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“divertida mente”

O desafio das emoções na infância

publicado: 27/06/2024 09h30, última modificação: 27/06/2024 09h30
Psicóloga destaca que comunicação é a chave para orientar crianças e adolescentes a lidarem com seus sentimentos
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Em momentos de raiva ou frustração, a brincadeira pode ajudar a criança a acalmar | Foto: Ortilo Antônio

por Lara Ribeiro*

Ansiedade, tristeza, raiva, angústia, medo… como lidar com tantas emoções diferentes sendo apenas uma criança ou um adolescente? A estreia tão aguardada do filme Divertida Mente  2  ocorreu no último dia 20 e conta a história de uma protagonista tentando conviver com novas emoções numa fase da vida tão temida, a adolescência. De acordo com a psicóloga infantojuvenil Sarah Fernandes, é preciso lembrar que na infância ainda é um desafio identificar e nomear emoções. Por outro lado, na puberdade, vão surgindo sentimentos mais complexos e diferentes.

“O desenvolvimento é muito particular para cada pessoa, dessa forma, precisamos acompanhar o que a criança e o adolescente são capazes de assimilar e lidar em suas realidades individuais”, avalia a psicóloga. Segundo ela, é possível auxiliar os jovens nos seus conflitos, analisando as diferentes vivências que eles passam. “A forma como utilizam a linguagem para se explicarem, como reagem a emoções e como se organizam após uma situação conflituosa são bons indicadores”.

Mudanças de humor repentinas, reações que parecem não se encaixarem nas situações, baixo desempenho escolar e exclusão podem ser indicadores de que crianças e adolescentes estão com dificuldades para lidar com alguma situação, conforme explica Sarah. Nesses casos, estratégias como a respiração diafragmática, meditação e atividades físicas podem ajudar no problema. “A atualidade está cheia de estressores e situações ansiogênicas, é importante observar os sintomas. Em casos que afetam as atividades do dia a dia, é preciso a intervenção de um psicólogo”.

Os pais também têm um papel importante para auxiliar os filhos a lidarem com suas emoções. “A chave está sempre na comunicação. Quando crianças, é possível ajudá-las a nomear suas emoções, saber identificar reações de seu corpo ou até observar expressões faciais como indicadores para reconhecer emoções em outras pessoas”, pontua a psicóloga. Já com adolescentes, é essencial manter um canal aberto para a expressão de forma sincera e sem julgamentos.

Validar os sentimentos dos filhos é essencial

Conversar e apontar outras possibilidades de distração são alguns dos métodos que a social media Ludmylla Ferreira, mãe de José Eduardo de apenas 10 anos, ajuda o filho a lidar com emoções de frustração. “Eu digo que a vida é um jogo e nem sempre a gente ganha, mas o importante é tentar até dar certo. Conversamos muito, exponho que se sentir desapontado é normal, mas o que não pode é parar. Chamo para jogar outra coisa ou dar uma volta na praça. Assim, eu consigo mostrar que sempre existem outras possibilidades e logo esse sentimento passa”, explica.

Segundo Ludmylla, antes de saber regular a raiva, José descontava quebrando algum brinquedo ou objeto. “Expliquei que isso não era a coisa mais certa a se fazer, ele poderia descontar a raiva num travesseiro, respirar fundo. Quando está ansioso, também peço para relaxar, dou água, coloco uma música que a gente goste, tento dispersar o pensamento dele”. Em casos de sentimentos como tristeza ou medo, ela afirma se manter por perto e trazer distrações para ele entender que pode contar com a mãe e que está tudo bem.

Para a social media, é de extrema importância validar as emoções da criança, que são muito mais sensíveis do que os adultos. “Isso demonstra que nos importamos com eles e com nós mesmos. É essencial cuidar da semente que plantamos no mundo, validando e percebendo como está se desenvolvendo para dar bons frutos e crescer saudável”, declarou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de junho de 2024.