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Paraibano é um dos cientista de maior influência acadêmica

publicado: 07/10/2025 08h56, última modificação: 07/10/2025 08h56
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Professor Rômulo Alves, do Centro de Ciências Biológicas Aplicadas, Campus V da UEPB | Foto: Rômulo Alves/Arquivo pessoal

por Emerson da Cunha*

Entre cerca de 11 milhões de pesquisadores de todo o mundo, o professor paraibano Rômulo Alves, do Centro de Ciências Biológicas e Ciências Aplicadas do Campus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), constou, pela oitava vez, entre os cientistas de maior influência acadêmica no mundo. O ranqueamento é realizado pelo professor John P. A. Ioannidis, da Universidade de Stanford (EUA), e analisa a base de dados da plataforma Scopus referentes às citações que cada autor recebe pelos seus artigos. Apenas os 2% mais bem ranqueados são considerados cientistas influentes.

“Isso, para nós que fazemos pesquisa, atesta que estamos produzindo, que as pesquisas estão dando frutos e que esses frutos têm sido valorizados e reconhecidos pela comunidade científica. Esse ranqueamento considera cientistas de todo o mundo”, conta Alves, que explica como funciona a plataforma. “Você publica um artigo científico na revista, automaticamente, com um tempo, um mês, esse paper é indexado na base de dados. Todos os cientistas do mundo têm acesso, e aqueles que geram mais repercussão são os mais citados. É basicamente a influência na academia baseada nas citações que as nossas pesquisas recebem. É uma influência diferente, não é influência de rede social”, brinca o pesquisador.

Ao longo de seus 25 anos de carreira acadêmica, Alves já formou como orientador 23 doutores, 49 mestres e 80 graduandos. São pesquisadores que passam pelos seus ensinamentos e muitas vezes vão constituir campos de pesquisa em outros locais. Ele salienta o processo formativo que as próprias publicações desempenham. “A gente fica feliz porque não é um trabalho só meu. Quando você pensa em um artigo científico, ele sempre tem a formação de outro pesquisador por trás. Geralmente, os artigos são fruto de dissertações de mestrado, teses de doutorado e também de graduação”.

“Etnologia” é o nome da área em que Rômulo atua. Trata-se de um campo que estuda as interações entre pessoas e animais. Os estudos e pesquisas nessa área têm importância, por exemplo, na conservação da biodiversidade, em especial a da fauna, porque, ao se procurar estabelecer estratégias de conservação de espécies ou a exploração sustentável dos recursos, é preciso entender de que forma essas interações acontecem. Em um momento em que a humanidade tem discutido a relação com as demais espécies, trata-se de um dado importante.

“Por exemplo, a gente trabalha com animais como cavalos-marinhos, que são animais ameaçados. Trabalhei com animais extremamente explorados, como o caranguejo-uçá, que a gente usa como recurso alimentar. O trabalho tem, de certa forma, uma repercussão importante, tanto na perspectiva de conservação da biodiversidade como também no estabelecimento de políticas públicas associadas àquelas pessoas que utilizam os recursos da fauna, que utilizam os animais de alguma forma”, salienta.

Força da universidade pública

Quando perguntado sobre o que o ranqueamento diz da produção científica brasileira, ele reconhece o impacto científico mundial que as pesquisas realizadas, especialmente nas universidades públicas, têm tido. “Falo da UEPB, mas também de todas as universidades públicas federais e estaduais do Brasil. Porque na verdade não só sou eu, somos representantes aqui na Paraíba, mas tem outras pessoas também no Brasil que são citados, médicos, farmacêuticos, biólogos de diferentes áreas e que acabam tendo influência nos seus respectivos campos de atuação”.

Expectativas

Segundo Rômulo, a seleção implica na responsabilidade de continuar produzindo os resultados das pesquisas com a mesma qualidade que tem publicado ao longo do tempo “para o estabelecimento de políticas públicas para a sociedade de um modo geral e, mais importante e tão importante quanto isso, continuar formando pessoas que vão multiplicar essa possibilidade de produção científica em diferentes partes do Brasil”, finaliza.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de Outubro de 2025.