos dos trabalhadores do campo.
Margarida Maria Alves era a filha mais nova de uma família de nove irmãos e viveu no Sítio Jacu, na zona rural de Alagoa Grande, até os 22 anos. Porém, ao serem expulsos da terra por grandes latifundiários, a família de Margarida teve que ir morar na periferia. Sendo assim, ela carregava a questão das terras desde cedo. Margarida nunca conseguiu estudar, foi completar a quarta série do ensino fundamental mais velha do que a média de escolaridade comum.
Se tornou presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande em 1973, aos 40 anos. Foi uma das primeiras mulheres a assumir um cargo de direção sindical no Brasil e considerada “uma grande ativista de direitos humanos e trabalhistas no país. Esteve à frente na luta pelos direitos básicos dos trabalhadores rurais em Alagoa Grande, como carteira de trabalho assinada e 13o salário, jornada de trabalho de oito horas diárias e férias.
Também lutava em defesa dos trabalhadores poderem cultivar suas próprias terras, pelo direito do fim do trabalho infantil nas lavouras e canaviais e para que essas crianças pudessem estudar. Durante sua gestão sindical, criou um programa de alfabetização para adultos inspirada nos modelos do educador Paulo Freire, para conscientização e ensino de mais trabalhadores.
Margarida é um dos maiores nomes da luta sindical no Brasil e foi no seu discurso em uma comemoração ao Dia do Trabalho, que falou uma de suas frases mais famosas: “Da luta eu não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Três meses após o evento, Margarida foi assassinada na porta de sua casa.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de agosto de 2023.