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'Novembro Azul': homens ainda relutam em procurar médico

publicado: 28/10/2017 19h05, última modificação: 28/10/2017 20h00
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Considerando os padrões socioculturais do país e do Estado, homens não têm aproximação com autocuidado, diz Hélio Soares - Foto: Divulgação

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Alexandre Nunes

Estudos reforçam a ideia da baixa procura pelos homens aos serviços de saúde. E, na Paraíba, de uma população atual de 4.025.558 habitantes, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 2,5 milhões de habitantes consultaram um médico nos últimos 12 meses, sendo que, desses, apenas cerca de 1 milhão eram do sexo masculino.

A campanha 'Novembro Azul' foi adotada, no Brasil, com o objetivo de quebrar o preconceito masculino de ir ao médico. O movimento também sugere dar atenção ao diabetes, já que a Federação Internacional de Diabetes estima que haverá 410 milhões de diabéticos, em dez anos. Por isso é importante a conscientização do homem de colocar em sua rotina todos os exames preventivos.

De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), informados pela Gerência Executiva de Atenção à Saúde, por meio de sua Área Técnica de Saúde do Homem, foram registrados 18.533 óbitos do gênero masculino na Paraíba, de 2014 a 2017, por causas gerais, como infarto agudo do miocárdio, diabetes mellitus, pneumonia, acidente vascular cerebral ou por neoplasias, tipo câncer de próstata, câncer de brônquios e pulmões, câncer de estomago, câncer de pênis e câncer de testículo.Para estabelecer uma comparação entre óbitos por câncer, em homens e mulheres, basta observar que, entre 2014 e 2017, foram registrados 3.195 mortes por neoplasias, sendo que, desses, 1.337 óbitos foram de mulheres e 1.858 óbitos foram de homens, ou seja, 501 casos de óbitos a mais foram do sexo masculino.

Ao tomar como base o mesmo período, entre 2014 e 2017, para fazer uma comparação entre os óbitos por câncer de mama e as mortes por câncer de próstata, o levantamento da SES revela uma incidência maior, ou seja, de 14,72 % a mais de mortes de homens por câncer de próstata (1.169 óbitos), do que de mulheres por câncer de mama (869 óbitos).

Infarto, acidente e violência lideram as estatísticas

A Paraíba tem cobertura de atenção básica acima de 92%, de responsabilidade dos municípios, e entende-se que a assistência à saúde da população masculina precisa ser inserida nesse percentual. É o que revela Hélio Soares da Silva, chefe de Núcleo de Ações Estratégicas na Atenção Básica e responsável pela Coordenação da Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, Saúde do Homem e da Pessoa Idosa, da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Hélio Soares explica que a Rede de Atenção Básica é ordenadora e coordenadora do cuidado dos demais serviços de saúde, a exemplo dos serviços especializados. “A atenção e cuidado à população masculina deve ser transversal às ações de Atenção Básica em Saúde, que deve potencializar a busca ativa à população masculina e aproximar os homens das Unidades de Saúde da Família, uma vez que, considerando os padrões sociais e culturais do nosso país e estado, o homem não tem aproximação com o cuidado e autocuidado”, observa.

Ele acrescenta que os serviços especializados e hospitalares entram de acordo com a necessidade individual, onde o estado da Paraíba tem diversos serviços, seja de reabilitação, urgência e emergência, saúde mental ou diagnósticos e laboratoriais. “Os encaminhamentos seguem o fluxo preconizado nos municípios, e geralmente são referenciados a partir da Atenção Básica. Assim, é importante que os homens procurem a unidade de saúde da família, mais próxima à sua residência, ao menos duas vezes ao ano, ou sempre que apresentar necessidade, para fazer exames de rotina e acompanhamento”, recomenda.

Hélio informa que as doenças que mais afetam os homens são infarto agudo do miocárdio; fatores externos como acidentes e violência por arma de fogo ou arma branca; diabetes mellitus, pneumonia, acidente vascular cerebral hemorrágico; neoplasia maligna da próstata, neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões, neoplasia maligna do estomago, neoplasia maligna do fígado e vias biliares intra-hepáticas, além de neoplasia maligna da cavidade oral e traqueia, brônquio e pulmão.