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Museu paraense e Instituto Vale lançam estudo sobre a flora de Carajás, no Pará

publicado: 10/02/2017 00h05, última modificação: 10/02/2017 07h12
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A Ipomoea carajasensis é uma das espécies da diversificada e rica flora da Serra dos Carajás, no Pará - Foto: Divulgação/Museu Goeldi

tags: museu emílio goeldi , instituto tecnológico vale , estudo , serra de carajás , cangas


O Museu Paraense Emílio Goeldi lançou ontem os primeiros resultados de um estudo sobre a flora na Serra de Carajás, no Pará, uma das maiores províncias minerais do mundo. O projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), começou em 2015 num esforço científico que reúne 74 botânicos e mais de 22 instituições do Brasil e do exterior. Até o final do ano, as pesquisas devem abranger quase 10% das 7.071 espécies do Estado.

As cangas são ecossistemas vegetais associados a locais onde ocorre o afloramento de rochas ferruginosas. Por estarem associadas às jazidas de ferro, representam desafios para a pesquisa e as ações que conciliem a conservação da biodiversidade e a exploração dos recursos naturais.

Imersas na floresta amazônica, as cangas de Carajás são consideradas a grande lacuna de conhecimento da flora do Brasil. O projeto visa suprir parte dessa lacuna e também contribuir para o diálogo entre a ciência, o setor produtivo e órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental na região, trazendo informações detalhadas sobre taxonomia (que classifica os seres vivos), morfologia e distribuição das espécies ocorrentes nas cangas de Carajás.

Esforço científico 

O Museu Goeldi é a instituição pioneira na investigação científica sobre a flora de Carajás, com a primeira expedição de coleta na região realizada em 1969. Há dois anos um passo decisivo foi dado para ampliar o trabalho: o Museu e o ITV uniram esforços para desenvolver o mais recente e sistematizado estudo botânico sobre os campos ferruginosos da Floresta Nacional de Carajás e da região em seu entorno. A pesquisa conta com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Os coordenadores do projeto, os botânicos Pedro Viana (Museu Goeldi) e Ana Maria Giulietti (ITV), estimam que, até a conclusão da pesquisa, em 2017, serão monografadas mais de 600 espécies vegetais. A informação gerada é resultado de coletas de campo em Carajás e em outros pontos do Pará, levantamento bibliográfico e consulta a coleções botânicas de várias partes do mundo, que detém dados sobre a vegetação de canga.

Todo o material coletado desde 2015 já está incluído em banco de dados, com 8.800 amostras depositadas no herbário do Museu Goeldi, em Belém. “Com os trabalhos de campo do projeto, o acervo botânico de Carajás praticamente dobrou e novos materiais foram coletados”, conta o pesquisador Pedro Viana, curador do herbário do Museu Goeldi.

Com esses dados, os pesquisadores esperam organizar informações muitas vezes dispersas ou incompletas sobre as espécies. “O trabalho permitiu atualizar e sistematizar os dados sobre a flora desta importante região que é a canga de Carajás. Espécies que não apareciam nas listas anteriores foram encontradas, e espécies consideradas como ameaçadas e raras foram coletadas”, explica Ana Maria Giulietti.

O estudo também contribuirá para o projeto Flora do Brasil 2020, em construção, que reúne mais de 700 colaboradores preparando um acervo online com objetivo de cumprir a meta 1 da Estratégia Global para Conservação das Plantas, assinada pelo governo brasileiro.

Os primeiros resultados do projeto “Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil” estarão em três volumes especiais da revista Rodriguésia, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Publicada desde 1935, ela traz, no primeiro volume sobre a flora da Serra dos Carajás, 55 monografias com as descrições taxonômicas, ilustrações, distribuição geográfica e chaves de identificação de 139 gêneros e 248 espécies. É o resultado do primeiro ano de pesquisa do projeto, que inclui um extensivo programa de coletas na área.